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A ciência é uma forma de conhecimento, não é?

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Por:   •  5/10/2014  •  Tese  •  1.369 Palavras (6 Páginas)  •  352 Visualizações

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A ciência é uma forma de conhecimento, não é? Mas será que sempre foi? É a única forma de conhecimento? Não, existem algumas formas de conhecer além da ciência. O homem sempre buscou expressar o conhecimento dos fenômenos da natureza e de si mesmo utilizando-se de outros tipos de linguagem que não a científica.

2.1. O mito

O mito é uma narrativa, uma fala, que contém em si diversas ideias. É uma mensagem cifrada, que não é entendida facilmente por quem não está dentro da cultura de que o mito faz parte.

O mito não é objetivo, assim como não se situa no tempo, fala das origens, sem, no entanto, referir-se ao contexto histórico. Trata de tempos fabulosos.

Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente.

O mito de São Jorge, por exemplo, tão fortemente presente na cultura popular brasileira, pode ser entendido como a representação de um desejo coletivo da presença do guerreiro, do vencedor de demandas e dificuldades. No imaginário popular do Rio de Janeiro mistura-se o santo católico com a divindade africana Ogum, o guerreiro e lutador imbatível.

O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento, muitas vezes sobre a origem do mundo, algumas sobre processos de cura, outras sobre interpretações de fenômenos da natureza e, ainda, sobre a sociedade e a relação entre os homens, através de histórias mitológicas. Quem não ouviu falar do mito do cupido, que fala do enamoramento?

2.2. Conhecimento religioso

Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da separação entre a esfera do sagrado e do profano. As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa sobrenatural para o mundo, porém, para aderir a uma religião, é condição fundamental crer ou ter fé nessa narrativa. Além disso, é uma parte essencial da crença religiosa a fé no fato de que essa narrativa sobrenatural pode proporcionar ao homem uma garantia de salvação, bem como prescrever maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações.

2.3. Conhecimento filosófico

De modo geral, o conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do conhecimento. A filósofa Lizie Cristine da Cunha (2008) definiu o saber filosófico como aquele que trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no universo. Segundo a autora, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. Por isso, é, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas questões formuladas pela mente, ela é traduzida em ideologia. E como tal influi diretamente na vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.

2.4. Senso comum

Retomando a ideia de que as coisas por si só não têm sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, tratemos agora do senso comum, que é algum sentido dado coletivamente às coisas vividas. Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras diversas coisas, situações e relações entre fatos, coisas e situações. Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem vivido, isto é, sistemas de conhecimento.

Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes, conceitos errôneos são formulados e adotados por coletividades. O pensador escocês David Hume (1711-1776), propôs um cuidado especial ao se tratar da causalidade, isto é, das relações de causa e efeito entre os eventos vivenciados. Adverte ele que o fato de um evento acontecer depois do outro não significa necessariamente que haja relação de causa e efeito entre eles.

É o caso daquele cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, não fuma em ambientes em que haja outras pessoas, como um ônibus. Ele costuma esperar seu ônibus sem acender um cigarro, pois logo o ônibus chegará, deixando, assim, o prazer de fumar para depois da viagem. Se o ônibus, porém, demora a chegar, a falta de nicotina em seu organismo o deixará em estado de ansiedade que o levará a acender um cigarro. Como já se terá passado algum tempo de espera, o ônibus provavelmente já estará próximo e, assim, nosso amigo será surpreendido antes de acabar o cigarro. Como em sua experiência diária, pouco depois de acender o cigarro, é surpreendido com a aparição do ônibus, poderia supor que o fato de acender o cigarro causa a chegada do ônibus. O fenômeno observado por várias pessoas poderia estabelecer uma crença comum na causalidade entre o ato de acender o cigarro e o ônibus chegar. Aí está um caso de armadilha que o senso comum pode conter.

Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que a humanidade estabelecesse mais uma diferença fundamental entre formas de pensamento humano, entre o senso comum e a ciência.

2.5. Ciência

A ciência é uma forma de conhecimento, ou seja, é um tipo de sistematização de discursos (logos). Não é só o modo como são organizados os discursos, mas o próprio discurso científico é que tem características próprias. Ele se refere a algo bastante especificado. Não se faz ciência sobre a vida em geral ou o mundo em geral. Faz-se ciência quando se delimita aquilo que se quer estudar, o objeto de que se quer tratar. O objeto não é apenas delimitado, é construído, pois trata-se de algo

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