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MODELO DE DESENVOLVIMENTO, CONSUMISMO E QUESTÃO AMBIENTAL

Por:   •  23/10/2019  •  Artigo  •  4.547 Palavras (19 Páginas)  •  184 Visualizações

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1. MODELO DE DESENVOLVIMENTO, CONSUMISMO E QUESTÃOAMBIENTAL

O homem, como nenhum outro ser vivo, consegue transformar as matérias-primas que encontra de modo a torná-las úteis para si. Durante a confecção de artigos, objetos e utensílios, formam-se grandes quantidades de resíduos inúteis, que com o tempo acabam por comprometer o ambiente. Além disso, durante o processo de fabricação não é consumida apenas a energia própria do corpo humano, mas, sobretudo a energia proveniente de outras fontes (FELLEMBERG, 2005).Assim, o ser humano é responsável por transformações do meio ambiente, alterando a dinâmica harmoniosa e cíclica da natureza, provocando desequilíbrio e colocando em risco a qualidade de vida; principalmente após o avanço tecnológico proveniente da revolução industrial, com a produção em massa para atender a população e a migração do campo para a cidade (SOARES et.al. 2007)

Com o processo de industrialização, com a crescente concentração populacional urbana e o incentivo ao consumo como características básicas da sociedade contemporânea, os problemas sociais, ambientais e de saúde pública se agravam. Este padrão de organização culmina na urbanização, apontada como indutora de amplas transformações no estilo de vida do homem, tendo como consequências a deterioração de sua qualidade de vida, resultando em exclusões sociais e a precariedade que caracteriza este espaço urbano, levando em conta que a grande maioria das populações mundiais vive em zonas urbanas. Ao mesmo tempo em que degradam o próprio homem, sua qualidade de vida e seu estado de saúde, os padrões de desenvolvimento adotados vêm favorecendo a degradação ambiental por meio da exploração predatória de recursos naturais e poluição, ás quais, têm gerado grandes impactos nas condições de saúde e qualidade de vida da população. O modo como os homens vivem, adoecem e morrem, além das percepções culturais e de características individuais, é fortemente condicionado pelo modo como a sociedade produz e distribui suas riquezas ao longo da história (SIQUEIRA & MORAES, 2009).

Segundo Zanetti (2002) a sociedade capitalista tem sua economia ancorada no neoliberalismo que possui como meta a intervenção mínima do Estado na economia, para que o próprio mercado tenha total autonomia e comande os rumos do cotidiano, visando o lucro como grande objetivo final. Tal sociedade baseada nesse sistema tem agredido a natureza através do consumo exagerado e sem limites, trazendo o desperdício e a produção de resíduos que ao serem descartados, acumulam-se no ambiente causando danos ao homem e ao planeta. Desta forma:

A manutenção da produção de maneira a atender o crescente consumo requer, ao mesmo tempo, o uso cada vez maior de recursos naturais e energéticos [...] Pode-se afirmar que a apropriação privada dos recursos naturais, guiada pela lógica capitalista do lucro, com seus ritmos produtivos artificiais lineares e em aceleração crescente, é o fator responsável pela crise ambiental e pela grande quantidade de lixo gerado na produção e no consumo (Zanetti, 2002, pág.1).

As principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente em âmbito global são os padrões insustentáveis de produção e consumo, especialmente em países industrializados, os quais provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios socioambientais e econômicos (SIQUEIRA & MORAES, 2009). Os países industrializados ou comumente chamados de desenvolvidos investiram em um esquema que lhes garante acesso barato aos recursos. Em contrapartida os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimentos pagam os custos tanto financeiros, quanto sociais e ambientais (LUTZEMBERGER, 2012).

Os efeitos de uma postura exploradora e consumista sobre o ambiente podem ser desastrosos na medida em que o homem desafia os limites externos, modificando a sua relação com o ambiente e pautando-se na tecnologia como instrumento primordial na busca de soluções para os problemas ambientais. A cultura de consumo[1] se desenvolve numa movimentação de mercado que visa à geração de lucros crescentes, que necessita constantemente de mais produção e mais consumo.  Assim, quando os estímulos para o consumo e as necessidades não são originados dentro do indivíduo, mas de fora, se desconhece os limites das ações e há uma não responsabilização dos agentes em relação aos seus atos. Assim, quanto mais for produzido, mais a pessoa que deseja manter o seu prestígio precisa adquirir (SIQUEIRA & MORAES, 2009).Outro detalhe é que muitas vezes acha-se mais vantajoso descartar algum aparelho que está quebrado, do que concertá-lo, já que adquirir um novo é mais barato. O fato é que se utilizam mais recursos do que realmente é preciso (HEMPE, 2012).

Com raízes no final do século XIX, a questão ambiental emergiu após a segunda guerra mundial, promovendo importantes mudanças na visão do mundo. Pela primeira vez a humanidade percebeu que os recursos naturais são finitos e que seu uso incorreto pode representar o fim de sua própria existência. Com o surgimento da consciência ambiental, a ciência e a tecnologia passaram a ser questionadas;ambas avançaram com muita velocidade durante o século XIX e desenvolveram-se mais rapidamente ainda a partir do início do século XX, com a forma de produção em massa e a intensificação da atividade industrial. As técnicas tornaram-se cada vez mais sofisticadas e foram multiplicadas, ocupando o território. Mas, quanto mais sofisticada e poderosa a mecanização, mais riscos ela provoca para a vida humana e tanto maior é a pressão econômica para tirar dela mais lucro e desempenho. A forma capitalista de produzir, explorando as riquezas da Terra, afeta diretamente o meio ambiente, na maioria das vezes provocando impactos negativos irreversíveis ou de difícil recuperação que cada vez mais se expandem em quase todas as dimensões da vida humana, obrigando a rever a forma como agimos sobre o meio natural e as próprias relações sociais, questionando os hábitos de consumo e as formas de produção material.  Os riscos acabam sendo minimizados pela rotina das atividades, onde geralmente nada acontece de muito grave em curto prazo, mas o risco mais presente é a própria capacidade do espaço físico de suportar tantos objetos industriais. Atualmente, a maior meta da humanidade seja de minimizar o perigo provocado pela era industrial e o controle dos riscos está diretamente relacionado com a noção de futuro, já que muitos riscos podem ser controlados ou até evitados até certo grau, exceto os eventos naturais de grande porte como atividades tectônicas e climáticas (CUNHA & GUERRA, 2003).

A compreensão tradicional das relações entre sociedade e natureza vinculadas ao processo de produção capitalista, considerava o homem e a natureza como polos excludentes, tendo a concepção da natureza como objeto e fonte ilimitada de recursos à disposição do homem. Com base nesta concepção desenvolveram-se práticas em que a acumulação se realizava por meio da exploração intensa dos recursos através do processo de industrialização e acreditava-se que o crescimento econômico não tinha limites, com significado de dominar a natureza. Mas recentemente nas décadas de 60/70 percebeu-se que os recursos naturais são esgotáveis e que tal comportamento provocava efeitos perversos à natureza e o crescimento revelava-se insustentável (CUNHA & GUERRA, 2003).

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