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CENTRO UNIVERSITARIO JORGE AMADO

Por:   •  17/5/2022  •  Resenha  •  1.501 Palavras (7 Páginas)  •  99 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITARIO JORGE AMADO

Hilma Lúcia Oliveira Santos

Salvador

2020

CENTRO UNIVERSITARIO JORGE AMADO

Hilma Lúcia Oliveira Santos

Trabalho apresentado como avaliação de Processos Psicossociais em Saúde  ministrado pelo professora, Paula Sanders no curso de psicologia do centro universitário Jorge Amado.

Salvador

2020

Como em pos grupos humanos tendem a criar modelos para explicar o surgimento da doença, a morte ou a cura. Tais modelos são fortemente influenciados pelos padrões culturais vigentes, que podem variar em uma mesma sociedade ao longo do tempo. De uma maneira geral, e levando em consideração os fatores históricos, distinguem-se, pelo menos, três modelos (Steudler, 1972, p. 31-35):

a) o modelo mágico-religioso, que considera a enfermidade como resultado da ação de espíritos malignos. Neste modelo, o tratamento está a cargo de um sacerdote ou de um feiticeiro (xamã), os quais, pela mobilização de espíritos benignos tentarão combater a doença;

b) o modelo empírico, introduzido na história do Ocidente pela medicina grega ou hipocrática. Usamos o termo de acordo com sua etimologia grega ("experiência"). Trata-se principalmente da experiência proporcionada pela observação direta, através dos órgãos dos sentidos, mas também da vivência pessoal (Mora, 1985, p. 230). O empirismo se diferenciava, pois, da especulação filosófica da época que colocava as idéias num plano superior à realidade objetiva. E se opunha também às explicações religiosas ou míticas do fenômeno saúde-enfermidade. Exemplifica-o o texto atribuído a Hipócrates de Cós (460? - 377? a.C.) e conhecido como "A doença sagrada". O termo se referia à epilepsia que, na antigüidade greco-romana era considerada uma manifestação de possessão pelos deuses - daí o termo (em latim: morbus sacer). Hipócrates, porém, pensa diferente: "Não acredito que a doença sagrada seja mais sagrada do que qualquer outra doença; creio, pelo contrário, que tem características específicas e uma causa definida(...) Se características impressionantes em uma doença fossem evidência da interferência dos deuses, haveria muitas outras doenças sagradas. As febres terçã e quartã exemplificam outras doenças não menos notáveis, e no entanto, ninguém as considera como sendo causadas pelos deuses." (King, 1971, p. 54). Esta visão separa a medicina da magia e da religião, mas não é ainda ciência no sentido que hoje se confere ao termo, e que remete à chamada revolução científica do século dezessete, quando ficou evidente a diferença entre experiência e experimento, este último termo designado a previamente planejada e metódica observação de um fenômeno (Williams, 1983, p. 278). Além disto, a profissão médica não estava ainda codificada ou estruturada; o médico era uma espécie de artesão, treinado mediante o relacionamento direto mestre-discípulo. O modelo hipocrático predominará na antigüidade greco-romana e continuará a influenciar a prática médica durante a Idade Média;

c) o modelo científico, introduzido pela modernidade, e que é uma conseqüência da mencionada revolução científica e tecnológica ocorrida no Ocidente, e que se expressará, por exemplo, na chamada revolução pasteuriana e na medicina experimental de Claude Bernard. A partir do século dezenove o componente social deste modelo passará a ser cada vez mais valorizado, na medida em se faz necessário levar a todos os grupos populacionais os benefícios da ciência médica.

Estes três modelos não se sucedem, de forma automática, no tempo. Podem coexistir, de forma "telescopada", dentro de uma mesma sociedade: enquanto algumas pessoas ou grupos recorrem à medicina chamada científica, outros procurarão o curandeiro ou métodos empíricos de diagnóstico e tratamento. De novo: o exercício de cada uma dessas práticas será condicionada pela cultura. Para os fins deste trabalho, usaremos o clássico conceito de E.B.Tylor ( cit. em Helman, 1994, p. 22): "O conjunto de conhecimentos, crenças, artes, moral, leis e costumes e toda e qualquer habilidade ou hábito adquiridos pelo ser humano como membro de uma sociedade." Textos mais recentes enfatizam o aspecto semiótico da cultura, que funcionaria como uma "teia de significados" (Geertz, 1973, p. 5). A prática cultural teria assim o significado de uma mensagem identificadora.

Em termos de saúde e de doença, a cultura manifesta-se sob a forma de crenças e práticas referentes ao corpo (aparência externa, estrutura interna, funções), à dieta e à nutrição, ao gênero e à reprodução, às causas e ao manejo de sintomas e das doenças em geral, à assistência médica (Helman, op. cit., p. 20-21). Helman cita como exemplo as concepções sobre alimentos em várias culturas. De um modo geral estes são classificados como "quentes" e "frios", o que não se refere à temperatura em que são servidos, mas sim a seus efeitos sobre o organismo. Para os porto-riquenhos que vivem em Nova York são "quentes" as bebidas alcoólicas, a pimenta, o chocolate, o alho, a cebola, o feijão, a ervilha entre outros; e "frios", o abacate, a banana e o coco. Já os indianos que vivem no Reino Unido consideram a ervilha, o feijão e a cebola como "frios", incluindo entre os "quentes" a manga verde e o mamão papaia (Helman, op. cit., p. 53-54). No que se refere à doença, as concepções também podem variar, como mostra um estudo realizado em zonas rurais do Paquistão referente ao uso da Terapia de Reidratação Oral (TRO) para a diarréia infantil. A TRO é hoje um procedimento usado universalmente, mas isto não quer dizer que seja aceita unanimemente. O estudo mostrou que algumas mães não consideravam a diarréia uma doença, mas sim como uma conseqüência da dentição ou então como resultado de mau-olhado - o que indicaria a ncessidade de um tratamento por curandeiro tradicional. Outras mães consideravam que a diarréia não deveria ser tratada, sob pena de elevar-se a temperatura da criança. O fato da solução reidratante ter sabor salgado também era encarado com desconfiança: o sal poderia ser prejudicial para a diarréia. (Mull & Mull, 1988, p. 53-67)

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