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RESENHA CRITICA

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Por:   •  27/3/2014  •  867 Palavras (4 Páginas)  •  213 Visualizações

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Com sua experiência provinda do teatro, não é estranho que Sidney Lumet tenha feito um filme tão bom, totalmente teatral, passado 97% dentro de uma mesma sala. Acreditem, sei que soa estranho quando ouvimos essa característica, porque antes de ver o filme me perguntava se o roteiro teria força o bastante para agüentar uma mesma locação por uma hora e meia sem ficar cansativo, repetitivo, chato e desinteressante. Só que a preocupação ficou completamente de lado enquanto eu assistia essa obra-prima, já que fiquei tão dentro da história, tão envolvido, tão curioso ao ponto de até mesmo me esquecer do mundo por toda sua duração.

A história é bem simples. Doze jurados devem decidir se um jovem, acusado de assassinar o seu pai com uma facada no peito, é culpado ou inocente. Só que onze deles têm a certeza de sua culpa, enquanto o outro não quer votar por culpado apenas por cogitar a possibilidade do réu ser inocente. Não tem a clara certeza de sua culpa, algo que os outros possuem tão claramente. Como a jurisdição americana indica que só deve-se votar pela culpa do réu caso não haja nenhuma dúvida de sua acusação, e como todos os outros onze estão doidos para irem embora e acabarem com aquela 'chatice', o filme começa a criar os seus conflitos. Só que esse pouco caso de seus companheiros de júri acaba servindo de inspiração para que o jurado de número 8, interpretado por Henry Fonda (de Era uma vez no Oeste), busque cada vez mais a certeza dos outros jurados, tentando convencê-los a terem a mesma opinião que a sua, afinal, trata-se de uma vida humana que está em jogo, não um item qualquer.

As discussões são sempre de altíssimo nível. Você vai entrando cada vez mais na história e acaba por tomar partido igualmente aos jurados: ou você vai torcer pela inocência do rapaz, ou pela culpa, ou vai ficar confuso... O impossível é ficar indiferente ao roteiro extremamente bem escrito, curioso e inteligente. E os contra-argumentos são usados de maneira precisa e sem parecerem piegas ou moralistas demais. Vou dar um exemplo. Um jurado, para defender sua posição, utiliza-se de um argumento. Tempos depois, o jurado de número 8 utiliza-se do mesmo argumento para defender a inocência do rapaz. O mesmo jurado que havia utilizado primeiro o argumento, levanta-se e, esperneando, diz que esse tipo de coisa não deve ser levada em consideração. Mas ao invés do personagem de Fonda ir e repronunciar o contra-argumento, ele só olha de um jeito irônico para o outro jurado, que prontamente faz um olhar de perdido no mundo e pronuncia a frase 'isso não quer dizer nada'. Genial esse tipo de situação.

Um recurso que gostei muito é que o início do filme não é guiado por uma narração. Não somos apresentados ao caso por ninguém, não somos introduzidos por falas nem nada. O filme é aberto com imagens do tribunal, uma música suave, depois a situação vai sendo montada aos poucos, tudo através da imagem. Quando menos percebemos, já estamos situados no filme sem que uma palavra sequer seja dita. Depois temos o juiz falando, o que nos dá uma idéia do que está por vir, e todo o resto só sabemos pelo que os jurados falam. Mas sem nunca soar repetitivo, sem nunca nos deixar perdido dos fatos. Vamos construindo mentalmente, junto com eles, tudo o que aconteceu no caso, através do que foi possível entender no testemunho,

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