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Questões De gênero No Tecnobrega

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Por:   •  25/10/2014  •  3.413 Palavras (14 Páginas)  •  298 Visualizações

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QUESTÕES DE GÊNERO NO TECNOBREGA NA ILHA DE CARATATEUA

Heliana Rodrigues de Bitencourt

RESUMO

O objetivo deste artigo é desenvolver reflexões acerca das questões de gênero no tecnobrega na Ilha de Caratateua (Outeiro), considerando-se a centralidade e o simbolismo exercido pela mulher nas festas de aparelhagens e no ritmo dançante derivado do brega, o tecnobrega, modalidade surgida no início dos anos 2000, tratando-se de uma fusão da tradicional música brega com a música eletrônica.A mulher no cenário e “circuito do tecnobrega” atesta sua presença como trabalhadora (“as baldeiras”), como DJ, cantoras do tecnobrega e, principalmente, como frequentadoras das festas de aparelhagens de tecnobrega, estas que revelam a transgressão de valores culturalmente arraigados, pois que denotam uma autonomia e independência femininas características das mulheres da periferia, longe dos padrões de beleza e comportamento da elite.

Palavras-Chave: Gênero. Tecnobrega. Mulheres da Periferia.

INTRODUÇÃO

A festa de aparelhagem em Belém do Pará é o ponto de convergência da cultura da periferia local. Tudo o que é produzido diariamente em relação ao brega e ao tecnobrega é encaminhado às aparelhagens para divulgação das músicas que, muitas vezes, se referem a fã-clubes, equipes e aparelhagens, estas que são a atração principal das festas tecnobregas, que prevalecem como atividade de lazer nos bairros periféricos de Belém, aí se incluindo a Ilha de Caratateua, popularmente conhecido como o Distrito do Outeiro.

O movimento musical denominado Brega se desenvolveu em Belém desde a década de 1980 a partir da atuação de uma indústria cultural local, que conjugava músicos, cantores, rádios, produtores fonográficos e estúdios de gravação. Desde então, até os dias atuais, o ritmo brega passou por algumas transformações, também originando o Tecnobrega (mistura do brega com música eletrônica), ritmo paraense que vem chamando a atenção do país inteiro, com representantes como Banda Calypso e Gabi Amarantos.

As festas de brega são constituídas, em sua maioria ou, até mesmo, em sua totalidade, pelas festas de aparelhagens, com sua música característica, o som em volume exorbitante, a indumentária particular dos grupos de apreciadores e fãs, e o comércio específico que se desenvolve ao seu redor em função dessas festas de aparelhagens. E todos os seus integrantes fazem parte da população residente nas periferias.

A partir de tal contextualização, o objetivo deste artigo é desenvolver reflexões acerca das questões de gênero no tecnobrega na Ilha de Caratateua (Outeiro), considerando-se a centralidade e o simbolismo exercido pela mulher nas festas de aparelhagens e no ritmo dançante derivado do brega, o tecnobrega, modalidade surgida no início dos anos 2000, tratando-se de uma fusão da tradicional música brega com a música eletrônica, tendo, portanto, a tecnologia como elemento fundamental.

Para a consecução do objetivo proposto foi aplicado o procedimento metodológico da pesquisa bibliográfica que, segundo Oliveira (2006), é importante por ser um método que implica na seleção, leitura e análise de textos relevantes ao estudo e tem por base fundamentos que determinam os passos e o caminho a ser percorrido na pesquisa, assim como exige reflexão constante e controle de variáveis, checando-se informações em relação ao conhecimento já adquirido. Segundo o autor, na realização da pesquisa bibliográfica é importante que o pesquisador faça um levantamento dos temas e tipos de abordagens já trabalhadas por outros teóricos, assimilando os conceitos e explorando os aspectos já publicados.

Para Cervo e Bervian (2007), a pesquisa bibliográfica tem como fonte de informações documentos escritos, impressos ou depositados em meios magnéticos ou eletrônicos e que possam ser utilizados para consulta, estudo ou prova. Segundo os autores, a pesquisa bibliográfica é uma pesquisa secundária, haja vista que são utilizados relatórios, livros, revistas, jornais e outras fontes impressas, magnéticas ou eletrônicas.

1. HOMENS E MULHERES: UMA QUESTÃO DE GÊNERO

Segundo o Manual de Formação de Gênero da Oxfam (1999, apud MORAES, 2005, p.11):

A palavra gênero foi usada na década de setenta, por Ann Oakley e outros autores, no intuito de descrever aquelas características de mulheres e homens que são socialmente determinadas, em contraste com aquelas que são biologicamente determinadas.

Scott (1990, apud FILHO, 2005, p. 129), referindo-se a esse conceito afirma que:

O Gênero foi criado para opor-se a um determinismo biológico nas relações entre os sexos, dando-lhes um caráter fundamentalmente social. O gênero enfatizava igualmente o aspecto relacional das definições normativas da feminilidade.

Considerar as diferenças do ser mulher e ser homem, dentro da perspectiva de gênero, é a maneira de visualizá-los em suas totalidades, considerando também seus universos exteriores. Scott (1986, apud FERREIRA, 2009, p.120) afirma que “é o gênero o primeiro modo de dar significado às relações de poder entre os sexos”.

Assim, a expressão gênero passa a ser utilizada para diferenciar os homens e mulheres, não em seus aspectos físicos e biológicos, mas sim nas características de cada sexo, adquiridas na vida social e cultural de cada um.

Gênero é o estudo da formação social e cultural tanto do homem quanto da mulher. Segundo Lima (2009, p.119), “distingue na ordem cultural e política as pessoas com corpo de mulher, das pessoas com corpo de varão”. Ainda para a autora “gênero (masculino/feminino) é uma construção cultural possível de ser modificada, [...] enquanto o sexo é interno, vem de dentro e designa os traços naturais de cada pessoa”.

Entende-se, portanto, que o gênero é utilizado como um instrumento de estudo das relações entre homens e mulheres, compreendendo-os a partir do contexto social onde as relações acontecem na prática.

Para Scott (1990, apud FILHO, 2005, p.138), o “gênero dá significado às distinções entre os sexos, transforma seres biologicamente machos e fêmeas em homens e mulheres, seres sociais”. É preciso, antes de tudo, dissociar a idéia de gênero como sinônimo de mulher, pois o “gênero daria conta de que as mulheres e os homens eram definidos em termos recíprocos e não poderiam ser entendidos separadamente”.

Izquierdo

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