Bacharelado Em Administração
Trabalho Universitário: Bacharelado Em Administração. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: TataRG • 1/12/2013 • 1.502 Palavras (7 Páginas) • 307 Visualizações
1. FICHAMENTO
Prefácio
Para garantir um rosto humano à globalização partimos do pressuposto de que estamos dentro de uma situação de crise, mas não de tragédia, ela implica transição e passagem e por isso envolve riscos e oportunidades. Há oportunidades reais para construir um futuro promissor para todos e há também o risco de cada povo veja só a si mesmo e se auto-afirme contra os outros. Toda transição possui uma dimensão de continuidade e outra de novidade.
Cresce a consciência de que ciência, tecnologia, economia, finanças e mercado, não são suficientes para a mudança desejada. Nosso empenho teórico e prático consiste em resgatar a ética e a espiritualidade. Para isso existem quatro virtudes essenciais: a hospitalidade, a convivência, a tolerância e a comensalidade. Elas constituem o mundo das excelências e dos valores, sua função é nos desinstalar e fazer andar. O desafio consiste em encontrar, sob a inspiração destas virtudes, as mediações históricas e as melhores condições sociais.
O Mito da Hospitalidade
Explicação do Mito da Hospitalidade
Para que ocorra uma globalização bem-sucedida faz-se necessária a presença dessas virtudes para a construção de um novo paradigma. Mas elas sozinhas não são suficientes. Demandam mediações de natureza tecnológica e político-social. A primeira delas é a hospitalidade fundamental, abordada sob um dos mitos mais belos da tradição grega, o mito de Báucis e Filêmon.
Experiências primordiais e mito
Mito em grego significa narrativa e enredo. Os seres humanos passam por experiências fundamentais que determinam a estrutura e o sentido da vida. Então se narram estórias; elas conservam o registro dessas experiências seminais.
Mircea Eliade, grande estudioso dos mitos, diz que eles fundamentalmente cumprem três funções: contar - o mito conta aquilo que nos afeta profundamente e representa grande significado para a vida; explicar - somos urgidos a contar estórias de vida que provocam emoções capazes de acenar para explicações; revelar – apresentam sempre uma revelação que causa sentimentos como admiração, veneração e/ou respeito.
Construção da existência humana e mito
O antropólogo Joseph Campbell discerne quatro funções dos mitos: a primeira é a função mística: desperta e mantém no individuo uma sensação de reverência e gratidão para com mistério do universo; a segunda função é fornecer uma cosmologia: uma imagem do universo que esteja de acordo com os conhecimentos das pessoas às quais o mito se dirige; a terceira função é a ética: ele endossa e legitima as normas morais de uma determinada sociedade na qual a pessoa vive. E por fim a quarta é pedagógica: inspira e guia os caminhos da saúde, da força e da harmonia espiritual de uma vida proveitosa.
Hospitalidade, convivência, comensalidade e mito
As virtudes mais importantes para a sociedade humana foram expressas e vividas por Báucis e Filêmon. Primeiro o mito explica onde se exerce a hospitalidade, a convivência e a comensalidade: nas circunstâncias mais adversas e situada na Frigia, longínqua província romana. Em segundo momento, o mito explica quem são os hospedeiros: um casal idoso e pobre vivendo numa choupana com o suficiente para viver em harmonia. Terceiro momento, o mito explica quem são os que pedem hospitalidade: desconhecidos, andarilhos cansados e esfaimados. Em quarto, o mito explica a atitude dos andarilhos, tiveram que suportar a falta de solidariedade e compaixão. Em quinto, o mito explica a atitude de quem oferece hospitalidade. A hospitalidade supõe a superação dos preconceitos e confiança quase ingênua. Em sexto, o mito explica como se processa concretamente a hospitalidade, a convivência e a comensalidade. Fica claro que a hospitalidade está relacionada com o mínimo cuidado ao ser humano: ser acolhido sem reservas, poder abrigar-se, comer, beber e descansar.
As dimensões da hospitalidade
A acolhida por parte de Báucis e Filêmon representou garantia de vida para os andarilhos. Realiza-se, então, a hospitalidade envolvendo muitas dimensões, como sensibilidade, acolhida, convite para sentar-se, oferecer água fresca, acender o fogo, lavar os pés, dar de comer e beber, servir abundantemente, compartilhar a comensalidade e oferecer a própria cama. Por fim o mito revela que por trás dos andarilhos pobres, cansados e famintos se escondia Deus, que mostrou o seu poder não aterrador, mas benfazejo. Transformou a realidade. A choupana virou templo luzidio, os bons hospedeiros viraram sacerdotes até morrerem juntos e transformarem-se em árvores cujas copas se entrelaçaram numa carícia sem fim.
A Hospitalidade na Sociedade Moderna
O mito fundamental nos fornece o ideal da hospitalidade incondicional e sem reservas. Hoje, porém, há limitações de toda ordem, especialmente o fato de vivermos em sociedades industriais complexas e impessoais, tão diferentes daquelas do passado. A idéia da hospitalidade incondicional deve inspirar a hospitalidade condicional, organizada pela sociedade e pelas políticas do Estado.
Hospitalidade Incondicional e Condicional
O mito de Báucis e Filêmon mantém articuladas as duas formas de hospitalidade, a incondicional, acolhendo sem reservas os dois peregrinos pobres; e a condicional, atendendo suas necessidades de abrigo, comida e repouso.
Hospitalidade no limite dos Estados-Nações
São sociedades inteiras e muitos Estados que são desafiados a mostrarem sentimentos humanitários mínimos e acolherem as multidões. O problema mundial transcende o poder Estado - nações e demanda uma solução pensada e levada a efeito a partir de uma instância de governança global da humanidade. Mas elas ainda não foram constituídas, por mais urgente que ela se apresente. Há forças interessadas a abortá-la, pois não querem renunciar ao poder que mantém na economia globalizada.
2.
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