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AS QUESTÕES FUNDAMENTAIS PRESENTES NO TRATADO DE DEO UNO NA SUMA TEOLÓGICA DE SANTO TOMÁS DE AQUINO

Por:   •  24/4/2022  •  Relatório de pesquisa  •  2.051 Palavras (9 Páginas)  •  132 Visualizações

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QUESTÕES FUNDAMENTAIS PRESENTES NO TRATADO DE DEO UNO NA SUMA TEOLÓGICA DE SANTO TOMÁS DE AQUINO[1]

Por Lucas Gomes de Sousa Farias Simões[2] 

Introdução

Nesta presente pesquisa acerca das considerações tomasianas sobre Deus, trataremos apenas de algumas questões relevantes e fundamentais do tratado de Deo Uno presente na principal obra do Aquinate: a Suma Teológica.

As questões selecionadas são oportunas para iniciarmos os estudos sobre a Pessoa Divina como objeto de investigação filosófica segundo o edifício doutrinal de Santo Tomás de Aquino, o ápice do método escolástico e o maior nome do neo-aristolelismo.

A presente pesquisa é suficientemente eficaz para respondermos algumas problemáticas próprias da Filosofia da Religião: se Deus existe e se podemos conhecê-lo. Questões basilares para iniciarmos uma discussão mais elevada ou mesmo compreendermos o mínimo necessário sobre o Deus no pensamento de um autor.

Da existência de Deus

Não sei qual pergunta nos é mais difícil de responder: o que é Deus ou se Deus existe. De qualquer forma, ao pensarmos na palavra DEUS, algo nos vem a mente, seja o que for, mas alguma coisa nos vem, mesmo que seja falso ou incorreto.

Para Santo Anselmo, podemos conceituar Deus, por vias a priori de nossa intelecção, que é o ser cujo nada maior se possa pensar. Isso significa que Deus é o máximo que podemos inteligir. Este é o princípio do argumento ontológico de Santo Anselmo.

Santo Tomás de Aquino, também admite esta premissa: que Deus é o ser maior que possa ser pensado. Mas critica e difere-se de Santo Anselmo quando reconhece que nem todos tem claro que Deus realmente é o ser que maior possa ser pensado, apesar de o ser. Portanto, o conhecimento e a evidência da existência de Deus não é a priori como aponta Anselmo.

Tomás de Aquino afirma que “não sabemos o que é Deus”, porém, afirma que “a proposição Deus existe, quanto à sua natureza, é evidente” (STh, I, q.2, a.1, resp.). O Aquinate está dizendo que é lógico concebermos a existência de Deus, mas não é possível definir a essência de Deus, em outras palavras, Deus existe, mas mal sabemos o que Ele é, perfeitamente.

Como apontado acima, apesar da limitação em responder o que é Deus, é demonstrável a sua existência. Podemos demonstrar algo de duas maneiras: pela causa ou pelo seu efeito. Mas como foi dito, não conhecemos o ser de Deus, mas podemos responder a interrogativa quid est Deus, por seus efeitos. Se existe algo belo, e sendo Deus o ser que de maior que se possa pensar, Deus é o Belo, ou o belíssimo, bem como também é o Sumo Bem, o justíssimo, o perfeitíssimo... Pelos efeitos das coisas, conhecemos a causa que é Deus. “Não nos sendo evidente, a existência de Deus é demonstrável pelos efeitos que conhecemos” (STh, I, q.2, a.2, resp.); “embora por eles não possamos perfeitamente conhece-lo na sua essência” (STh, I, q.2, a.2, sol.3)

Todavia, vimos que não conhecemos Deus a priori, pois mesmo sendo Deus o que maior se possa pensar, nem todos os seres racionais concebem igualmente o conceito de Deus tal como definimos. Tomás, portanto, partindo de sua epistemologia a posteriori, busca provar a existência de Deus, e encontra 5 vias para isto: as 5 vias da existência de Deus.

A primeira é a via do movimento. No mundo, há coisas que estão em movimento; tudo que se move, é movido por outro, pois como nada pode estar em ato e em potência ao mesmo tempo, nada pode mover-se a si mesmo e ser movido ao mesmo tempo; se há coisas se que movem e essas são movidas por outros, isso se sucede ao infinito, o que não se pode se proceder, pois se não há um primeiro motor, não há seus subsequentes, logo, não há movimento, o que não se aplica como fica claro acima. Ora, é necessário que exista um primeiro motor de nenhum outro movido, e este é Deus, ser maior que possa ser pensado.

A segunda é a via da causa eficiente. Há no mundo efeito de causas, e há causas que se procedem de causas anteriores, sendo uma causa, efeito de outra. Mas não é possível que uma causa eficiente seja causa de si própria, pois como pode ser a mesma coisa causa anterior a si mesma? Se tendermos ao infinito, não haveria causa eficiente primeira, se não há a primeira, não há suas posteriores. Ora, é necessário que exista, uma causa eficiente primária e esta é Deus, ser maior que possa ser pensado.

A terceira é a via da causa necessária. Há coisas que podem ser ou não ser, mas é impossível que todas as coisas possam não ser, pois se não são, uma ora não foi, e se todas as coisas fossem assim, nenhuma existiria, pois nada existindo, nada poderia começar a existir. Assim, nem todos os seres são contingentes, há seres que são necessários. Mas igualmente há entes mais necessários e anteriores a alguns entes necessários de outros, e assim se procede ao infinito, o que não é possível, sem que exista um ser por si necessário a todos os posteriores se não tem de fora a causa de sua necessidade. A causa da necessidade dos outros os seres subsequentes é Deus, ser que maior possar ser pensado.

A quarta é a via dos graus das coisas. Podemos atribuir predicado as coisas, como belo, justo, bom, nobre, dentre outros. Há dentre os entes mais ou menos relativamente a outro e especialmente ao máximo inteligível, sendo assim, o quente mais quente aquele que se aproxima mais ao maximamente quente. Portanto, se há entes belos, justos, bons, nobres... há o belíssimo, justíssimo, boníssimo, nobríssimo... ou seja, o máximo ser, este só pode ser Deus, ser maior de que se possa pensar.

A quinta é a via do governo das coisas. Todas as coisas possuem causa final, ou seja, todas as coisas tem um fim. Todos os corpos naturais irracionais, operam em vista de seu fim, mas não por acaso, visto que operam sempre ou frequentemente do mesmo modo, daí temos que operam ao seu fim por intenção. Mas para que isso aconteça, algum ente conhecedor e inteligente necessita dirigi-lo a sua finalidade. Ora, há um ser inteligente pelo qual todas as coisas naturais se ordenam ao fim, este é Deus, ser que maior se possa pensar.

Dito tudo isto, fica claro que é logicamente possível declarar que Deus – realmente – existe e nos é demonstrável pelas vias apresentadas, sendo resposta a interrogação se Deus existe, acima mencionado. Mas queremos também entender o que podemos conhecer e predicar de Deus.

Do conhecimento de Deus

Uma premissa muito cara para o edifício do pensamento tomasiano é de que Deus é Criador e a Providência de todas as coisas, isto é, Deus é causa eficiente e causa final de tudo que existe. Disto, temos que Deus tudo criou e ordenou segundo sua razão e vontade; bem como tudo que existe, existe por Ele e n’Ele, de modo que tudo subsiste de sua realidade; e é Ele mesmo o fim último de todas as coisas. Deus cria, sustenta e ordena todas as coisas que existem e que possam existir, pois nada há sem Ele.

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