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Resenha: Partilha da África

Por:   •  2/12/2017  •  Resenha  •  5.308 Palavras (22 Páginas)  •  486 Visualizações

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UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Disciplina – História da África II – DH

Docente: Jorgeval Borges

Discente: Hanah Bartilote Miranda

Avaliação II

A Partilha da África (1880 - 1900)

A partilha da África foi o processo de divisão do continente africano realizado pelas potencias européias, um processo de aproximadamente 20 anos, complexo e desencadeado por vários fatores internos e principalmente externos ao continente. Para entendermos a partilha é preciso analisar a conjuntura histórica que levou a esta, os novos desenvolvimentos ocorridos nas principais regiões africanas (África do norte, Ocidental, Meridional e Central, Oriental), assim como as interpretações realizadas sobre os acontecimentos a fim de estabelecer quais são validas para compreensão da divisão do continente, podendo ou não ser utilizadas como razão para o acontecimento da mesma.

Do ponto de vista histórico, temos que compreender porque a penetração da África pelos europeus só ocorre no fim do século XIX mesmo sendo o continente vizinho, e porque a conquista da África foi mais penosa que nas demais colônias estabelecidas pelos europeus. Apesar dos fatores geográficos, climáticos e das doenças encontrados no continente, a verdadeira dificuldade européia se dava na resistência africana. Os europeus também tiveram que enfrentar dificuldades consideráveis em outros continentes, mas conseguiam lidar com as adversidades relacionas ao solo, ao clima e geografia não condizentes ao seu modelo, e resistiam as doenças, na própria África ocidental eles conseguiam manter rotas comerciais cortando a floresta assim como no deserto de Saara ao norte. Porém neste período os europeus não contavam com grandes contingentes militares na África, já os africanos tinham uma serie de Estados poderosos com exércitos bem organizados tanto na atrás da faixa litorânea da África ocidental quanto na meridional e central, assim como uma revolução militar negra na África do sul.

Durante mais de duzentos anos intermediários os africanos forneceram aos europeus, no litoral, o que eles queriam comprar. Essa situação também se aplicava aos escravos mercadoria que os europeus criaram grande demanda pela utilização como mão de obra nas plantações Américas de algodão, tabaco e açúcar. Os africanos também forneciam ouro que era vital para importação de especiarias da Ásia pelos europeus, que não esperavam mais do que essa relação de comercio (ida volta) com o continente africano, uma vez que a taxa de mortalidade na costa africana era extremamente elevada. Apesar disso os espanhóis conseguiram se fixar em Marrocos e os portugueses no vale do Zambeze, mas foi só no Cabo que os europeus conseguiram fixar-se e manter sua exclusividade racial.

Já na primeira parte do século XIX se percebe que a relação entre Europa e a África estava preste a mudar, uma vez que o continente africano começou a ganhar importância por suas matérias primas e alimentos como o marfim, os óleos vegetais e o amendoim. Os europeus já possuíam maior conhecimento sobre o interior do oeste e os rios Senegal e Gâmbia já tinham se tornado importantes rotas comerciais. Com descoberta da vacina contra a malaria os europeus poderiam sobreviver com mais facilidade na África ocidental e em outras partes do continente, o que acarretou na época dos exploradores, homens individualistas que faziam suas explorações e expedições com objetivos próprios e variados. Nos anos 1870 e 1880, os exploradores estavam adquirindo um novo significado: agora suas atividades estavam vinculadas diretamente à expansão do poder europeu. Moviam-se mais depressa, preocupavam-se menos com a observação precisa da geografia e da natureza, mais com a prospecção de oportunidades de anexação territorial. Seu trabalho se baseava no nacionalismo, visava impedir as atividades de outros exploradores, na corrida pela posse do continente africano. Todos esses ingredientes já apareciam no trabalho do mais notável deles, David Livingstone. Era um cientista de prestígio, dedicado à sua profissão, mas sua ciência estava devotada à expansão do cristianismo e do comércio [como ele próprio o dizia, ao falar da dupla missão civilizadora], ao estabelecimento dos brancos e do poder europeu em  solo africano. Livingstone morreu em 1873, antes que a corrida pela África começasse seriamente, mas seus discursos e livros, juntamente com as pessoas que ele influenciou, teriam no futuro um efeito muito considerável.

Por volta de 1880, às vésperas da grande partilha, a penetração européia na África, entre os povos e os Estados africanos, tinha assumido uma variedade de novas formas. Alguns governantes, sobretudo no norte, se haviam endividado profundamente com credores europeus. Outros tinham sido vitimados por comerciantes, por empresários que buscavam concessões para exploração, queriam construir portos, linhas ferroviárias e telegráficas. Muitos chefes de Estado africanos tinham decidido utilizar os europeus para introduzir métodos administrativos e militares modernos nos seus países, quem sabe também para ajudá-los a firmar seu poder sobre os vizinhos. A maioria desses governantes tinha uma idéia vaga do conteúdo desses tratados – que algumas vezes eram traduzidos de forma imperfeita - e, de qualquer forma, não podia avaliar o poder representado por seus visitantes.

Em suma, por toda parte começava a aparecer no interior do continente, uma guarda avançada européia – viajantes que não se limitavam mais a cruzar a terra, como faziam os exploradores, os caçadores e os que procuravam riquezas minerais, por exemplo. Surgiam estabelecimentos mais permanentes. No interior da África oriental postos comerciais foram instalados nos rios; os missionários se instalaram em pontos muito afastados da costa, na África oriental, ocidental e meridional. No sul, os bôeres, sempre em busca de terras amplas (3 mil hectares ou mais) para suas fazendas de gado, começavam a pensar em atravessar o rio Limpopo, na África central. Até então, porém, os Estados europeus em poucos casos se tinham preparado para estender sua autoridade política até essas posições no interior.

Até a década de 1880, as potências européias tinham demonstrado pouco interesse pela ampliação do poder “formal” que exerciam na África, pois isso parecia uma operação custosa e, além de tudo, desnecessária. O comércio, que representava somente uma pequena fração do comércio mundial, era praticado com razoável continuidade, embora em alguns lugares as interrupções parecessem agora mais freqüentes. Quando defrontados com crises reais, essas potências podiam exercer sua influência de modo “informal”, enviando conselheiros, renegociando o pagamento de dívidas, designando cônsules, para proteger os cidadãos europeus, assinando tratados de comércio. Por que essa situação mudou? Por que os comerciantes europeus e outros grupos passaram a solicitar a proteção dos seus governos, e por que esses governos passaram subitamente a se interessar pelo estabelecimento de domínio “formal” sobre a África? Para responder a essas perguntas precisamos examinar os novos desenvolvimentos que ocorriam nas principais regiões africanas.

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