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Leitura: A Função da Teoria na Arqueologia

Por:   •  19/4/2024  •  Resenha  •  1.425 Palavras (6 Páginas)  •  14 Visualizações

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Leitura: A função da teoria na arqueologia

Capítulo 1 de JOHNSON, M. Teoría arqueológica: una introducción. Barcelona: Editora Ariel, 2000.

        O primeiro capítulo intitulado “El sentido común no basta”, Matthew Johnson aborda a importância da teoria nos estudos arqueológicos e faz uma crítica em relação ao senso comum. Abre-se um questionamento referente a importância dos estudos arqueológicos para a sociedade e mostra que todos esses questionamentos possuem um fundo teórico. No tópico “Definiciones de teoría”, o autor abre uma discussão sobre teoria. Para muitos arqueólogos o conceito de teoria está presente nas motivações da prática arqueológica, também no contexto social, cultural e na problemática da interpretação, assim a forma de interpretar o passado implica uma carga teórica.

        Johnson cita alguns embates entre teoria e método, mostrando que alguns arqueólogos consideram as técnicas de escavação, registros e os métodos estatísticos como problemas teóricos, enquanto outros consideram isso questões de ordem prática ou técnica. Um exemplo dado sobre essa relação entre teoria e método são os diferentes métodos utilizados para investigar a estratificação social a partir de vestígios arqueológicos. O método seria utilizado para comparar diferentes tumbas e a partir de suas diferenciações (tumbas simples e tumbas com decorações, por exemplo) elaborar ideias acerca da estratificação social, onde estas ideias seriam oriundas de questões teóricas.

        No tópico seguinte, Johnson pontua quatro possíveis razões do porque a teoria é importante para a prática arqueológica, onde a primeira razão vem no tópico “Necessitamos justificar lo que haciemos”, assim é necessário que os arqueólogos tenham uma ideia clara do que estão fazendo, o porque sua investigação é importante. Ainda nesse tópico o autor cita quatro justificativas para o estudo arqueológico. Na primeira afirma que o passado é importante porque necessitamos saber dele por ele mesmo, logo é necessário buscar provas desse passado. A segunda justificativa expõe que o passado é importante para a compreensão do futuro. A terceira justificativa é que a arqueologia tem uma abordagem temporal que é capaz de criar generalizações interculturais acerca de processos culturais de largo alcance. A última justificativa coloca que a arqueologia é um instrumento de revolução cultural que nos ajuda na emancipação de ideologias repressivas.

        A segunda razão aborda a necessidade da comparação de uma interpretação do passado com outra para decidir qual a mais pertinente. O senso comum acaba optando pela interpretação que abarca o maior número de fatos, por isso o autor coloca que é impossível dizer qual o fenômeno mais sólido a partir de uma análise com base no senso comum. Assim, na prática, os arqueólogos trabalham elencando os fatos que tem e pondo em uma ordem a partir do grau de importância.

        A terceira razão toca na questão da clareza do trabalho do arqueólogo, tem de ser direto e claro com o trabalho que pretende fazer. A quarta razão é a afirmação de que todos nós somos teóricos, desde o auxiliar de escavação ao ajudante técnico de laboratório. Todos se utilizam de suposições, conceitos e ideias mesmo que não sejam de propriedade deles.

        O autor faz uma crítica aos arqueólogos que se dizem ateóricos, colocando que muitos destes mascaram suas propriedades teóricas com pragmatismo e o senso comum. Mais adiante, o autor coloca que os fatos soltos e amontoados nada representa, eles são incapazes de explicar relatos do passado. Por isso, cabe ao arqueólogo transformar estes fatos em um relato coerente sobre o passado que tenha sentido tanto para outros arqueólogos como para as pessoas em geral e a produção desses relatos se dá sob a luz da teoria. Desta forma, o autor não nega a importância dos fatos, mas sem a teoria os fatos ficariam mudos.

Leitura complementar: LANATA, J.L; GURÁIEB, A.G. Las bases teóricas del conocimento científico. AGERRE, A.M.; LANATA, J.L. Explorando algunos temas de arqueología. Barcelona: Editorial Gedisa, 2005, p. 17-34

        A história da arqueologia durante a primeira metade do século XX foi marcada por uma abordagem tradicionalista que se concentrava na descrição meticulosa dos artefatos e na interpretação desses achados como representações diretas das culturas passadas. Este enfoque era dominante tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.

        Uma das características proeminentes dessa abordagem foi o particularismo cultural que enfatizava a singularidade de cada cultura arqueológica e a sua distinção das outras. Os arqueólogos da História Cultural viam os artefatos como produtos das normas e valores culturais de um grupo específico, ignorando a possibilidade de mudança interna dentro dessas culturas. A mudança cultural era explicada como resultante de influências externas como difusão, migração e invasão.

        A metodologia dessa escola era baseada principalmente em descrições detalhadas dos materiais arqueológicos e em raciocínio indutivo, onde os pesquisadores presumiam conhecer o resultado final e simplesmente precisavam reunir todas as peças do quebra cabeça. A validação das interpretações foram muitas vezes feita por critérios de autoridade, com a subjetividade e intuição desempenhando um papel significativo.

        Outra característica importante foi a ênfase na acumulação de dados com um foco considerável em trabalhos de campos extensivos e grandes repositórios de materiais arqueológicos. Metodologicamente, a abordagem era qualitativa e comparativa, destacando a descrição, agrupamento por semelhança e comparação de características dos materiais e formas de vida das culturas arqueológicas. A abordagem também se baseava em técnicas como a escavação estratigráfica para entender a sequência temporal dos artefatos e construir unidades culturais. No entanto, essa escola enfrentou críticas crescentes na década de 1950, quando ideias do neoevolucionismo, materialismo e ecologia cultural começaram a ganhar destaque.

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