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A CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO NO FINAL DO SECULO XIX A 1930

Por:   •  15/2/2016  •  Seminário  •  2.331 Palavras (10 Páginas)  •  365 Visualizações

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BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DISCIPLINA: EAD 360 – SEMINÁRIO TEMÁTICO

ESTADO E SOCIEDADE NO BRASIL

PROFESSOR: ANTONIO MARCELO JACKSON F. DA SILVA

A CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO NO FINAL DO SECULO XIX A 1930

ALUNA: MAYSA HELENA LUCAS GUIMARÃES LOPES

MATRICULA: 13.1.5841

POLO: 228 – SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP

A CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO

NO FINAL DO SECULO XIX A 1930

INTRODUÇÃO

                Esse trabalho tem como finalidade de mostrar como foi construído o papel social das mulheres no final do século XIX e as três primeiras décadas do século XX.  Busca entender um pouco mais sobre o cotidiano, as conquistas, resistências e delimitações das mesmas nesse período, desde o espaço privado restrito ao lar e a família à inserção das mulheres no espaço público, a emancipação feminina e a busca pelo sufrágio feminino e pelos direitos políticos.

DESENVOLVIMENTO

        No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, vários setores da sociedade buscavam fazer com que o país se transformasse em uma nação mais civilizada, incorporando através de projetos políticos uma eliminação do “atraso” do passado, tornando-se uma nação mais culta e moderna. Essa transformação estava sendo iniciada principalmente através das áreas ligadas a saúde, através dos profissionais médicos, onde havia uma preocupação com as práticas populares, buscando uma nova conduta da sociedade, para que se alcançasse uma saúde física e psíquica que garantisse que os filhos fossem mais saudáveis. Essa moralização que se buscava na sociedade brasileira durante esse período incluía ainda que os trabalhadores fossem mais dóceis e submissos, mas que também fossem mais produtivos. Para que esses objetivos pudessem ser alcançados havia a necessidade de se fazer uma nova redefinição das famílias, onde a mulher teria sua intimidade mais voltada ao lar, à educação dos filhos, aos afazeres domésticos, aos projetos assistencialistas e relacionados ao ensino. Para entendermos melhor essa visão precisamos voltar um pouco no tempo, e ver como eram as mulheres do inicio do século XIX.

As mulheres vindas do inicio do século XIX ainda eram muito submissas aos homens e as regras que a sociedade machista impunha. Sua atuação se concentrava nos espaços públicos apenas nas áreas consideradas próprias de seu sexo e da condição feminina, suas tarefas se restringiam as do lar, onde era seu espaço privado, onde as mesmas eram consideradas um “adendo” do homem, ao mesmo devendo obediência, na condição de pai ou marido, devia manter sempre uma vida regrada, onde a discrição e o recato eram normas a serem seguidas por todas.   As mulheres não eram atribuídos direitos, os quais eram negligenciados. As atividades por elas desenvolvidas como parteira, costureira, professoras não tinham sua importância reconhecida. Aos homens elas eram subordinadas, cabendo sempre a eles às decisões no caso de divergências.

Apesar de viverem nesta sociedade patriarcal, onde eram atuantes apenas nas profissões ditas “femininas”, e se destacavam nas causas assistenciais e filantrópicas, algumas mulheres conseguiam se sobressair em funções que na época eram ditas “masculinas”, como negociantes, capitalistas, fazendeiras, mesmo que em sua maioria isso ocorresse por motivo de viuvez ou recebimento de heranças, mas mesmo assim essas mulheres não tinham entendimento de seu real papel dentro da sociedade, e acabavam sempre subordinadas ao sistema patriarcal existente na época. Ocorria muitas vezes da mulher se destacar em alguma profissão que não pertencesse exclusivamente a sua condição feminina, mas ao atuarem na criação e educação de suas filhas, agiam de maneira completamente inversa ao seu próprio cotidiano, criando-as para continuar atuando de acordo com o modelo patriarcal.

Chega-se então a conclusão, que a condição das mulheres no Brasil do século XIX, quando da busca de uma maior participação feminina fora do seu espaço privado, voltado ao lar, fundamentado na maternidade, era uma imagem feminina vinculada ao aparelho reprodutivo, a qual tornava a mulher imprevisível, intitulada como “sexo frágil”, de onde vinha sua delicadeza e debilidade moral. Essa tese de inferioridade feminina tem ainda suas raízes na filosofia iluminista. Conforme Rachel Soihet (1997):

Constituem-se as mulheres, de acordo com a maioria dos filósofos iluministas, no ser da paixão, da imaginação, não do conceito. Não seriam capazes de invenção e, mesmo quando passíveis de ter acesso à literatura e a determinadas ciências, estariam excluídas da genialidade. A beleza atributo desse sexo era incompatível com as faculdades nobres, figurando o elogio do caráter de uma mulher como a prova de sua fealdade (Soihet, 1997, p.9).

        Os iluministas não viam a razão como um atributo feminino e, portanto se não houvesse certo controle sobre o comportamento das mulheres as mesmas poderiam beirar a loucura.  De acordo com (Costa, 1919), o oposto da “mãe” é a mulher histérica.

        A essa mulher dotada de inferioridade, sem o atributo da razão, cabia cumprir seus deveres considerados naturais, como a fidelidade e obediência ao marido, o amor materno no cuidado dos filhos. As que se afastavam desse modelo de mãe amorosa, esposa dedicada, e que não tinham sua sexualidade voltada ao instinto maternal, eram consideradas degeneradas, prostitutas.

                De acordo ainda com Jurandir Freire Costa:

Do ponto de vista dos higienistas, a independência da mulher não podia extravasar as fronteiras da casa e do consumo de bens e ideias que reforçassem a imagem da mulher-mãe. Por isso, sua presença nas catedrais da ciência era intolerável. A mulher intelectual dava mau exemplo às outras mulheres (Costa, 1979, p.260).

        

        Quanto á educação os homens podiam vislumbrar o ensino superior, enquanto para as mulheres o reservado eram as escolas normais, destinando-as a profissionalização e preparando-as para o mundo doméstico. (Soihet, 1997).

        Mas, no entanto a educação foi aos poucos se tornando fundamental para o universo feminino na abertura do caminho para sua libertação, do papel que até então lhe era imposto, e para sua posterior evolução profissional. As primeiras mestras no Brasil haviam surgido com o avanço dos movimentos feministas em outros países, quando foi criada Lei em 15 de outubro de 1827, concedendo as mulheres o direito de assistir e de ministrar aulas. Através da abertura das portas da educação no século XIX foi despertando nas mulheres o desejo de sair daquele espaço privado ao qual eram confinadas, com suas tarefas rotineiras e sua submissão aos homens, dando inicio a luta pela conquista de seus direitos políticos, até então relegados ao segundo plano, buscando autonomia, fugindo da opressão, lutando pelo reconhecimento e aceitação no mercado de trabalho, mas podendo conviver com as atividades domésticas. Na busca por uma inserção na sociedade além dos limites do lar e do controle exercido pelo sistema patriarcal a educação acabou sendo a chave para a primeira porta de saída das mulheres do seu reduto.

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