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História Da Filosofia II

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Por:   •  15/10/2013  •  1.716 Palavras (7 Páginas)  •  437 Visualizações

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Para começar esta atividade leia a transcrição do capítulo I, do livro de Santo Agostinho, De magistro (Sobre o mestre) na sequência.

CAPITULO I

Finalidade da linguagem

AGOSTINHO

— Que te parece que pretendemos fazer quando falamos?

ADEODATO

— Pelo que de momento me ocorre, ou ensinar ou aprender.

AGOSTINHO

— Vejo uma dessas duas coisas e concordo; com efeito, é evidente que quando falamos queremos ensinar; porém, como aprender?

ADEODATO

— Mas, então, de que maneira pensas que se possa aprender, senão perguntando?

AGOSTINHO

— Ainda neste caso, creio que só uma coisa queremos: ensinar. Pois, dize-me, interrogas por outro motivo a não ser para ensinar o que queres àquele a quem perguntas?

ADEODATO

— Dizes a verdade.

AGOSTINHO

— Vês portanto que com o falar não nos propomos senão ensinar.

ADEODATO

— Não vejo isto claramente; porque se falar nada mais é que emitir palavras, isto fazemos também quando cantamos; às vezes o fazemos sozinhos, sem que esteja presente alguém que possa aprender; não creio que pretendamos então ensinar algo.

AGOSTINHO

— Há todavia, creio, certa maneira de ensinar pela recordação, maneira sem dúvida valiosa, como se demonstrará nesta nossa conversação. Mas, se tu pensas que não aprendemos quando recordamos ou que não ensina aquele que recorda, eu não me oponho; e desde já declaro que o fim da palavra é duplo: ou para ensinar ou para suscitar recordações nos outros ou em nós mesmos; o que fazemos também quando cantamos; ou, por acaso, não te parece?

ADEODATO

— Não, absolutamente: porque muito raramente acontece que eu cante para lembrar-me, mas frequentemente para deleitar-me.

AGOSTINHO

— Compreendo o que queres dizer; mas não percebes que o que te deleita no canto não é senão uma certa modulação do som, que, pelo fato de se poder acrescentar ou subtrair às palavras, faz com que uma coisa seja o falar e outra o cantar? Em verdade, também com a flauta e a citara se emitem modulações, cantam também os pássaros, e nós mesmos, às vezes, entoamos um motivo musical sem palavras, o que se pode chamar canto, mas não fala; tens algo a opor a isto?

ADEODATO

— Nada.

AGOSTINHO

— Parece-te então que a palavra não foi instituída senão para ensinar e recordar?

ADEODATO

— Assim pensaria se não me levasse a opinar contrariamente o fato de que, quando rezamos, sem dúvida falamos, e, certamente, não é lícito crer que ensinamos ou recordamos algo a Deus.

AGOSTINHO

— Tenho a impressão de que não sabes que, se nos foi ordenado rezar em lugares fechados , expressão que significa o espaço secreto da alma, o foi porque Deus não quer ser lembrado de algo ou ensinado por nossas palavras, para conceder-nos o que desejamos. Quem fala, pois, dá exteriormente o sinal da sua vontade por meio da articulação do som: mas devemos procurar Deus e suplicar-lhe no mais íntimo recesso da alma racional, que se denomina o homem interior; quis Ele que fosse este o seu templo. Não leste no Apóstolo: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós ”, e que “Cristo habita no homem interior ?” E não reparaste no que diz o Profeta: “Falai dentro dos vossos corações e nos vossos leitos arrependei-vos: oferecei os sacrifícios da justiça e confiai no Senhor ”?

Onde crês que se podem oferecer os sacrifícios da justiça a não ser no templo da mente e no íntimo do coração? Onde se fizer o sacrifício, aí também se há de orar. Por isso não são de mister palavras quando rezamos, isto é, palavras soantes, exceto, talvez, no caso do sacerdote que expressa pela palavra o seu pensamento, mas não para que Deus, e sim os homens ouçam, e, por meio do consentimento na recordação, sejam elevados até Deus. Ou não pensas assim?

ADEODATO

— Concordo plenamente.

AGOSTINHO

— Portanto, não te preocupa o fato de que o soberano Mestre, ensinando a rezar aos seus discípulos , ensinou certas e determinadas palavras, pelo que não parece ter feito outra coisa senão ensinar como devemos falar quando rezamos?

ADEODATO

— Isso não me preocupa de modo algum, pois não lhes ensinou palavras, mas pelas palavras, aquelas coisas com que ficassem avisados quanto a quem e o que haviam de pedir quando orassem, como foi dito, no segredo da mente.

AGOSTINHO

— Entendeste certo: creio também teres notado, apesar de haver quem não concorde, que, mesmo sem emitir som algum, nós falamos enquanto intimamente pensamos as próprias palavras em nossa mente; assim, com as palavras nada mais fazemos do que chamar a atenção; entretanto, a memória, a que as palavras aderem, em as agitando, faz com que venham à mente as próprias coisas, das quais as palavras são sinais.

ADEODATO

— Compreendo e acompanho-te.

Dado o que você leu acima, responda às perguntas a seguir:

1. Quem foi Adeodato? (0,5 pontos)

Adeodato foi filho de Agostinho de Hipona. Seu pai não se converteu antes dos trinta e dois anos de idade. Aos dezessete anos passou a viver com uma jovem mulher, e desta união nasceu Adeodato. Agostinho lhe deu este nome porque, dizia, foi “dado por Deus”. O jovenzinho Adeodato era orgulho e esperança dos pais, possuidor de uma mente brilhante. O nome da mãe de Adeodato nunca foi revelado. Ela e Agostinho não se casaram porque havia motivos jurídicos e sociais muito fortes, se não insuperáveis. Finalmente eles se separaram. Ela deixou Adeodato com o pai. Vendo a inteligência maravilhosa de seu filho, Agostinho sentia uma espécie

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