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Razão e Sensibilidade - Análise

Por:   •  25/5/2015  •  Ensaio  •  4.051 Palavras (17 Páginas)  •  191 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

Em virtude da morte do marido, uma viúva e as três filhas passam a enfrentar dificuldades financeiras, pois praticamente toda a herança foi para um filho do primeiro casamento, que ignora quase que completamente a promessa feita no leito de morte de seu pai que ampararia as meias-irmãs. Enquanto uma irmã usa a razão como principal forma de conduzir as situações, a outra se mostra completamente emotiva e imprudente, sem se reprimir nunca. O início da história revela duas irmãs inocentes, cada uma presa a sua sustentação (razão e emoção). Porém, com a primeira desilusão, as duas partem para uma aventura pessoal e acabam descobrindo que a vida não é simplesmente o amor, a paixão e o casamento, que a sociedade está emaranhada num complexo jogo de interesses onde é preciso saber lidar com as verdades duras que a perda da inocência pode revelar. O trabalho mostra a análise comparativa dos preceitos românticos aplicados na obra.  

  1. AS PROTAGONISTAS HEROÍNAS

2.1 ELINOR DASHWOOD – A RAZÃO

Elinor, a filha mais velha, possuía uma força de entendimento e uma frieza de julgamento que a havia tornado, apesar de ter apenas dezenove anos, conselheira da mãe e a qualificavam para contrabalançar, em proveito das quatro, a ligeireza de raciocínio de Sra. Dashwood, que comumente a levava a cometer imprudências. Elinor era discreta, comedida, racional e completamente altruísta.Tinha bom coração, era afetuosa e de sentimentos fortes, mas sabia como controlá-los, uma sabedoria que sua irmã, Marianne, não se mostrava interessada em aprender. Observadora sagaz do mundo que a cercava, cheia de valores morais e éticos, que em determinados momentos até faziam-na assumir ares de superioridade. Era contida e tímida, procurando sempre não demonstrar nenhum sentimento além daqueles que, por etiqueta, deviam ser divulgados em público. Calada, sofria a dor amor, tendo que se mostrar sempre fria e indiferente. Desencoraja a esperança da mãe sobre seu casamento com Edward, por causa dos obstáculos que representam as ambições da Sra. Ferrars para o filho e pelas atitudes naturalmente reservadas do rapaz, mesmo que intimamente tenha certeza dos sentimentos dele. A razão da situação diz a Elinor que, às vezes, não basta ter sentimentos, quando tudo mais está contra. Porém, quando se descobre igualmente amada pelo objeto de sua paixão, consegue deixar aflorar o sentimento que estava o tempo todo escondido.

2.2 MARIANNE DASHWOOD – A SENSIBILIDADE

Marianne, a segunda filha dos Dashwood, transbordava emoção e sentimento. Era romântica, passional, envolvente, pulsante, sensível e inteligente, mas, descontrolada. Suas alegrias e tristezas eram intensas e sem a menor moderação; generosa, amável e atenciosa, ela era tudo, menos prudente. Elinor via com grande consternação o excesso de sensibilidade da irmã, porém a Srta. Dashwood valorizava e estimulava esse traço de caráter.Marianne ao mudar-se para Devonshire, logo provoca interesse em Coronel Brandon, porém o rejeita e, se apaixona por Willoughby de Allenham. O compromisso entre os dois é dado como certo até que Willoughby anuncia sua partida atendendo a uma ordem de sua tia, o que provoca em Marianne profunda tristeza e desilusão. Viu-se solitária, perdida e completamente decepcionada com o destino do seu romance, rendeu-se ao desespero e á tristeza, sem esconder dos demais seu sofrimento, procurando aumentar a infelicidade com qualquer elemento que servisse para isso e determinou-se a não admitir nenhuma espécie de “consolo” no futuro. Coube às irmãs consolar Marianne, que durante um passeio acabaram por encontrar-se com Edward Ferrars, Marianne, por hora, esqueceu sua tristeza e alegrou-se com a felicidade de sua irmã Elinor. As duas irmãs se ajudavam mutuamente, apesar de em alguns momentos Marianne parecer egoísta; ela se mostrou histérica ao saber que Elinor estava sofrendo a todo o momento a perda de Edward, porém não deixou transparecer, mantendo para si toda a dor e angústia, e mais uma vez, Elinor teve de consolá-la. “Elinor tinha de ser a consoladora dos outros em suas próprias desgraças”.

