Numa companhia onde os números são grandiosos, mas uma meta se impõe.
A Estrada de Ferro de Carajás (EFC) terá capacidade de movimentar 230 milhões de toneladas em 2011 entre o Pará e o Maranhão. A Companhia Vale do Rio Doce (Vale) investiu US$ 400 milhões na ampliação de 56 pátios de cruzamentos, ao longo dos 892 quilômetros de linha, para dar suporte a um de seus braços de logística.
A Gazeta Mercantil acompanhou de perto esta gigantesca operação. Pôde assistir descarregamento do maior trem do mundo, cuja grandiosidade a visão não alcança. São 330 vagões, que movimentam 33 mil toneladas de minério - cada vagão tem capacidade equivalente a de uma carreta. Uma operação de fôlego, que abastecerá clientes da Vale em algum ponto do mundo.
O coordenador executivo de implantação de projetos na logística, Sérgio Aranha, afirma que a ampliação dos pátios foi necessária para o operação do maior trem do mundo. "Esta composição começou a operar em meados de abril e precisamos adaptar toda a malha", afirmou Aranha à Gazeta Mercantil.
São, em média, nove trens por dia circulando carregados no sentido Carajás/São Luís e nove trens por dia, circulando vazios, nos sentido contrário., nova operação ininterrupta. "Isso tudo faz parte do projeto que chamamos de 230. É tudo integrado. Temos que preparar a ferrovia e o porto para esse aumento na produção de minério", afirmou Aranha.
A previsão para este ano é transportar pela EFC 100 milhões de toneladas. Segundo dados da companhia, no primeiro trimestre foram movimentadas 24,56 milhões de toneladas pelos trilhos da ferrovia.
"O 56 pátios serão ampliados em 1,5 quilômetro. As obras estão sendo realizadas desde o final de 2006 para dar condição de operação ao maior trem do mundo, que mede 3,5 quilômetros", ressaltou o coordenador.
Ao todo são 60 quilômetros de ampliação, que segundo Aranha, já faz parte do projeto de duplicação da malha da Estrada de Ferro Carajás. "Estamos todos sincronizados, a mina, a ferrovia e o porto".
Além das obras de expansão dos pátios de estacionamento, as oficinas de locomotivas e vagões estão sendo ampliadas. "Isso porque toda vez que um trem chega para descarregar ele passa por uma inspeção. Por isso, a necessidade de uma expansão".
Ao todo, a unidade da Vale em São Luís opera quatro oficinas, uma de locomotivas, vagões, freios e rodas. Na oficina de locomotivas será criada mais duas linhas de manutenção, totalizando cinco linhas. "Ao todo poderemos recuperar três máquinas por linha", explicou Aranha. A unidade de rodas ampliará a produtividade. Em operação 24 horas por dia, a instalação de mais um torno permitirá que passe a retificar até 200 rodeiros por dia. Atualmente, a média é a revisão de 140 rodas de trem diariamente.
Nas linhas de fluxo rápido, onde o vagão permanece por curto período de tempo (uma, duas horas), a ampliação permitirá, em um primeiro momento, otimizar turnos de trabalho - encerrando o noturno. A revisão chegará a 48 vagões/dia, oito a mais que a atual. "As obras nas unidades de manutenção de freios são a última etapa desse processo. A ampliação permitirá acompanhar as mudanças nas demais unidades", ressaltou Aranha.
Da mina ao navio
Descoberta em 1967, a Província Mineral de Carajás possui reservas de aproximadamente 16 bilhões de toneladas de minério de ferro de alto teor. Essa qualidade permite que uma parcela expressiva dos produtos seja gerada apenas por etapas de britagem e classificação.
Carajás tem uma capacidade de produção de 100 milhões de toneladas por ano (Mta). Para permitir a adequação do minério, a usina de beneficiamento possui equipamentos que realizam operações de moagem, peneiramento a úmido e classificação do minério.
As etapas são: britagem primária, britagem e peneiramento secundário, britagem e peneiramento terciário, moagem, ciclonagem e filtragem de pellet feed. O objetivo da usina de beneficiamento é obter três produtos de granulometrias distintas: pellet-feed, sinter-feed e granulado.
Ao chegar ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, o minério, que veio pela ferrovia da mina de Carajas, é desembarcado por um equipamento que se chama virador de vagões e passa para um sistema de esteira para depois ser estocado em pátios em forma de pirâmides.
Até o navio, o minério é levado por um sistema de esteiras. Ao todo são 75 quilômetros de correia transportadora do desembarque do vagão ao porto e mais 30 quilômetros da usina de pelotização até o terminal marítimo, numa engrenagem, aos olhos de um leigo, complexa e instigante.
As operações de lavra, beneficiamento, estocagem, transporte ferroviário, descarga, empilhamento e embarque realizados no Sistema Norte são monitoradas nas salas de controle que ficam em Carajás e em São Luís. "São centros dotados de equipamentos modernos de alta tecnologia, que garantem mais produtividade e segurança para a Vale", disse Aranha. |