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O diálogo entre o ensino e a aprendizagem

Por:   •  3/10/2016  •  Resenha  •  1.589 Palavras (7 Páginas)  •  340 Visualizações

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WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002. 

Há muito tempo acreditava-se na concepção de que “falar certo” levava o aluno a “escrever certo”, porém, naquele momento, a realidade era outra e os educadores ensinavam através de suas concepções. Sem levar em conta o que o aluno queria saber, o educador instruía-se de práticas aprendidas para serem reproduzidas aos alunos.

Hoje, infelizmente, os educadores ainda continuam chegando à escola com as mesmas insuficiências de anos atrás: alguns dependem da formação recebida e ganham apenas algum conhecimento de natureza intuitiva, resolvendo situações através  do conhecimento da observação e da criatividade. Percebe-se cada vez mais a concepção que se tem do ato de ensinar no perfil de alguns educadores: o educador que toma decisões, que muda rapidamente o rumo de suas ações, interpreta respostas que os alunos dão, autocorrige-se; este, ao agir assim, está sendo sujeito de sua ação profissional.

A ação pedagógica deve se basear na aprendizagem e não meramente na transmissão de conteúdos. O educador necessita observar as construções dos alunos e perceber seus conhecimentos, propondo novas estratégias a partir do conhecimento prévio do educando e direcionando o aluno ao aprendizado.

Na concepção construtivista – na qual o conhecimento é visto como produto da ação e reflexão do aluno – propõe-se que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação da pesquisa em grupo, estimulando-o à dúvida e ao desenvolvimento do raciocínio, fazendo com que ele aprenda melhor ao construir seu conhecimento.

Na década de 20, a criança é vista como um ser ativo que constrói seu próprio conhecimento, idéia da Escola Nova, nome que se deu aos movimentos dentro da Educação. São pensadores importantes do período: Deweys, Claparede, Decroly, Montessori e Freinet, que têm os mesmos princípios norteadores - a “valorização do indivíduo como um ser livre, social e ativo”, fazendo com que a função da escola seja a de propiciar uma construção permanente da experiência e da aprendizagem dentro de sua vida. A idéia principal dos pensadores era que o ensino deveria criar possibilidades para que o aluno pudesse "aprender a aprender". Tentando mudar uma realidade de pura transmissão e memorização, evoluiu-se para um quadro no qual o conteúdo aprendido deixava de ter importância.

Diante dessa realidade em meados dos anos 70, a Escola Nova foi profundamente criticada no Brasil, o ensino não favorecia a inserção de crianças pobres, tampouco oferecia um aprendizado necessário à cidadania. Orientações de como trabalhar em grupo, desenvolver a cooperação e a criatividade, entre outras, ficavam presas à teoria construtivista, enquanto a prática era totalmente empirista. Existiram várias propostas pedagógicas diferenciadas: para Montesori a pedagogia era centrada na percepção da criança; Freinet trouxe o mundo social para dentro da escola, o primeiro a dar importância ao trabalho do aprendiz; Dewey desenvolveu projetos com alunos. Mas nenhuma delas tratou dos conteúdos escolares em sua totalidade.

Outro teórico, Piaget, propôs uma nova teoria - partia do conhecimento do aluno como meio de transformar o real, o mundo a si mesmo – a qual mais auxiliou no processo de aprendizagem. Emilia Ferreira – aluna de Piaget –  propôs práticas da leitura e da escrita pelo construtivismo, visando formas de trabalhar a educação a partir de resolução de problemas, descartando antigos métodos de cartilhas de alfabetização. O “aprender a aprender” era visto como desenvolvimento da lógica, mas para isso, o aluno precisava dominar conhecimentos nas diferentes naturezas, ter flexibilidade de lançar desafios na construção do conhecimento através da leitura e das novas tecnologias.

A escola hoje deve induzir os alunos  a aprender a aprender, com fundamentos acadêmicos, de forma a diminuir as diferenças entre os conhecimentos. O educador precisa avançar conteúdos a partir do conhecimento do aluno, pois é esse o conhecimento necessário para fazer o aluno avançar a partir do que ele já sabe, em direção ao que não sabe. O papel do educador, portanto, se fundamenta em perceber onde o aluno está errando e o porquê dos erros, para traçar novas estratégias, pensar junto com o aluno e valorizar suas tentativas, mesmo que o resultado não esteja correto. É sabido que o que move o aluno no contexto escolar é o esforço para acreditar que por trás das coisas que ele tem que aprender existe uma lógica: construir suas idéias a partir de sua realidade. Caso o educador não saiba nada do conteúdo, não há o que dialogar com o aluno, ficando evidente que o conhecimento está sendo construído de forma desorganizada e com contradições que nem sempre são conhecidas pelo aluno.

O educador precisa estudar e desenvolver uma postura investigativa, ter instrumentos suficientes para perceber o sentido do que se trabalha, acreditar que os alunos pensam e são capazes se torna fundamental para que eles progridam. O conhecimento acontece de forma individual e o educador deve deixar que os alunos aprendam trocando informações com os colegas, pois o conhecimento deve ser trabalhado a partir da disponibilidade  da informação externa e da possibilidade da construção interna. O educador precisa saber como o aluno está construindo seu conhecimento a partir de observação e direcionamento. A escola deve ser um local para se trabalhar os diferentes universos culturais que adentram diariamente no universo escolar.

Ao educador cabe estimular os alunos a participarem da cultura nos diferentes conteúdos: literatura, ciência, arte e tecnologia, pois toda criança tem direito a estes elementos que são, também, condição de inserção social. Um instrumento poderoso para um educador trabalhar e ampliar o horizonte cultural de seus alunos é o jornal, um importante portador de documentação histórica, novidades da tecnologia e tantas outras coisas que não são acessíveis no dia-a-dia, a não ser pelos meios de comunicação. É obrigação da escola e do educador abrir o mundo para os alunos. No mundo em que vivemos, onde o acesso e o uso eficaz da informação é condição plena de inserção social, o desafio do educador se sofistica assim como as exigências de sua formação. O educador necessita construir conhecimentos de diferentes naturezas que lhe permitam ter claros os seus objetivos, selecionar conteúdos, enxergar a produção de seus alunos e construir estratégias que os levem a conquistar novos patamares do conhecimento.

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