A passagem seguinte reflete a diferença de visão de mundo e de personalidade das duas irmãs:

“- Quatro meses! Você sabe de tudo há quatro meses? Elinor confirmou.

- Quer dizer que enquanto me deu forças na minha miséria, guardava isso em seu coração? E eu que cheguei a criticá-la por ser feliz!

[...]

- Quatro meses! E você ainda o amava!

- Sim. Mas não amava apenas a ele, e como a paz dos outros é importante para mim, fiquei contente por que os poupava de saberem como me sentia. Agora, posso pensar e falar nisso com menos emoção. Fazendo-o agora, não a levo a sofrer por mim porque posso afirmar-lhe que não sofro mais materialmente. Houve várias coisas que me apoiaram. Tenho consciência de que não provoquei decepção alguma por imprudência cometida por mim e suportei a situação como pude, sem deixar que transpirasse para os outros. Desculpo Edward por ter agido errado. Desejo que ele seja muito feliz e tenho certeza de que fará o seu dever. [...]

- Se é assim que você vê as coisas... - disse Marianne - Se a perda de algo tão valioso pode ser substituída por outra coisa, sua resolução e seu autocontrole são, talvez, dignos de serem mais bem considerados. Quanto a mim, acham-se além da minha compreensão.

- Eu a compreendo. Você acha que não senti muito. Durante quatro meses, Marianne, tudo isso ficou martelando em minha cabeça sem que eu tivesse a liberdade de conversar a respeito com nem sequer uma pessoa. O pior é que nem mesmo podia prepará-las para o desfecho, sabendo que iria tornar você e mamãe muito infelizes se lhes dissesse o que acontecia. Foi-me contado que um compromisso anterior destruía todas as minhas perspectivas... Aliás, foi uma maneira da própria pessoa interessada forçar-me a me retirar. Pelo que pude perceber tudo me foi dito com uma sensação de triunfo. Tive de me opor às suspeitas dessa pessoa aparentando indiferença por algo em que estava profundamente interessada. E não foi apenas uma vez; tive de ouvir várias vezes as esperanças e as alegrias dela. Fiquei sabendo que me achava separada de Edward para sempre, sem tomar conhecimento de pelo menos um detalhe que me fizesse chegar à conclusão de que deveria cortar relações com ele. Nada demonstrava que Edward não era digno, nada indicava que ele era indiferente a mim. Eu teria de lutar contra a indelicadeza da irmã e contra a insolência da mãe dele; teria de sofrer um castigo pela afeição que dedico a ele sem, no entanto, poder aproveitar as vantagens. E tudo isso aconteceu num momento em que, como você sabe muito bem, eu não era a única a ser infeliz. Se você me considera capaz de sentir, com certeza pode imaginar o que sofri. A atitude de elegante compostura que mantenho enquanto falo nesses acontecimentos e o consolo que não procurei, porque não podia fazê-lo, são resultados de esforços contínuos e dolorosos... Essas coisas não surgiram por si mesmas, não apareceram logo no começo para me dar forças e apoio. Não, Marianne... Naquele momento, se eu não me visse obrigada a um silêncio absoluto, talvez nada teria conseguido me impedir... Nem mesmo o carinho que tenho por meus melhores amigos... De mostrar a todos quanto eu estava sendo infeliz. Marianne achava-se quase persuadida.

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