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Foucault em a ‘’ A pele que habito’’ de Pedro Almodóvar.

Por:   •  17/10/2016  •  Resenha  •  3.707 Palavras (15 Páginas)  •  623 Visualizações

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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Sociais

Tópicos Especiais em Sociologia 5

Prof.Dr. Edson Farias

Discente: Keilla Ribeiro

Foucault em a ‘’ A pele que habito’’ de Pedro Almodóvar.

Brasília, 11 de dezembro de 2015.

Resumo

        Este artigo pretende analisar a obra cinematográfica de Pedro Almodóvar,       ‘’A pele que habito’’, através da ótica e obras de Foucault. Através da lógica da biopolítica e hermenêutica do sujeito encontrar relações dos textos estudados e reconhecer no filme elementos que correspondam com a teoria foucaultiana. Para a compreensão do trabalho, farei um percurso do entendimento de biopolítica e hermenêutica do sujeito para enfim chegar na análise do filme.

Biopolítica

Os anos de 1970 marcam um novo direcionamento nas análises de Foucault.      O que passa a interessar agora é o poder enquanto elemento capaz de explicar como se produzem os saberes e, na mesma medida, como nos constituímos na conexão entre ambos ser-poder. O objetivo da genealogia é desenvolver uma concepção não jurídica do poder, isto é, uma concepção alternativa àquela do poder como lei ou como direito originário que se cede para constituir uma soberania. Com isso, estabelece um deslocamento em relação às teorias jurídico políticas tradicionais que atribuem ao estado à centralidade do poder.                                                                 O poder deve ser visto, em Foucault, como algo que funciona em rede, que atravessa todo o corpo social, segundo ele, o poder não pode ser caracterizado meramente, nem fundamentalmente, como repressivo, como algo que diz essencialmente não, é preciso perceber seu aspecto positivo aquele lado que o faz tornar-se ideológico, aceito coletivamente, isto é, o de formação de individualidades e de rituais de verdade.                                                                                As análises genealógicas se complementam com o mapeamento do poder disciplinar e, em seguida, com o biopoder. Para Foucault, a constituição do Estado moderno, com a gênese e o desenvolvimento das novas relações de produção capitalistas, leva à instauração da anátomo-política disciplinar e da biopolítica normativa enquanto procedimentos institucionais de modelagem do indivíduo e de gestão da coletividade; em outras palavras, de formatação do indivíduo e de administração da população. O artigo pretende mostrar que as sociedades modernas serão caracterizadas, por Foucault, como sociedades disciplinares e normativas, na medida em que o desenvolvimento do indivíduo e da sociabilidade se dá a partir dos condicionamentos do entendido enquanto o modelo basilar a partir do qual se dá a gênese deste indivíduo e desta população moderna.                                                O que se pode entender sobre o poder, não se pode falar em Foucault que existe uma teoria do poder, em oposição à teoria, Foucault propõe que se faça uma analítica do poder. Pois, segundo ele, se tentarmos construir uma teoria do poder, será necessário sempre descrevê-lo como algo que emerge num determinado lugar e num tempo dados, e daí deduzir e reconstruir sua gênese. Portanto, não existe ‘o Poder’, o que existe são relações de poder, isto é, “formas díspares, heterogêneas, em constante transformação.  O poder não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída historicamente”. Uma das principais idéias que perpassam a analítica do poder de Foucault é uma espécie de deslocamento em relação à teoria política tradicional, que atribuía ao Estado o monopólio do poder. O que parece evidente nas investigações de Foucault é a existência de uma rede de micro-poderes a ele ao Estado articulados e que atravessam toda a estrutura social. Portanto, trata-se de buscar analisar o poder partindo não do seu centro Estado e ver como ele se exerce em níveis mais baixos da sociedade análise descendente, mas sim o inverso, isto é, partir desses micro-poderes que atravessam a estrutura social e ver como eles se relacionam com a estrutura mais geral do poder que seria o Estado.                                                        Como se pode perceber, as análises de Foucault mostram uma não identidade entre poder e Estado, no sentido de que o poder não se restringe meramente a este.        O poder não pode ser visto como um processo global e centralizado de dominação strictu sensu que se exerceria em diversos setores da vida social, mas sim que funciona como uma rede de dispositivos ou mecanismos que atravessam toda a sociedade e do qual nada nem ninguém escapa.                                                                         A analítica do poder de Foucault impõe um deslocamento em relação ao Estado, na medida em que identifica a existência de uma série de relações de poder que se colocam fora dele e que de maneira alguma devem ser analisadas em termos de soberania, de proibição ou de imposição de uma lei. Porém, Foucault não quer negar a importância do Estado; sua intenção é demonstrar que as relações de poder ultrapassam o nível estatal e se estendem por toda a sociedade.                                                 Não é apenas o Estado, na modernidade, foi o centro de controle e de formação da sociabilidade; instituições como a escola, as ciências, a fábrica, o quartel, o hospício, etc., também foram fundamentais basta citar o caso da escola enquanto uma das instituições centrais da modernidade e de nosso tempo no que diz respeito à formação das massas, no que diz respeito à legitimação da racionalidade capitalista. Afirmar que o poder se restringe ao Estado, sendo sua função exclusiva, seria avaliar parcialmente a conexão que o Estado estabelece com estas instituições: que seria, por exemplo, da racionalidade estatal sem o ensino na escola, o desenvolvimento científico, o trabalho na fábrica, a punição na prisão.                                                                                O que parece evidente nas investigações de Foucault é uma espécie de “funcionalidade” do poder. Isto é, a idéia de que o poder funciona como uma maquinaria que não está localizado em um lugar específico, mas que se dissemina por toda a estrutura social e a perpassa. Trata-se de relações de poder que constituem um sistema de poder, a partir de instituições que mantêm uma ligação social, política entre si, com base no Estado: temos, como exemplo, o aparato estatal, meios de comunicação, escolas, fábricas, e o que é legítimo e/ou ilegítimo a eles enquanto elo comum de suas relações.                                                                                         O poder está em toda parte; não porque englobe tudo, e sim porque provém de todos os lugares.  Isto implica que as próprias lutas contra o seu funcionamento não possam ser feitas de fora, do exterior, pois nada nem ninguém está livre de poder; ele está, como vimos, em toda parte e se exerce como uma multiplicidade de relações de forças. E, como afirma Foucault, onde há poder há sempre possibilidade de resistência, de modo que.

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