Rudolf Laban

Bailarino, coreógrafo, artista plástico, arquiteto e estudioso, Rudolf Laban nasceu em 1879, na Bratislava, então pertencente à Hungria. Faleceu somente em 1958 e por isso vivenciou as duas grandes guerras mundiais. Apesar das várias desvantagens de crescer em tal ambiente, ele e muitos outros artistas e visionários de seu tempo viram na ampliação da tecnologia e da comunicação, uma oportunidade de conseguirem unir as pessoas através da arte e ampliar seus conhecimentos.

Laban dedicou-se ao estudo do movimento humano, acreditando que este é sempre constituído dos mesmos elementos. Ao longo dos anos, aprofundou-se na pesquisa sobre tais elementos e sua utilização, e assim renovou o cenário da dança e do teatro, que em sua época não eram tão profundamente estudados e versáteis como são hoje. Grande parte do atual desenvolvimento dessas áreas se deve às teorias e técnicas de Laban.

Com seus estudos sobre a exploração e harmonia do movimento, Laban introduziu novas técnicas de desenvolvimento artístico, possibilitando assim uma análise mais profunda dos limites do corpo. Através de cursos e centros de pesquisa, disseminou suas ideias, entre elas a de que o estudo do corpo não se limita ao aspecto físico, mas também se extende aos aspectos emocionais e racionais do artista.

Apesar de os estudos de Laban serem focados predominantemente no mundo da dança, é possível afirmar que tais estudos modificaram imensamente o trabalho cênico do ator. A arte do movimento é aplicada também em cena, e as ideias de Laban influenciaram a construção dos personagens, fazendo o artista levar em consideração os aspectos físicos, externos e internos de quem estamos interpretando.

Sua teoria do movimento não chegou ao Brasil até a Segunda Guerra Mundial, quando Maria Duschenes, bailarina, professora, coreógrafa, e sua discípula direta, refugiou-se no país e introduziu os estudos de Laban a seus alunos.

A contribuição de Laban fez com que muitos se inspirassem em suas pesquisas para realizar seu trabalho com a arte. O dicionário de Laban, de Lenira Rengel, por exemplo, traz os conceitos estudados pelo coreógrafo, explicando cada termo de acordo com os estudos realizados por ele. Prova da influência de Laban no mundo das artes cênicas é o fato de atualmente estarmos estudando algumas de suas técnicas, e através do dicionário conseguimos identificar alguns aspectos de nossos estudos nas ideias por ele difundidas.

A exemplo disso, relembramos alguns conceitos vistos em aula. Um dos mais recentes seria o de Acento Rítmico, que seria uma ênfase dada, geralmente com qualidade de movimento súbito, no percurso do movimento. Aprendemos em aula, em primeiro momento em duplas, a aplicar tal ênfase no ínicio, no meio e no fim do movimento.

Outro conceito que temos estudado seria o dos Níveis Espaciais, que seria a relação de posição de uma parte do corpo ou do corpo como um todo em relação ao espaço, a um objeto ou a outras partes do corpo (seu próprio ou o do outro). Os três níveis são o Alto, Médio e Baixo. Em aula, aprendemos a utilizar todos os níveis e não focar somente em um. O nível alto, por exemplo, é o mais confortável para a maioria das pessoas por ser o mais comum e por isso muitas vezes não pensamos em misturar movimentos no nível alto com o nível baixo ou médio. Mas durante o desenvolvimento de nossas partituras corporais, aprendemos a utilizar todos os níveis e experimentar diferentes combinações entre eles.