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Monstro do Pântano: Natureza e Sociedade

Por:   •  13/10/2016  •  Artigo  •  1.879 Palavras (8 Páginas)  •  252 Visualizações

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Universidade Federal Rural do Rio de janeiro

Instituto multidisciplinar

Departamento de história e economia

Monstro do pântano: Natureza e sociedade

Diego das Neves Ribeiro

Trabalho solicitado para compor avaliação da

Disciplina Optativa Sociologia e meio ambiente.

Docente: Professora Doutora  Ana Lúcia

Nova Iguaçu

Julho de 2015

Introdução

“A função fundamental da arte dos quadrinhos(tira ou revista), que é comunicar idéias e/ou histórias por meio de palavras e figuras, envolve o movimento de certas imagens ( tais como pessoas ou coisas) no espaço. Para lidar com a captura oi encapsulamento desses eventos no fluxo narrativo, eles devem ser decompostos em segmentos sequenciados.”

(EISNER,1989, p.38)

As histórias em quadrinhos, durante muito tempo foram vistas como um veículo de entretenimento puramente infantojuvenil, devido em grande parte a sua temática heroica e fantasiosa, com pouca complexidade e escrita rasa. Contudo a partir de um determinado momento na história editorial e da produção de  algumas obras especificas, além  da nova conceituação da 9ª arte, conhecida hoje também como arte sequencial, as histórias em quadrinhos se tornaram mais complexas, fazendo referencia a literatura clássica, conceitos teóricos mais abrangentes  e utilizando de maneira mais rica o contexto social no qual a obra encontra – se inserida.

A partir da obra “O contrato com Deus” do autor Will Eisner, novos horizontes foram vislumbrados por esta forma de produção artísticas, enriquecendo muito a leitura e suas técnicas de interação entre  escrita e imagem, apontando as habilidades especificas de um bom quadrinista,  fortalecendo assim a ideia de que esta forma de arte mereceria um destaque dentro estudos específicos, uma que possuía atributos dignos como qualquer outra forma de representação artística.

“ “Escrever” para quadrinhos pode ser definido como a concepção de uma ideia, a disposição de elementos do diálogo. É, ao mesmo tempo, uma parte e o todo do veículo. Trata – se de uma habilidade especial, cujos requisitos nem sempre são comuns a outras formas de criação “escrita”, pois lida com uma tecnologia singular. Quanto a seus requisitos, ela está mais próxima da escrita teatral, só que o escritor, no caso das histórias em quadrinhos, geralmente também é o produtor de imagens ( artista).”

(EISNER, 1989, p. 122)

A partir desta nova conjectura estabelecida, os autores das histórias em quadrinhos, começaram a deixar cada vez mais claras suas influencias, em grande parte fruto do contexto social em que estavam e por consequência as histórias eram produzidas.  Possibilitando assim , que muitas ideias fossem disseminadas através dos quadrinhos ao mesmo tempo em que esses eram atingidos pela realidade cultural de seu tempo.

Monstro do pântano: de sua origem a Alan Morre

As histórias em quadrinhos por vezes e focam em temáticas especificas, uma delas é a questão ambiental, que é apresentada de maneira singular na obra “O Monstro do pântano”.

 O Monstro do pântano é um personagem que foi inicialmente criado por Lein Wein e Berni Wrightson como uma típica revista de terror, que apresentava o cientista Alec Olsen, um pesquisador que estava a desenvolver uma formula, porem ao ter seu laboratório sabotado, sofre um acidente e acaba tendo seu corpo banhado pelos elementos que trabalhava, transformando – se assim em um ser composto de matéria vegetal. As histórias do personagem questão eram contadas na revista “House of secrets” , e giravam em torno da busca do cientista em reaver suas condições humanas.

Posteriormente o autor britânico Alan Moore, assumiria a produção das histórias do Monstro do pântano, alterando consideravelmente os conceitos de tal personagem. Ao invés de simplesmente sido banhado pelos elementos de sua formula e adquirido características vegetais, o cientista Alec, agora tinha de fato morrido na explosão e devido aos agentes químicos acabara de fundindo ao pântano , e o homem apenas acreditava ter sobrevivido. Utilizando deste subterfugio Moore, ao longo das histórias do personagem buscou descrever os conflitos de Alec ao tentar conciliar suas características humanas e vegetais, ao poucos mostrando que suas características humanas, que limitavam seu contato como meio natural foram sendo abandonadas em prol de uma proximidade com o meio ambiente. O personagem então, foi com o tempo sendo utilizado como um mediador entre o homem e o meio ambiente. Ao reconstruir tal aspecto da criatura, Moore a utiliza dentro do contexto histórico da época, em que o fator econômico estava negativamente ligado ao consumo de materiais que degradavam o ambiente como ocorre nas edições 35 e 36 da revista Swamp Thing de 1985, quando Alec enfrenta um inimigo capaz de matar qualquer ser vivo através de radiação, fazendo de tal personagem uma ferramenta capaz de rememorar eventos prejudiciais ao meio natural, como o acidente que ocorreu na   usina  Three Mile Island  no estado da Pensilvânia em 1979, quando um conjunto de falha técnica e erro humano gerando uma disseminação radioativa na atmosfera, tal critica é visível em tais edições desde de sua capa até o interior da mesma buscando atuar com “efeitos de realidade” .

O personagem é utilizado por Moore como uma expressão da relação entre o homem e a natureza, buscando mostrar o homem como parte de uma entidade maior , no caso o meio natural, o monstro do pântano possui a habilidade de entrar em contato como intimo da natureza, representada nas histórias como uma abstração conhecida como o “Verde” ao entrar em contato com esta realidade, Alec era capaz de sentir todos os processos orgânicos o que o mantinha ligado a toda vida do planeta fazendo dele um herói ecológico, ao demonstrar esta faceta do personagem o autor ilustraria a ideia de que no meio natural todos os seres dependem uns doso outros em maior ou menor grau, Ainda com a utilização da imersão no “verde” seria mostrado o que pode ser alcançado quando entramos em comunhão com a natureza , abrindo assim nossas capacidades perceptivas, possibilitando acessar realidades inexploradas.

Ao decorrer dos contos do Monstro do pântano é apresentada sua relação amorosa com uma personagem humana, o que coloca em “xeque” a relação que a sociedade possui com   a natureza. Através desta relação, o autor demonstra, ao apresentar a reação da civilização ao descobrir o envolvimento entre o casal, como a sociedade ainda reproduzir a ideia de dicotomia entre o homem e a natureza, partindo de um pensamento semelhante ao apresentado pelo autor Keith Thomas, quando este lembra que quanto mais próxima da natureza, menos humano o individuo se tornava. Linha de raciocínio esta, reforçada na edição de numero #48 das histórias do monstro do pântano,  episódio este em que “Abby” , a parceira de Alec, é caçada pelas autoridades acusada de cometer atentado sexual contra as leis da natureza, devido ao seu relacionamento  com  a entidade vegetal. Apresentando a relação harmoniosa entre o homem e a natureza, relação esta que geraria prazer, o autor busca demonstrar quais características da relação entre homem e natureza são utilizadas para legitimar o fato de esta ser inconcebível.

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