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A Universidade Espaço Privilegiado

Por:   •  3/7/2021  •  Trabalho acadêmico  •  8.571 Palavras (35 Páginas)  •  129 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

ESEFFEGO-LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Profº Dr. Paulo Roberto Veloso Ventura

1. A Universidade como lócus da Produção do Conhecimento Científico

O estudante universitário inicia e continua seus estudos sem entender, muitas vezes, porque o faz. É diplomado como bacharel ou licenciado. Chamam-no, às vezes, de doutor, assume direitos e obrigações que a prática, o diploma, a tradição e as categorias profissionais determinaram. Isso é feito de tal forma que o campo de atuação de cada profissional já está “loteado” pelas diversas categorias. Há muitas formas de leitura, de interpretação e de transformação da realidade, ou seja, diversas maneiras de relacionar-se e de prestar serviços: é o campo profissional. Afinal, o que significa seguir um curso de ciências exatas ou humanas, um curso artístico ou técnico? (CORDEIRO: 2001, p.30)

O Ensino Superior tem sua origem na antiguidade clássica, na Grécia e em Alexandria. Durante o Império Romano, quando de sua divisão, Constantinopla que foi tomada pelos bárbaros faz opção pelos saberes ligados às manifestações utilitárias (agrimensura, arquitetura, medicina, direito) enquanto Roma, sob influência da igreja busca manter os conhecimentos culturais, adaptando-os aos fins espirituais.

Na Europa, as primeiras universidades surgem no século XII, ampliando-se pelos países cristãos com certa rapidez. Têm-se como favorável ao surgimento das universidades, a condição social e a cultural; enquanto isto, os interesses sobre as universidades são atribuídos à igreja e ao estado. Este parto advindo da articulação entre o social e o intelectual, propicia o “renascimento urbano do século XII”, que projetou o processo histórico na Europa, cujas transformações chegam a ser consideradas revolucionárias.

Já no século XVI, movimentos como a “Renascença”, a “Reforma” e “Contra-Reforma”, Iluminismo, dentre outros, dão o início à “Idade Moderna”, marcada pela crescente rebelião burguesa contra o domínio medieval, provocando duas alterações: a 1ª caracterizada por um rápido desenvolvimento do comportamento individualista e, na 2ª, o desenvolvimento da Ciência Moderna, necessidade para ancorar a Dupla Revolução.[1]

É bem perceptível nestes momentos históricos que o conhecimento humano se diversifica e as instituições responsáveis por transmiti-lo se fragmentam, levando a relação da universidade com a realidade tornar-se inconsistente, pelo fato de que a universidade não acompanhou as exigências que lhe foram apontadas. Com isso, ela se recolhe, corporativa o conhecimento acumulado e impede que a ele sejam acrescidos novos saberes, passando a se caracterizar pelo dogmatismo, mantendo suas teses incontestáveis sob o jugo do autoritarismo.

No século XVIII o conhecimento enciclopedista ganha a companhia dos iluministas, movimento que contestou o saber medieval. No século XIX, com a industrialização, a Universidade Medieval fica substituída pela Universidade Napoleônica (França) que traz consigo um caráter profissional, profissionalizante, positivista, pragmático e utilitarista do iluminismo em detrimento do sentido unitário da alta cultura.

Com a instalação do processo de industrialização, uma das conseqüências foi o surgimento da pesquisa científica, tirando a universidade do imobilismo intelectual e colocando-a no caminho de recuperar seu status de lócus do pensamento humano, centrando em si mesma, a pesquisa. O marco se dá em 1810 com o surgimento da universidade moderna e a criação da Universidade de Berlim, por meio de Humboldt, creditando à Alemanha essa propriedade.

No Brasil, o processo de instalação do ensino superior passou por dificuldades a partir da vontade política de nossos primeiros governantes. Portugal mantinha uma clara resistência para este tipo de política em suas colônias, enquanto os próprios brasileiros desta época entendiam não se justificar a criação de universidades, preferindo encaminhar as elites para estudarem na Europa.

Segundo Cordeiro (2001), a reforma universitária de 1968 pôs fim à carreira do professor catedrático e à classe dos pesquisadores, ficando o entendimento de que a partir de então o professor deveria ensinar e pesquisar, a fim de contribuir para a geração de novos conhecimentos e a socialização com a comunidade em que estiver inserido.

Mais recentemente, nos anos oitenta, educadores/estudiosos caracterizavam claramente “a universidade que não queriam”, ou seja, uma universidade tipo escola, onde aconteça apenas ensino e não se incentive a pesquisa. Segundo estes estudiosos, uma universidade sem pesquisa não pode ser chamada de universidade. Por outro lado, esses mesmos educadores entendiam que uma universidade deve conquistar espaços de liberdade que assegurem uma reflexão crítica. Para tanto, a pesquisa será, em consequência, o eixo central desse processo, ou seja, todas as demais ações devem concorrer para proporcionar a investigação crítica e o trabalho criativo, na direção de aumentar o cabedal de conhecimento da humanidade.  

O sistema educacional brasileiro está estruturado atualmente em Ensino Básico (infantil, fundamental e médio) e Ensino Superior; este se constitui por diversos cursos: sequenciais, graduação, pós-graduação e extensão. Conforme a legislação atual, as instituições de ensino superior podem ser estruturadas em universidades, centros universitários, faculdades integradas, faculdades isoladas e cursos normais superiores. As universidades constituem o lócus privilegiado para constituir o processo de pesquisa, até pela constituição de seu corpo docente, com a obrigação de 1/3 de mestres e doutores e de professores com tempo integral.  

A atual LDB faz algumas incursões a respeito de ensino e pesquisa no ensino superior. No entanto, tais questões fogem da realidade brasileira e acabam por desprivilegiar os espaços já excluídos, impossibilitando que a articulação ensino/pesquisa nas diversas graduações de formação profissional possa se dar.

Conforme Rúdio (1980, p.09), numa compreensão mais ampla, pesquisa pode ser conceituada como:

Um conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento. A fim de merecer o qualificativo de “científica”, a pesquisa deve ser feita de modo sistematizado, utilizando para isto método próprio e técnicas específicas e procurando um conhecimento que se refira à realidade empírica. Os resultados, assim obtidos, devem ser apresentados de forma peculiar.

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