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A Criança Como Um Ser

Por:   •  1/4/2017  •  Bibliografia  •  3.603 Palavras (15 Páginas)  •  421 Visualizações

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A Criança como um Ser

O desenvolvimento infantil é um processo complexo, que envolve as diferenças individuais e as específicas de cada período, como mudanças nas características, nos comportamentos, nas possibilidades e nas limitações de cada fase da vida, indistintamente. A singularidade das crianças lhes é conferida por influências de seu ritmo próprio de desenvolvimento e por características pessoais que as diferenciam das demais (WHALEY & WONG, 1999).

O ser humano tem um potencial que é desenvolvido à medida em que existam condições facilitadoras. Graças a um impulso natural para aprendizagem, há uma tendência para a realização desse potencial. Isso pode ser observado, por exemplo, na situação em que a criança aprende a andar. Embora ela caia repetidamente, mesmo se machucando, o impulso para dominar essa atividade faz com que ela continue tentando até que obtenha êxito (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

A criança requer, para a garantia do processo de crescimento e higiene mental, a satisfação de suas necessidades afetivas e emocionais.

Segundo Marcondes (1978), estas necessidades das crianças são:

  • Ser protegida de sofrimento de origem corporal (sede, fome, desconforto, doenças, pelas dores e sensação de mal-estar geral), já que estes fazem sofrer o psíquico da criança;
  • Sentir-se amada e desejada;
  • Viver em ambiente de harmonia entre conviventes  sobretudo os pais;
  • Confiar nos adultos de que depende para o atendimento das necessidades que ainda não pode satisfazer por si mesma, e sentir-se independente no atendimento das que já pode;
  • Ter confiança em si;
  • Ter um ambiente em torno de si tão pouco contraditório quanto possível;
  • Ser atendida em sua curiosidade, inclusive em relação a assuntos sexuais;
  • Ter um ambiente propício ao desenvolvimento das capacidades e vocações físicas, psíquicas e sociais, em grande parte favorecidas pelo brincar e jogar;
  • Ser poupada de emoções súbitas.

Por estar em desenvolvimento, ela é muito vulnerável em todos os aspectos: físico, intelectual, emocional e espiritual. Assim, se houver algum obstáculo, intrínseco ou extrínseco a ela, que prejudique o seu desenvolvimento, a continuidade desse processo poderá ser comprometida, temporária ou permanentemente. A criança aprende e constrói sua identidade através das relações que estabelece com as pessoas à sua volta. No início de sua vida, estabelece uma relação significativa com um adulto, geralmente a mãe. Depois vai, progressivamente, expandindo suas relações no interior da família e desta para a comunidade (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

Particularmente na infância, o processo de desenvolvimento pessoal é muito intenso. Partindo de acentuada dependência por ocasião do nascimento, a criança vai incorporando habilidades que lhe permitem alcançar a autonomia esperada ao final do período infantil. Esse processo resulta da combinação entre a maturação orgânica e um esforço intencional da criança para satisfazer as próprias necessidades através de suas experiências. De acordo com sua capacidade, a criança explora o ambiente e vai aprendendo sobre si mesma e o mundo. Tal aprendizagem decorre das interações significativas com as pessoas e os objetos (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

A criança tem sua maneira de pensar, sentir e reagir. É capaz de fazer escolhas, tomar decisões, encontrar soluções para muitos de seus problemas e assumir responsabilidades. Tem direito a conhecer a verdade, a ter privacidade e a ser compreendida nos seus desejos e preferências. Enfim, a criança deve ser respeitada e tratada como pessoa (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

A criança é um ser essencialmente ativo, sempre altera, sempre em movimento. Gasta muito mais calorias que o adulto (em proporção aos respectivos pesos). Uma criança excessivamente calma e bem comportada, ou pouco exuberante, deve preocupar, é geralmente um sinal de um organismo que periga (JACQUIN, 1957).

Pela especificidade de ser criança, necessita de condições favoráveis ao seu crescimento e desenvolvimento, tais como a convivência familiar e comunitária, a nutrição, a saúde, a proteção, o respeito, a educação e o brincar. Estas condições devem ser asseguradas pela família e pela sociedade em geral (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

A criança tem necessidade de exercitar os músculos, reforçar a estrutura óssea, desenvolver os pulmões, enriquecer o sangue, harmonizar as conexões nervosas (atividades estas que se apresentam em déficit na ocorrência da hospitalização). O exercício é para ela tão indispensável quanto à alimentação. O movimento não é só necessário ao desenvolvimento da criança, como lhe serve também de válvula de escape para o excesso de tônus nervoso, acumulado durante a imobilidade (JACQUIN, 1957).

Caracterizada por estas peculiaridades, a criança é um ser humano completo que possui corpo, mente, sentimento, espiritualidade e, portanto, um valor próprio. A singularidade de cada criança é conhecida por sua herança genética bem como por sua inserção no tempo e no espaço. Desse modo, ainda que tenhamos duas pessoas gêmeas idênticas (dotadas de igual carga genética), elas se diferenciarão devido à interação com o meio ambiente no seu processo de desenvolvimento (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

Segundo Jacquin (1957) o que em primeiro lugar impressiona na criança, o que domina toda a sua psicologia desde o nascimento até a maturidade é, não há dúvida, a enorme capacidade de adaptação de seu ser:

  •  Adaptação física de um corpo em pleno desenvolvimento: o crescimento é apenas a maturação dos órgãos que se tornam sempre mais aptos para a função. O exemplo da longa evolução do sistema nervoso, indeterminado ainda por ocasião do nascimento, até o seu acabamento eficaz na puberdade, é impressionante. A evolução do tubo digestivo que se transforma e se adapta em alguns anos de leite materno à introdução de alimentos, é não menos surpreendente e se faz no mesmo período de tempo;
  • Adaptação mental de um espírito, a princípio totalmente isolado num mundo desconhecido, que descobre pouco a pouco o meio ambiente, utilizando sempre melhor o que lhe propõem os sentidos que se apuram, e que recompõem mais tarde esse mesmo ambiente em edifícios intelectuais, orientados em grande parte para a adaptação ao mundo exterior. A lenta evolução dos meios de conhecimento do indivíduo só se destina, de fato, a permitir-lhe que se conduza sem choques e perigos através da vida;
  • Adaptação social de uma personalidade que se procura e se afirma por ímpetos, opondo-se mais ou menos violentamente ao meio ambiente e que só conquistará a autoridade do homem à custa dessas lutas, adaptação considerável de um ser que, no início, é inteiramente dependente e passivo e que se torna, no meio de um mundo social que se amplia, pouco a pouco, do berço ao quadro humano adulto, um maquinismo ativo e livre na sociedade, onde deverá viver e produzir.

Há algo maravilhoso e infinitamente respeitável neste impulso vital, nessa propensão para o progresso, nesse enorme poder e perfectibilidade que é a marca preciosa da infância e da juventude: é velho aquele que não se adapta mais. Decorre daí para o adulto, um grande dever de confiança e respeito, por essa personalidade que está se formando para, mais tarde, servir a Deus e a seus irmãos. Respeito por essa força orientada para o bem e para o melhor! Aí do adulto “blasé” que sufoca esse impulso! E é essa a terrível responsabilidade que pesa atualmente sobre o meio ambiente de muitas crianças, no qual não se sabe entreter a chama da generosidade e do ardor (JACQUIN, 1957).

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