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O predomínio da ciência na cultura ocidental

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Por:   •  6/10/2014  •  Resenha  •  1.635 Palavras (7 Páginas)  •  254 Visualizações

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A preeminência da ciência na cultura ocidental é manifesta. Quem

quer que estude a sociedade moderna deve reconhecer a importância

de compreender como a ciência conduz sua tarefa de inventar,

testar e finalmente aceitar ou rejeitar teorias. Uma cultura que se

orgulha de sua capacidade de auto-exame crítico deve ter em alta conta,

na sua agenda intelectual, o estudo sistemático dos processos de mudança

e invenção de teoria na ciência. Seja pelo propósito prático de

controlar a direção e o progresso da ciência, seja pelo propósito intelectual

de determinar a natureza e o escopo do conhecimento humano,

há excelentes razões para se tentar examinar a dinâmica da ciência.

Ocorre, no entanto, que de fato não possuímos um quadro geral

bem confirmado de como a ciência funciona, nem uma teoria da ciência

que mereça assentimento geral. Tivemos, certa vez, uma posição filosófica

bem desenvolvida e historicamente influente, a saber, o positivismo

ou empirismo lógico, que agora se encontra efetivamente refutada.

Temos algumas recentes teorias da ciência que, embora despertem

grande interesse, quase nunca têm sido de algum modo testadas. E temos

hipóteses específicas sobre vários aspectos cognitivos da ciência,

que são amplamente discutidas mas completamente indecididas. Se alguma

posição existente realmente proporciona uma compreensão viável

de como a ciência opera, nós estamos longe de poder identificá-la.

No início dos anos 60, algumas novas teorias da ciência foram

desenvolvidas como alternativas ao positivismo; trata-se dos trabalhos

de N.R. Hanson, Paul Feyerabend, Stephen Toulmin e, acima de tudo,

Thomas Kuhn. Essas contribuições, ainda que problemáticas em suas

teses positivas, puseram termo efetivamente à hegemonia do positivismo

ao revelarem que suas doutrinas centrais (tais como a cumulatividade

da ciência, a redutibilidade da linguagem teórica à observacional)

conflitam radicalmente com a prática real da ciência. Kuhn destacou-se,

pelo menos retrospectivamente, como a figura dominante dos anos 60.

Na reação a Kuhn, entrou em cena nos anos 70 uma nova geração de

teóricos: I. Lakatos, L. Laudan, G. Holton, M. Hesse, J. Sneed, E.

McMullin, I.B. Cohén, W. Stegmüller, D. Shapere e N. Koertge. Todos

esses autores desenvolveram modelos de mudança e progresso científico

que, segundo eles, estavam baseados no, e apoiados pelo, estudo empírico

das obras da ciência real, por oposição aos ideais lógicos ou filosóficos

de garantia epistêmica enfatizados pela tradição positivista. Por

todos eles, a filosofia da ciência foi caracterizada como uma disciplina

enraizada em, e responsável por, sua história.

Contudo, nenhuma dessas teorias "pós-positivistas" foi testada

de uma maneira que não fosse a mais perfunctória e superficial. Nada

semelhante aos padrões de teste que esses próprios autores sustentam

dentro da ciência foi alguma vez satisfeito por qualquer uma de suas

teorias sobre a ciência. Aqueles de nós que reclamam uma modesta destreza

em lógica da inferência empírica mostram-se notavelmente indiferentes

quanto a submeter as próprias teorias ao escrutínio empírico,

embora nossas próprias filosofias da ciência sugiram que sem tal escrutínio

poderíamos estar construindo castelos no ar.

A nosso ver, está na hora de corrigir tal situação. Devoções à importância

do teste empírico devem dar lugar às particularidades do próprio

processo de testar. As notas promissórias emitidas nos anos 60 e 70

estão hoje vencidas. Ou nós decidimos agora como testar esses modelos

e procedemos ao teste, ou devemos abandonar qualquer pretensão de

possuirmos a mais tênue garantia para acreditar que a ciência é do modo

como nós a supomos. Os chavões a propósito do naturalismo em epistemologia

devem agora dar lugar a algo real, ou então devemos confessar

qual e exatamente a alternativa de estatuto epistêmico (extra-empírico)

que tencionamos para nossa teorização sobre a ciência. Este ensaio

é um encaminhamento preliminar na primeira direção.

Obviamente, o primeiro passo no sentido de trazer a evidência

empírica para sustentar teorias da ciência é identificar as conjecturas

existentes e específicas sobre os processos de mudança científica a serem

testadas. Encontramos essas conjecturas nas obras de autores como

Kuhn, Lakatos, Laudan e Feyerabend. De modo alternativo, poderíamos

tentar testar esses modelos "holisticamente", através de uma avaliação

comparativa deles em sua

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