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Estimulando e desenvolvendo a criatividade

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Por:   •  18/11/2013  •  Tese  •  2.819 Palavras (12 Páginas)  •  178 Visualizações

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Estimulação e desenvolvimento da criatividade

Cada vez que me detenho neste assunto(1), mais claro se torna para mim a contradição: de um lado, uma desesperada necessidade de comportamentos criativos, para a sociedade enfrentar com êxito os desafios que lhe são impostos e para assegurar sua sobrevivência(2); por outro lado, a mesma sociedade não favorece o desenvolvimento criativo dos seus membros em geral e, de modo particular, dos superdotados. No mínimo, deixa-os entregues à própria sorte. E, por vezes, penaliza-os... por serem talentosos. De fato, a sociedade é mais bloqueadora da criatividade do que uma de suas fontes de estimulação.

No bojo desta contradição, a sociedade ao tempo em que inibe o desenvolvimento do potencial dos seus membros, solicita e até mesmo cobra deles, nos momentos de crise, um desempenho criativo.

Família, Escola, Trabalho

Família, escola e trabalho são, sem sombra de dúvida, os fatores básicos da socialização. Que papel exercem a família, a escola e o trabalho no que tange à estimulação e ao desenvolvimento da criatividade?

Parece que eles têm algo mais sério a fazer, como diria Exupéry, do que preocupar-se com criação, do que formar homens autônomos, inventivos, criativos. E isto é válido também para os superdotados. Seus talentos não importam. Os agentes de socialização devem formar homens para se garantir a continuidade e a estabilidade sociais, mesmo que isto bloqueie a criação, custe o preço de desperdiçar talentos.

Assim, na sua tarefa socilizadora, transmitem às gerações futuras as normas e técnicas existentes, ensinam a ciência feita e os valores já experimentados, preparam robôs para a produção automática. São antes fatores de conservadorismo que de inovação.

Fala-se de criatividade. Falar de criatividade tomou-se modismo. O termo vem assumindo uma dimensão mágica, principalmente nos meios de comunicação de massa. Contudo, não nos iludamos. Ainda estamos longe de observar aqueles meios de socialização - família, escola, trabalho - cultivando a criatividade, a fecundidade imaginativa, a reflexão crítica, a intuição.

Família

A criança, ao nascer, dispõe de "aptidões" para adquirir habilidades. Habilidades de pensar, comportar-se socialmente, resolver problemas, criar. No entanto, necessita de um clima propício para tomar possível a atualização daquele potencial. Clima propício para adquirir as habilidades de pensar, comportar-se socialmente, resolver problemas, criar.

De início, cabe à família proporcionar à criança o clima favorável à eclosão de suas primeiras experiências criativas.

A criatividade solicitada e cultivada pela experiência vivida tenderia a se concretizar em atos criativos. O inusitado, o original, o engenhoso seriam características comuns observadas no comportamento das crianças.

O que acontece é bem diferente. Como escrevem Gloton e Clero(3), "mesmo animados das melhores intenções e com a mais tranqüila das consciências, é muito fácil destruir as forças que a criança traz consigo".

Para muitas famílias a criança é um ser que nada sabe e tudo o que tem a aprender deve receber pronto da experiência dos adultos. O papel dos pais seria então produzir crianças "bem educada": passivas, obedientes, impecavelmente limpas...

A família terminou por impor às crianças aprenderem a se adaptar a uma estimulação cruel - a estimulação donão. Diferente daquele não da criança que luta por sua afirmação, é o não dos adultos: pais, familiares, babás. E os "nãos" se multiplicam e se estendem: não pode, não mexa, não suba, não quero que faça isso, não deixo, não, não, não...

Como um capacete de chumbo, esta força começa a pesar sobre a criança. Cedo ela aprende a desconfiar de sua espontaneidade, de sua curiosidade, de tudo o que se afasta das normas impostas. Experiência tanto mais difícil para a criança quanto muitas daquelas normas, além de contrariarem suas necessidades, não cabem dentro de sua lógica.

A família impõe a criança o rito da iniciação cognitiva". É preciso aprender a pensar "pelos outros", os adultos. A não fazer aquilo que lhe é proibido, mesmo quando a proibição fira sua lógica e sentimentos. A esperar que lhe seja dada autorização para tentar fazer o que há muito tempo ela já estava preparada para realizar. O "carreto"é inibir suà iniciativa, conter sua curiosidade, desconfiar do inusitado, para "não errar", não ser diferente do padrão estabelecido pelos adultos.

E o que a família faz com a imaginação, a fantasia da criança? Parece-me que o medo de suas próprias fantasias, que o adulto introjetou ao longo de sua vida, agora ele projeta na criança. Neste processo de condicionamento, a família utiliza desde o riso humilhante até as ameaças, sem deixar de passar pelo ridículo puro e simples. Ou transfere para a criança seus medos e preconceitos.

Todos conhecemos casos que podem ilustrar essas considerações. De minha parte, lembro que em certa ocasião fui procurada por um jovem pai. Engajado em programa de educação popular, onde realiza um trabalho baseado numa pedagogia que valoriza a criatividade e a autonomia dos educandos, sua primogênita completara três anos. Soltava sua fantasia, imaginação, brincando de "faz-de-conta". De início, o pai estava seguro. Sua filha desenvolvia-se normalmente. Aquelas brincadeiras faziam parte do processo. Mas, agora, começava a se inquietar. Outros familiares, experientes, preocupados com as conseqüências futuras das fantasias confundidas com a realidade, o advertiam: "É assim que a criança aprende a mentir. Não vê que essa menina está nos enganando a todos nós?"

Não cabe discutir o verdadeiro interesse dos familiares pelo desenvolvimento harmonioso da criança. No entanto, é também assim que se poda a imaginação, a espontaneidade da criança e se inicia sua absorção dos valores, tabus e preconceitos dos adultos. A "camisade-força" no processo do desenvolvimento criativo começa cedo.

Escola

E a escola? É a nossa escola fonte de estimulação e desenvolvimento da criatividade das crianças, adolescentes, jovens, adultos? Infelizmente, todos sabemos, não.

Se durante seus primeiros anos a criança não tiver tido a sorte de encontrar na família um clima propício ao desenvolvimento de seu potencial criativo, não podemos confiar que a escola venha a proporcionar-lhe o que a família não soube fazer.

Aqueles tabus e preconceitos, correntes

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