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Cálculo Acidental

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Por:   •  17/10/2014  •  Tese  •  778 Palavras (4 Páginas)  •  147 Visualizações

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Cálculo acidental

JORNALISTA FRANCÊS DEFENDE QUE A IMPRESSÃO SOBRE VIAJAR DE CARRO SER MAIS SEGURO QUE DE AVIÃO SE DEVE A UMA DISTORÇÃO ESTATÍSTICA

CYRUS AFSHAR

DA REDAÇÃO

Apesar de um acidente aéreo tão trágico como o de domingo passado, envolvendo o voo 447 da Air France, as estatísticas sobre acidentes estão do lado dos aviões.

Contudo, para o jornalista Philippe Eliakim, redator-chefe adjunto da revista francesa "Capital", especializada em mercado financeiro, os dados são manipulados de modo a inflar a sensação de segurança dos passageiros.

Em seu livro de 2004 "Mensonges!" ("Mentiras!", Robert Laffont, 284 págs., 19, R$ 52,25), ele critica, entre outros temas, o fato de as estatísticas que atestam a segurança quase absoluta dos aviões não sofrerem nenhuma contestação.

Para Eliakim, o espaço aéreo global é seguro, mas não tanto quanto os números levam a crer. "Então, por que todo mundo é persuadido do contrário? Porque as estatísticas são invariavelmente apresentadas pelas companhias aéreas na forma de "passageiro-quilômetro", é claro", explica na entrevista abaixo, concedida à Folha por e-mail.

Eliakim também discute a relação entre a manipulação das estatísticas de acidentes aéreos e o efeito que isso pode causar nas pessoas quando tragédias acontecem.

FOLHA - O avião é um meio de transporte mais seguro do que o automóvel?

PHILIPPE ELIAKIM - É o que o mundo todo acredita e que, no entanto, não é a verdade! Basta olhar as estatísticas para se convencer do que estou falando. Em média, um passageiro que entra em um avião hoje tem uma chance em 1,5 milhão de perder a vida em um acidente. Esse número, ao mesmo tempo minúsculo e assustador, não é contestado por ninguém.

Já a probabilidade de morrer em um acidente de carro varia segundo o país, a severidade dos controles policiais e os hábitos de direção dos motoristas. Mas é sempre bem menor.

Não conheço as estatísticas do Brasil, mas na França, por exemplo, pegar um avião é 17 vezes mais arriscado do que entrar em um carro.

FOLHA - Por que, então, existe uma impressão de que o avião é um meio extremamente seguro para viajar?

ELIAKIM - Porque as estatísticas de acidente são sempre apresentadas na relação passageiro-quilômetro! Como os aviões percorrem distâncias muito mais longas do que os automóveis, isso permite minorar artificialmente as probabilidades de acidentes.

Vamos supor, por exemplo, que um ônibus que liga um determinado ponto de São Paulo a 30 km do aeroporto de Guarulhos -que transporta 50 pessoas em um trajeto de 30 km- capote uma vez a cada cem viagens, e que o avião de São Paulo a Lisboa -que leva 200 pessoas por cerca de 9.000 km- se acidente sobre o oceano uma vez a cada cem viagens.

A probabilidade de ônibus e avião se acidentarem é exatamente a mesma, de um sobre cem. E não se teria mais vontade em entrar em um ônibus do que em um avião.

Mas, se se apresentam as estatísticas em passageiro-quilômetro, o avião, que percorre distâncias

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