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O MOTOR IMÓVEL OU DEUS SEGUNDO ARISTÓTELES

Por:   •  16/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.871 Palavras (8 Páginas)  •  584 Visualizações

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 O MOTOR IMÓVEL OU DEUS SEGUNDO ARISTÓTELES[1]

Lailson Igor Trindade Silva[2]     

Matheus Marques Rodrigues da Costa[3]

INTRODUÇÃO

Aristóteles nasceu em Estágira em 384 a.C e morreu em 322 a.C. Discípulo de Platão e preceptor de Alexandre, O Grande, Aristóteles escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Juntamente com Sócrates e Platão, é considerado um dos pais da Filosofia Ocidental. Entre suas inúmeras obras (grande parte perdida), está a famosa Metafísica, uma compilação póstuma de vários escritos do filósofo de Estágira que deu origem a 14 livros. Nesses escritos, Aristóteles busca investigar o Ser em sua totalidade e não delimitando uma de suas partes como fazem as outras ciências. A Metafísica é a ciência que estuda o que está além (meta) da natureza, da matéria (physis). O nome “Metafísica” não surge junto com a ciência a qual define e há algumas explicações para a sua origem, que são irrelevantes nessa resenha que tem como objetivo o conteúdo da obra e não o seu nome.

METAFÍSICA

Os primeiros filósofos consideravam como princípio de todas as coisas, elementos da natureza. Tales de Mileto considerava a água como o princípio de tudo, pois em tudo Se encontra a umidade. Já Anaxímenes dizia que o ar é anterior à agua e para Heráclito o fogo não é apenas a arché; ele é o princípio objetivo, o fundamento substancial e não temporal. Empédocles, no entanto, considera que o princípio de tudo são os quatro elementos: ou seja, além da água, do ar e do fogo, inclui se também a terra como uma das causas primeiras. Porém para Aristóteles, a causa primeira não se encontra na natureza e por isso é necessário que haja uma ciência específica para tal estudo. Segundo Aristóteles (apud REALE, 2005, p. 37) no início do livro A, metafísica é a “ciência ou conhecimento das causas e dos princípios primeiros ou supremos”. É a ciência superior a todas as outras, pois investiga o porquê último de todas


As coisas, sendo assim é a ciência de Deus, pois ele é de fato o supremo dos princípios e a primeira das causas. Outra definição para a metafísica é a do ser enquanto ser. Enquanto as outras ciências se ocupam de investigar uma parte do ser, uma realidade particular, a metafísica tem como objeto de indagação a realidade enquanto realidade. Para Aristóteles as causas supremas ou primeiras se constituem na realidade de todas as realidades. Existem ainda mais duas definições para a metafísica; como teoria da substância e como ciência teológica. Para Aristóteles, substância não só é o principal significado do Ser, mas é o fundamento de todos os outros. Sendo assim, a Ciência das causas primeiras de Ser é a ciência das causas e dos princípios da substância. A quarta definição para metafísica, ciência teológica, pode também ser usada para defini-la como uma unidade, já que Deus é o princípio supremo.

A UNIDADE DOS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS DO SER

A metafísica aristotélica não estuda apenas o ser como o ser, mas o princípio das formas do mundo e do movimento. O Ser imóvel e incorpóreo. Na Metafísica, o Ser não é entendido univocamente, como assim entendiam os eleatas e nem como gênero transcendente ou universal, ao modo platônico. O Ser exprime múltiplos significados, mas não chega a ser um homônimo ou um equívoco.

O Ser está numa via intermediária entre univocidade e equivocidade. Segundo Aristóteles (apud REALE, 2005 p. 64), “o ser se diz em múltiplos significados, mas sempre em referência a uma unidade e a uma realidade determinada. O Ser se diz em muitos sentidos, mas todos em referência a um único princípio”. Dessa forma, o Ser não pode ser reduzido a um gênero ou a uma espécie. É um conceito muito mais amplo e extenso que gênero e espécie. Mas afinal, que tipo de unidade é o Ser? Na verdade, o Ser é a unidade de diversos significados que se referem a uma única natureza, a algo uno que é a substância. Assim, se conclui que a substância é a unificação de todos os significados do Ser. O Ser segundo a potência (aquilo que pode vir a ser) e o ato (aquilo que é atualmente) também não possui um único significado, já que não existem além das categorias.

CATEGORIAS DO SER

As categorias do Ser representam as suas divisões ou, como diz Aristóteles, “os supremos gêneros do ser”. Eis as categorias: 1) Substância ou essência- é o que existe em si mesmo. Ex: o homem 2) Qualidade é a determinação da natureza ou da forma da substância, p.ex., inteligente. 3) Quantidade é a determinação da matéria da substância, dando-lhe/ atribuindo-lhe partes distintas de outras partes, p.ex., alto. 4) Relação é a referência que uma substância ou um acidente estabelece com outra, p.ex., amigo. 5) Ação é o exercício das faculdades ou de poder sobre a substância, de modo a produzir um efeito em alguma outra coisa ou nela mesmo, p.ex., sorrir e quebrar. 6) Paixão é a recepção sofrida, por uma substância, de um efeito produzido por algum agente, p.ex., ser demitido, ser ferido. 7) Quando é posição em relação ao curso de eventos extrínsecos, e que mede a duração de uma substância, p.ex., tarde de ontem. 8) Onde é posição em relação aos corpos que circundam uma substância, que mede e determina o seu lugar, p.ex., próximo à estação. 9) Ter 10) Jazer As duas últimas categorias só aparecem nas obras de Lógica e não na Física ou Metafísica, pois elas não têm relevância ontológica, sendo redutíveis a outras. Ex: o ter armas pode ser reduzido a relação e o jazer pode ser reduzido ao onde. Todas essas categorias levam a uma causa teleológica que é a primeira categoria do Ser, a substância.

O MOTOR IMÓVEL

O Motor Imóvel é um conceito aristotélico que pretende demonstrar racionalmente a existência de um princípio supremo da natureza. Contudo, não devemos comparar este conceito com a ideia de Deus da tradição judaico-cristã, pois o Motor Imóvel não é uma ideia de um Ser que se importa com o mundo. Para Aristóteles, tudo tende para esse princípio, que movimenta todas as coisas. Utilizando uma comparação do próprio Aristóteles, ele é como o ser amado que atrai o amante sem precisar fazer nada.

Aristóteles percebeu que tudo está em movimento. O ciclo da natureza é formado pelo eterno nascimento, crescimento e morte. Da mesma forma que as folhas de uma árvore nascem, crescem e caem mortas, dando suporte para a vida na floresta, todos os seres estão submetidos a esse movimento eterno. Contudo, tudo o que se move é também movido por algo, pois este é o princípio do movimento. Desde o crescimento das plantas, das árvores, o movimento dos animais, dos planetas, enfim, todo o movimento da natureza tem um princípio único, um primeiro movimento ou primum movens que não está, ele mesmo, sujeito ao movimento, caso contrário, ele também iria perecer. Por isso Aristóteles afirmou que esse motor é imóvel, pois move todas as coisas, mas não move a si mesmo. Como não está submetido às leis do movimento, ele é eterno e imutável e imaterial.

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