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UM MENDIGO SHOW DE BOLA

Por:   •  7/11/2017  •  Abstract  •  31.712 Palavras (127 Páginas)  •  294 Visualizações

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UM MENDIGO

SHOW DE BOLA

Águeda Faon[pic 1]


Copyright © 2015 by Agueda Faon

Silva, Fabiana Ester, 1984 – Um Mendigo Show de Bola / Agueda Faon;

ISBN: 978-85-916008-1-6

  1. Contos brasileiros. I. Título. CDD B869.31

Proibida a reprodução total ou parcial.

Os  infratores  serão  processados  na  forma  da  lei.


O mendigo        

Agência de viagens Vesely        

Pensão Liberdade        

Suspeitos        

Bianca        

Siena Preto        

Desaparecida        

Marco Zero        

Sequestro        

Detalhes        

Um pedido        

Uma ideia        


 [Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

Você já ajudou um mendigo hoje?


[Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

O mendigo

A conhecida selva de pedra ganhara mais um dia para que seus habitantes alimentassem o sempre faminto capitalismo.

Ainda não eram nem sete horas da manhã da quarta segunda-feira de dezembro de dois mil e quatorze, e os jornais já anunciavam um acidente entre um carro e uma moto na faixa esquerda da pista expressa da Marginal Pinheiros.

Logo, logo se formariam os primeiros pontos de lentidão no trânsito da cidade de São Paulo.

Mas para Samuel isso era de todo irrelevante. Haveria de estar deveras ocupado com a manutenção da própria vida para sequer cogitar os problemas de uma grande metrópole. Já que não ter um lar, um emprego e uma família bastavam como adversidades para ele.

Samuel era um dos muitos moradores de rua da maior cidade brasileira. Vivia seus vinte e quatro anos de idade. As raríssimas oportunidades de se alimentar adequadamente o impediam de atingir a massa corpórea para não ser considerado muito magro.

Tinha a estatura média. Seus grandes olhos castanho-escuros se perdiam em seu rosto branco ossudo, emoldurado por cabelos desgrenhados, também castanho-escuros, e com a barba por fazer há contínuos dias. Usava sempre um sobretudo velho e sapatos quase sem sola.

Levante-se, larápio! Quantas vezes mais vou ter que te falar que aqui você não pode ficar?! – disse com rispidez um funcionário de um luxuoso prédio comercial da Avenida Paulista que chegava para trabalhar.

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[Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

Enquanto se levantava de onde estava sentado, embaixo de um pinheiro com enfeites de natal pertencente ao prédio de luxo, Samuel falou:

  • Você me expulsa todas as manhãs. Poderia ao menos me expulsar pelo meu nome!

Antes de seguir o seu percurso, o funcionário de terno elegante e sapatos de grife, objetou:

  • Escute bem, seu preguiçoso! Se você estiver aqui amanhã, a própria polícia vai te expulsar pelo nome!

Fica na paz, grã-fino! – disse Samuel puxando para perto de si uma mala velha com algumas de suas poucas coisas. – Já estou de partida!

Você tem menos de um minuto para sumir daqui! – advertiu o funcionário, dirigindo-se finalmente para o prédio.

Segurando sua mala na frente do corpo, Samuel virou-se e parou por um instante. Observava atencioso o prédio da agência de viagens Vesely, localizada em frente, no outro lado da rua. Parecia esperar que algo acontecesse.

O minuto que lhe fora concedido se esgotou, e Samuel permanecia inerte, só observando.

Outros funcionários começavam a chegar. Embora insatisfeitos com o que viam não faziam nada para tentar expulsar o mendigo malcheiroso.

Já tinha alguns dias que Samuel repetia o mesmo ritual. Chegava por volta das seis e meia da manhã. Sentava-se debaixo do pinheiro e esperava. Gostava de ficar ali, pois detalhes do natal remetiam a ele boas lembranças. Isso o confortava por um tempo.

Quando um Peugeot branco manobrou para dentro do estacionamento da agência, o olhar do mendigo se iluminou.

A razão para tanto tinha cabelos ruivos lisos e compridos. Olhos verdes. Estatura mediana. Corpo delicado e um rosto que

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[Um mendigo show de bola], por [Águeda Faon]

parecia  ter        sido        elaborado        por        um  talentoso        desenhista.

Chamava-se Bianca.

Desceu de seu carro trajando um terninho preto feminino e um scarpin vermelho. Após pegar sua bolsa e acionar o alarme, encaminhou-se para a entrada da agência.

As mãos de Samuel suavam frias simplesmente por contemplar a imagem da fascinante mulher de trinta e um anos de idade.

As mãos dele também tremiam, pois desde que vislumbrara Bianca pela primeira vez na saída de uma pequena cafeteria na Avenida Paulista, muitas de suas atitudes mudaram. A duras penas vinha tentando largar o vício do álcool, o que fazia seu organismo reagir severamente.

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