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A Cultura no mundo Líquido Moderno

Por:   •  4/9/2015  •  Resenha  •  2.272 Palavras (10 Páginas)  •  2.500 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA

BAUMAN, Zygmunt (2013). Rio de Janeiro: Zahar Editores

Em seu livro A cultura no mundo líquido moderno, Zygmunt Bauman faz um eficaz complemento do conceito de liquidez moderna, agora olhando para a cultura e para o mundo da arte, demonstrando que não é apenas no sujeito e em sua subjetividade que as coisas andam cada vez mais fluidas e indistintas. Recorda os deslocamentos históricos sobre o conceito de cultura e analisa sua significação no atual contexto social, provocado pela globalização, migração e coexistência conflituosa de populações.

O livro “A cultura no mundo liquido moderno” é divido em seis capítulos, totalizando 109 paginas. No primeiro capitulo intitulado “Apontamentos sobre as Peregrinações Históricas” Zygmunt Bauman comenta sobre um estudo, liderado pelo sociólogo de Oxford John Goldthorpe, no qual relata que mediante a hierarquia da cultura, não se pode mais estabelecer uma distinção entre a elite cultural e aqueles que estão abaixo dela, visto que, diferentemente de outrora, as diversas manifestações culturais que eram tidas como exclusivas de determinados segmentos sociais, atualmente permeiam em todas as esferas sociais.

No decorrer do capítulo, o autor expõe algumas ideias do sociólogo Pierre Bourdieu, este que declara que em algumas décadas atrás, as contribuições artísticas eram direcionadas a uma classe social específica sendo produzida e aceita somente por aquela classe, fortalecendo legivelmente as divisões existentes entre as classes. Havia uma diferenciação entre os gostos de cada classe, sendo que os gostos das elites estavam relacionados à “alta cultura” e classe baixa ao “gosto vulgar” e misturar esses gostos seria uma tarefa quase impossível. Contudo, percebe-se que ao passar dos tempos os conceitos vão mudando, e as pessoas, definidas por Bauman como “unívoras”, que selecionavam tudo o que consumiam, passaram a ser “onívoras”, que consome tudo. Ou seja, as pessoas passaram a se identificar com diversas formas de culturas ao mesmo tempo, sem essa segregação do que é propicio a elite ou a massa. Bauman conclui que a cultura nos momentos atuais se manifesta como arsenal de artigos destinados ao consumo, competindo pela atenção dos potenciais clientes, visto que, sua função não é mais satisfazer necessidades existentes, e sim, criar outras.

Moda, identidade liquida e utopia nos dias atuais: algumas tendências culturais no século XXI é o titulo do segundo capitulo do livro de Zygmunt Bauman. Neste capitulo o autor trata da moda na modernidade liquida fazendo uma relação com terminologias da física. O mesmo começa o texto dizendo que a moda “nunca apenas é”, isto é, vive em um constante estado de devir, ou seja, algo que pode vir a ser. Para Bauman a moda é um fenômeno social, que multiplica e intensifica as distinções, diferenças, desigualdades, discriminações e deficiências que ela promete suavizar, e em ultima instancia eliminar.

O autor argumenta que o devir da moda é semelhante a um pêndulo, onde há transformações de forma gradual e profundas, entretanto não há perdas e sim ganho, havendo sempre uma substituição. A busca pela última moda faz com que as atuais marcas de distinção se tornem comum, possibilitando a perda da individualidade das classes que ate então se encontrava no topo do que era “novo e atual”. Por fim, a moda é um dos principais motores do “progresso”, em outras palavras, desvaloriza tudo aquilo que ela deixa atrás de si e substitui por algo novo.

No terceiro capitulo do livro com o titulo “Cultura: da construção da nação ao mundo globalizado” Bauman começa falando da influencia da globalização, entretanto limita-se apenas a aspecto do caráter diferenciador da migração global. Segundo o autor a migração em massa, ou migração de pessoas, foi parte integrante da modernidade e da modernização. O mesmo segue o texto caracterizando as três fases que constituem a história da migração moderna: a primeira foi à emigração de cerca de 60 milhões de pessoas da Europa, para as “terras vaga” ou indígena. A segunda trata do declínio dos impérios coloniais, e a ida das populações nativas com os colonialistas para sua terra natal, se tornando dessa forma minorias nas terras recém-chegadas. E por ultimo, a terceira fase da migração, a era das diásporas, caracteriza-se pela lógica da redistribuição global dos recursos vivos e das chances de sobrevivência peculiar ao atual estagio da globalização.

A migração atual difere das fases anteriores na equidade dos muitos caminhos possíveis, e no fato de nenhum país ser hoje em dia, um lugar exclusivamente de emigração ou de imigração, haja vista, que os caminhos da migração são abertos e reabertos. Ao contrario do passado, a realidade de viver na estreita proximidade de estranhos, parece algo que chegou para ficar, assim, exige-se que se tenham habilidades que possibilitem a aceitação de modos de vida diferentes da nossa.

“A Cultura num mundo líquido de diásporas” é o titulo do quarto capitulo do livro de Zygmunt Bauman, onde o mesmo aborda as modernas “classes instruídas”. Para ele, essas classes instruídas constituíram desde o começo uma categoria de pessoas dotadas de uma missão. Essa missão consistia em duas tarefas. A primeira delas, formuladas pelos filósofos iluministas, consistia em “esclarecer” ou “cultivar” “o povo”. A meta era transformar as entidades desorientadas em membros de uma nação moderna e cidadãos de um Estado moderno.

A segunda tarefa, atribuída às classes instruídas, consistiu numa importante contribuição ao desafio assumido pelos legisladores: planejar e construir novas e sólidas estruturas que determinam um novo ritmo de vida, em outras palavras, introduzir uma “ordem social” ou, mais precisamente, colocar a sociedade em ordem. Tal como a primeira, a segunda tarefa surgiu do principal empreendimento da revolução moderna, a construção simultânea do Estado e da nação. Bauman fala que as duas tarefas dependiam da combinação de todos os poderes do novo Estado-nação, econômicos, políticos e também espirituais.

No penúltimo capítulo Zygmunt Bauman traz uma discussão cerca da “Cultura numa Europa em processo e unificação” inicia dizendo que a União Européia não prejudica as identidades dos países que nela se unem e sim a globalização, que a cada dia esta desintegrando os alicerces da independência territorial, antigo abrigo da identidade nacional e garantia de sua segurança. Para ele a Europa oferece uma abundância de diversidades étnicas e culturais, trazendo uma discussão acerca dos direitos humanos estabelecendo um diálogo entre o mérito e as diferenças, para que assim haja um acordo sobre o reconhecimento dessas diferenças, essas diferenças se davam por que havia uma maioria dominante que se sobressaia e determinava o que é cultura sobre a minoria dominada que deveria assimilar e reconhecer o que lhes era imposto.

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