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Construindo Um Imperio Roma

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Por:   •  15/3/2015  •  2.479 Palavras (10 Páginas)  •  2.923 Visualizações

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Conceito de Filologia(Filologia)

Filologia: Conceito e Métodos

Segundo o professor Matoso Câmara, em qualquer estado complexo de sociedade, o estudo da linguagem surge, primeiramente, com a finalidade de conservar inalterada a linguagem correta das classes superiores, em relação às demais, logo seguida pela necessidade de compreensão de uma língua estrangeira, feita à partir do contraste sistemático entre ela e a local. Em terceira instância, a comparação entre a sua forma atual e as formas do passado, visando o entendimento de traços lingüísticos já obsoletos, agudamente presentes em âmbito literário, unindo a língua à sua intenção comunicativa, decifrando assim sua mensagem artística. E é desta ultima que germinará os estudos filológicos da linguagem, que serão tratados neste trabalho.

A filologia é uma ciência histórica muito antiga - embora alguns tenham-na definido erroneamente como arte por confundir seu instrumento e objeto com sua finalidade - que tem como objetivo o estudo do grau de conhecimento e de civilização de um povo, num dado momento de sua história, por meio de seus monumentos literários. Mas nem sempre o termo foi empregado com um conceito unívoco, tendo muitas divergências no decorrer do tempo.

Embora esse termo tenha sido empregado primeiramente na Grécia antiga, já havia registro de estudo que poderíamos chamar filológicos na Índia, quando Panini sistematizou a língua sânscrita, presente nos sagrados manuscritos hindus, denominados vedas (conhecimento, sabedoria). Essa língua há muito já havia perdido o uso, sendo utilizada somente para fins religiosos, políticos e poéticos. Panini estudou esses textos, observou, analisou e compilou a primeira gramática do Sânscrito, expondo minuciosamente em 4.000 regras o sistema gramatical desta língua.

Foi na Grécia que o termo foi usado pela primeira vez, com sentidos variados em relação às épocas e aos autores que utilizavam. Antes de aparecer como substantivo ou verbo (Filologia e Filologar), é encontrado primeiramente como adjetivo (Filólogo) já em Platão e em Aristóteles. O significado etimológico da palavra é “ o amigo da palavra”, sendo palavra expressão, exteriorização da inteligência, “por isso, o filólogo é aquele que apreende a palavra, a expressão da inteligência, do pensamento alheio e com isso adquire conhecimentos, cultura e aprimoramento cultural”. (Basseto, 2005 p.17). Quando a escrita se tornou mais comum o termo passou a designar àqueles que sabiam ler e escrever, e depois, aqueles que gostam de falar ou aprender, ouvindo. O professor Bruno Basseto em seu livro “Elementos de Filologia Românica” faz um levantamento de textos de consagrados autores clássicos, em que o termo aprece, para deles fundamentar essa variação. Valer-nos-emos de algumas dessas citações que entre autores gregos e romanos foram inventariadas cincoenta e seis ocorrências.

Comecemos por Aristóteles que conservará, nesta passagem o significado de amigo das letras ou que gosta de ouvir ou de falar:

“[...] e os espartanos (homenagearam) a Quílon e o colocaram entre os gerontas, embora fossem bem pouco filólogos [...]”

Platão, por sua vez, ora conceitua o termo como “aquele que fala muito” ou “loquaz” e “aquele de fala pouco” ou “conciso”, ora como “especialistas suficientemente abalizados para opinar sobre o que é ou não verdadeiro”, ou seja, aquele que tem “gosto pelo estudo das palavras”. Vê-se este último caso em:

“Necessariamente – diz – tudo quanto o filósofo e o filólogo aprovam é mais verdadeiro”.

Segundo alguns autores, tais como Silveira Bueno e Jânio Quadros o termo filólogo equivalia à eruditus e grammaticus, sendo que este último na antiguidade não recebia o valor que lhe atribuímos hoje, ou seja, aquele que ensinam as regras comuns da expressão oral ou escrita da língua, pois para essa concepção havia o termo grammatista, que não nunca gozava da mesma importância do grammaticus.

Os estudos filológicos na Grécia eram, sobretudo, voltados para o estudo e conservação da linguagem das classes superiores, em relação às demais, principalmente a dos espartanos. Esses estudos eram feitos à partir dos modelos do passado, principalmente na biblioteca de Alexandria, em que eram estudados os textos de autores antigos, principalmente Homero, que usavam em suas obras dialetos locais e velhas formas de discursos, já obsoletos e confusos, por isso os alexandrinos eram levados a estudar formas antigas da língua e traços dialetais, e a eles competia o ofício de corrigir e interpretar esses textos, por isso, segundo Silveira Bueno, devemos acrescentar a eles, a denominação de criticus.

Depois foi a vez dos romanos conceituar o termo filólogo. Suetônio documenta que muitos tomavam para si o título de filólogo, para que fossem reconhecidos como sábios ou mais próximos do máximo, aquele que se destingue em todos os gêneros ao mesmo tempo. Em Basseto encontramos a citação:

Parece Ter tomado a denominação de filólogo porque, como Eratóstenes, que por primeiro reivindicou para si para si próprio esse cognome, era considerado por seu multíplice e variado conhecimento. Isso se depreende claramente de seus comentários, embora restem pouquíssimos; a respeito do volume deles uma ou outra carta ao mesmo Herma acentua: “lembra-te de recomendar a nossa floresta, na qual reunimos, como sabes, oitocentos livros de todos os gêneros!”.

Eratóstenes (275-194 a C.), de quem fala Seutônio, era de Cirene na Líbia, norte da África; foi discípulo de Calímaco e de Lisânias, também tutor real a convite de Ptolomeu, o Eurgetes, e depois chefe da famosa biblioteca de Alexandria [...] o melhor de sua obra versa sobre Geografia, portanto seria errôneo restringir o filólogo romano ou grego aos conhecimentos meramente literários ou artísticos, pois era um sábio que dispunha de amplos conhecimentos sobre “todos os gêneros”, isto é, todos os ramos da Ciência, obviamente incluindo gramática e problemas da linguagem.

Ainda entre os autores romanos, encontramos definições que denotam: aquele que apresentam análises, deduções, inter-relacionamentos de fatos , conhecimentos dos livros de história, de dos conceitos pontificais (Sêneca); aquele que tem vontade muita vontade de aprender (Plutarco); aquele que tem refinamento intelectual, culto e estilizado no campo da linguagem (Cícero). Já no século V, Martianus Capella vê a filologia como o conceito grego, ou seja, um vasto e múltiplo conhecimento.

Na idade média o termo deixa de ser utilizado, por ser introduzida uma nova visão

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