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Resenha De "O Marxismo Ainda É Útil?" De Frei Betto

Por:   •  23/6/2023  •  Resenha  •  2.246 Palavras (9 Páginas)  •  48 Visualizações

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[pic 1][pic 2]DOI: 10.26512/revistainsurgncia.v9i1.42837

caderno de retorno

O marxismo ainda é útil?

Is Marxism still useful?

Leonardo Figueiredo de Souza1

1 Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Sociais, São João da Ponta, Pará, Brasil. E-mail: leof.amazonia@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-8789-127X.

Marlon Kauã Silva Cardoso2

2 Universidade Federal do Pará, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Igarapé-Açú, Pará, Brasil. E-mail: marlonka.mk@gmail.com.

Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2019-5119.

Submetido em 10/04/2022. Aceito em 13/05/2022.

Pré-Publicação em 27/06/2022.

Como citar este trabalho

SOUZA, Leonardo Figueiredo de; CARDOSO, Marlon Kauã Silva. O marxismo ainda é útil?. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, v. 9, n. 1, jan./jun. 2023, Brasília, p. 663-670.

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InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais | v. 9 | n. 1 | jan./jun. 2023 | Brasília | PPGDH/UnB | IPDMS ISSN 2447-6684

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[pic 5]Leonardo Figueiredo de Souza - Marlon Kauã Silva Cardoso        664

O marxismo ainda é útil?[pic 6][pic 7]

BETTO, Frei. O marxismo ainda é útil? São Paulo: Cortez, 2019.

A partir de uma escrita acessível, encenando diálogos em uma sala de aula entre professor e alunos, Frei Betto se propõe a alcançar estudantes e militantes de movimentos sociais com o livro “O marxismo ainda é útil?”, publicado em 2019, dividido em 11 seções. O livro surge como uma importante ferramenta de defesa não só da escola de pensamento inaugurada por Karl Marx e Friedrich Engels, conhecida como marxismo, mas como uma defesa da própria ciência, uma vez que Marx é um autor importante em diversas áreas, mas, principalmente, para a Sociologia e para a Economia, onde é considerado um clássico. No ano de 2019, Jair Messias Bolsonaro assumiu o cargo de Presidente da República do Brasil, e carregou consigo durante a campanha, entre muitas bandeiras, a luta contra o comunismo e o ataque ao marxismo nas escolas, o que impulsionou Betto a publicar uma nova versão de seu escrito de 1985, cuja o nome era Organização Social e Política Brasileira (OSPB) – Introdução à prática política Brasileira.

No primeiro capítulo, “o marxismo não é mais útil”, diante dos setores mais conservadores e em alguns casos até reacionários da Igreja Católica – instituição a qual este autor tem utilizado ao longo da sua vida como ferramenta de contribuição para a transformação social – que reduz o marxismo às experiencias stalinista e maoísta e, portanto, sem utilidade. Frei Betto explica que reduzir o marxismo às atrocidades cometidas em seu nome é como identificar o catolicismo com a inquisição, e que assim como para entender o cristianismo precisava-se voltar ao evangelho e à Jesus e, para entender o catolicismo precisava-se voltar à São Francisco de Assis, para entender o marxismo, precisava-se e precisa-se voltar à Marx.

Ainda em tom de crítica a estes setores da Igreja Católica, Betto diz que “a religião não é um método de análise da realidade, e que o marxismo não é uma religião” (p. 18). Aponta ainda que a Igreja Católica é conivente com o capitalismo. Além disso, que o marxismo, com o socialismo, e o catolicismo com a eucaristia, convergem no seguinte ponto: a possibilidade de existência de mundo em que as pessoas poderão partilhar dos bens da terra e os frutos do trabalho.

InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais | v. 9 | n. 1 | jan./jun. 2023 | Brasília | PPGDH/UnB | IPDMS

[pic 8]665        O marxismo ainda é útil?

Dito isto, Betto começa a apresentar ao leitor o porquê o marxismo é útil. Nos capítulos “como a sociedade aparece aos nossos olhos” e “como funciona a sociedade”, aponta que assim como precisa da ciência para se compreender fatores naturais, biológicos etc. precisa-se da ciência para se compreender a sociedade e possibilitar a desnaturalização daquilo que se vê no cotidiano social. E uma das formas para se compreender a realidade é através do materialismo histórico dialético desenvolvido por Karl Marx e Friedrich Engels (2007) e pela sua respectiva tradição de pensamento – marxismo – que frei Betto não cita no livro, mas é possível perceber reminiscências no decorrer do texto.

Betto explica que os primeiros seres humanos que viviam na terra viviam do extrativismo, não produziam aquilo que necessitavam para sobreviver, mas que devido à escassez passaram a cultivar a terra, a criar animais, e através do trabalho passaram a transformar a natureza e produzir os bens necessários para sua existência.

O autor aponta que através do trabalho, homens e mulheres estabelecem entre si, relações sociais. Esta categoria (trabalho) é fundamental no marxismo. Nas palavras de Karl Marx (2007), o trabalho é uma atividade exclusivamente humana. Ela produz as condições materiais de existência e reprodução da sociedade, mediante a transformação de matérias naturais em produtos que atendem às necessidades de mulheres e homens, como também aponta a interpretação de Netto (2012).

Todavia, ao longo da história, a humanidade encontrou várias maneiras de produzir bens para sobreviver, e nessas várias formas, conhecidas como modos de produção, houve uma relação diferente de trabalho e de apropriação dos produtos deste.

Betto, provavelmente a partir da obra “Manifesto do partido comunista” de Marx e Engels (2010), aponta que as grandes mudanças na história da sociedade ocorreram através das lutas de classes e quando as pessoas mudaram o modo de produzir os bens materiais necessários a vida. Aponta também que na história da humanidade existiram e existem diversos modos de produção, a saber: o Primitivo, o Escravista, o Asiático, o Feudal, o Capitalista e o Socialista. A respeito disso, no quinto capítulo o autor trata do modo de produção primitivo, onde as tribos deixam de ser nômades e passam a se fixar em um só lugar, pois haviam descoberto a agricultura e a pecuária, todos trabalhavam e produziam o indispensável para viver, não havia desigualdade. Constitui-se, nesse momento, o início da propriedade primitiva que Engels (2017), por exemplo, trata em sua obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”.

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