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Síntese - Interpretações do Brasil

Por:   •  23/8/2018  •  Resenha  •  961 Palavras (4 Páginas)  •  126 Visualizações

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Universidade Federal do ABC
Bacharelado em Ciências e Humanidades
Interpretações do Brasil
Profª. Maria Caramez Carlotto


Milena Sedrim Adriano

Intérpretes do Brasil:
uma síntese do pensamento de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior

Considerados clássicos do pensamento social brasileiro, as obras produzidas por Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior – respectivamente, “Casa-Grande & Senzala”, “Raízes do Brasil” e “Formação do Brasil Contemporâneo” – são, além de interpretações históricas do país, essenciais à compreensão da cultura, identidade e realidade do mesmo. Dessa forma, cada qual com suas especificidades, as sobreditas publicações irão, conforme a época em que foram escritas e, especialmente, experiências e instituições as quais foram formados seus autores, propor análises e resoluções acerca das questões seculares que acompanhavam a nação.

Em referência ao primeiro intérprete mencionado, o pernambucano Gilberto de Mello Freyre irá, influenciado por Franz Boas, seu professor na Universidade de Columbia, utilizar-se de uma perspectiva culturalista e antropológica para repensar a miscigenação, de modo a positivá-la, atribuindo-a a força e riqueza nacional. Isto posto, têm-se que, em consonância com o ideário modernista da década de 30, o polímata buscou entender a identidade brasileira e concluiu, através de metodologia original, que substancialmente heterogênea e resultante da união étnica que promovia a estrutura familiar, essa era única, o que o tornou um dos mais influentes responsáveis pela difusão do reconhecimento do caráter nativo mestiço.

Dessarte, em “Casa-grande & Senzala: Formação da Família Brasileira sob o Regime da Economia Patriarcal”, Freyre dirá que as aproximações que ocorreram entre o colonizador e o colonizado foram decisivas para a formação social, defendendo que, das localidades que intitulam a produção, derivava a propensão à redução das distâncias sociais que existiam entre o senhor e o escravo, através de um violento, hierárquico e sádico sistema, representante majoritário da organização econômica, política, religiosa e, principalmente, sexual da época. Assim, como o próprio define no primo capítulo da composição de 1933, o “equilíbrio de antagonismos” era o que existia de mais fundamental entre as mesmas e foi, portanto, responsável pela origem do sincretismo cultural.

Ao estabelecer um paralelo entre o que fora pontuado e o que expunha Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil”, publicado pela primeira vez em 1936, é possível inferir que, preocupados com o período e herança colonial, os escritores contemporâneos concordavam acerca da problemática que circundava o arranjo familiar e a natureza violenta dos indivíduos concebidos em tal solo. Contudo, enquanto Gilberto Freyre, apesar de reconhecer a hostilidade da colonização, demonstrou-se simpático e favorável a evolução de seu legado e, mormente, à veemência portuguesa, o historiador paulista buscou a ruptura e superação definitiva do passado que, segundo ele, prejudicou completamente a organização política do Estado e da sociedade e, além de tudo, propiciou o que ele nomeará “homem cordial”.

Estruturado através da óptica weberiana, primordial ao pensamento de Buarque de Holanda, o conceito supracitado visa delinear o tipo ideal do homem brasileiro, portador do chamado “jeitinho brasileiro”, que excessivo em sociabilidade e passionalidade, dificulta o cumprimento das normas e pactos sociais e, ainda, favorece o domínio privado sobre o público, o que é alarmante para o autor, pois prejudica a formação das cidades e, por conseguinte, o desenvolvimento do país. Ademais, segundo o mesmo, tal fenômeno é viabilizado pelo culto à personalidade herdado dos ibéricos e, também, pelo ruralismo, que reforçam, na devida ordem, o individualismo e o patriarcalismo, obstaculizando a modernidade a qual, apesar de tudo, ele acreditava ser possível e, surpreendentemente, considerava estar em curso, sendo extremamente particular.

No que se refere as relativas particularidades do território, Caio Prado Júnior, político e historiador paulista, considerado um dos maiores intelectuais brasileiros, bem como fizeram os autores anteriormente citados, irá enfatizá-las baseando-se na percepção colonial. Em concordância com que sugeria Sérgio Buarque de Holanda, o intérprete em questão dirá que, a exploração lusitana intencionou, desde o início, rápida obtenção de riquezas. Entretanto, devido a dissemelhança metodológica entre ambos, dado que, enquanto o primeiro era materialista, o segundo era idealista, Caio Prado Jr. se baseará no marxismo dialético para analisar a exploração comercial estabelecida no Brasil que, ao diferir-se do modelo consolidado na Europa, impossibilitou a existência do feudalismo e, logo, a evolução considerada padrão, que transladaria de tal aludida organização ao capitalismo e, posteriormente, ao socialismo.

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