TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Comparação entre Gramática Normativa e Gramática Cognitivo-funcional

Por:   •  4/5/2017  •  Relatório de pesquisa  •  1.590 Palavras (7 Páginas)  •  899 Visualizações

Página 1 de 7

A perspectiva de linguagem escolhida diz respeito às regras prescritas pela Gramática Normativa da Língua Portuguesa de Carlos Henrique da Rocha Lima acerca do tópico “concordância verbal”.

LIMA, Rocha. Gramática Normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014

        O modelo teórico da gramática em análise tem como finalidade recomendar um modelo ideal de língua, prescrevendo construções corretas e rejeitando, ora implícita, ora explicitamente, as “incorretas”. Nessa perspectiva, Rocha Lima, tendo, como aparato teórico, diversos trechos formulados por autores clássicos, preconiza, de forma taxativa, as regras de concordância verbal que devem ser observadas nas construções linguísticas.

        Sem se preocupar com o uso da língua no cotidiano dos indivíduos, o consagrado gramático (2014, p. 472-507) estrutura as normas de concordância verbal em: regras de casos gerais; concordância facultativa com o sujeito mais próximo; voz passiva com a partícula “se”; e prescreve, ainda, regras de 22 casos particulares. Além disso, Rocha Lima desenvolve um tópico chamado de “Irregularidades de Concordância”, no qual explicita suas concepções teóricas sobre a concordância ideológica e o emprego do infinitivo.

        O primeiro aspecto desenvolvido no objeto em estudo de sua gramática trata sobre as duas regras gerais de concordância verbal, as quais se relacionam com o núcleo do sujeito: havendo um só núcleo (sujeito simples), com ele concorda o verbo em pessoa e número. No entanto, se houver mais de um núcleo (sujeito composto), o verbo vai para o plural e para a pessoa que tiver primazia. A escala de primazias é determinada pelo autor da seguinte forma: a 1ª pessoa prefere todas as outras; não figurando a 1ª pessoa, a precedência cabe à 2ª; na ausência de uma e outra, o verbo assume a forma da 3ª pessoa (2014, p. 472-473). Para que tais normas sejam constatadas nas construções linguísticas, o gramático recorre à utilização de trechos exemplificativos retirados de textos escritos por autores consagrados, como Cecília Meireles, Cyro dos Anjos, Rachel de Queiroz e Machado de Assis.

        Rocha Lima (2014, p. 476) prescreve, também, a concordância facultativa com o sujeito mais próximo e chama atenção pra a concordância dos verbos acompanhados pela partícula “se” e seguido de substantivo no plural, caso em que o sujeito é sempre o paciente da ação verbal – o que caracteriza a voz passiva. Nessa hipótese, se o nome no plural estiver precedido de preposição, o critério prescrito é o de que o verbo deverá ficar no singular.

        Além dos aspectos genéricos do tópico relativo à concordância verbal, 22 casos particulares são desenvolvidos na Gramática Normativa de Rocha Lima. Todas as hipóteses formuladas pelo autor estruturam-se em forma de tópicos frasais, os quais prescrevem as regras de concordância para cada caso. Logo após a explicitação normativa, há exemplos do modo em que tais regras aparecem e são comprovadas em textos de autores clássicos.

        Em algumas temáticas particulares como, por exemplo, a dos “sujeitos unidos por com”, Rocha Lima defende a relevância da estilística e do aspecto literário no que diz respeito ao recurso de enfatizar determinada ideia. Nesse ponto, o autor admite o emprego do verbo no singular e, consequentemente, afasta a prescrição normativa pura de que o verbo, em tal hipótese, deve ser utilizado no plural.

        Por fim, Rocha Lima desenvolve a temática relacionada às irregularidades de concordância. Tal abordagem relaciona-se com “razões de ordem psicológica, ou estética, em que constantemente entram em conflito a rigidez da lógica gramatical e os direitos superiores da imaginação e da sensibilidade” (LIMA, 2014, p. 496). Percebe-se, então, que o gramático, apesar de explicitar alguns (poucos) casos de concordância utilizados na língua falada na parte final do tópico destinado à Concordância Verbal, parte da concepção de que são usos irregulares da língua, ou seja, desvios às regras prescritas pela norma padrão.

Concepção escolhida: cognitivo-funcional

BAGNO, M. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2011

Análise comparativa entre as duas abordagens

Perspectivas das Gramáticas Tradicionais Normativas e Cognitivo-funcionais quanto a Concordância Verbal

        

        O modelo teórico da linguística cognitivo-funcional, ou ainda, gramática cognitivo-funcional, é um estudo relativamente recente, sendo enfatizado na década de 80. A ligação entre o funcionalismo e cognitivismo desse modelo se dá pela natureza de interesse no estudo do uso da língua: contextual, intencional dos falantes e datadas em texto – sejam escritos ou orais – investigando a natureza da linguagem como um fenômeno que se renova em interface com aspectos culturais, sociais e mentais de cada indivíduo.

        Utilizando como base a gramática cognitivo-social “Gramática Pedagógica do Português Brasileiro” de Marcos Bagno e “Gramática Normativa da Língua Portuguesa” de Rocha Lima, podemos evidenciar as diferenças, sobretudo pedagógicas, de ambos os ângulos de estudo desses modelos, a começar pela importância inferida ao verbo e suas concordâncias que, no caso da gramática normativa, concorda com o sujeito da oração por excelência e deve ser prescrito conforme o que seria a “forma culta” e correta da língua, sem analisar a situacionalidade do texto.

        Pela visão cognitiva-funcional de Bagno: “Parodiando Shakespeare, podemos dizer que há mais tempos verbais no PB do que supõe a nossa tradição gramatical” (2011, pag. 551). Os aspectos verbais variam conforme o nível de escolaridade, posição social e histórica e situação textual, evidenciando, portanto, que a gramática normativa possui preconceitos contra as variações do PB e são considerados “errados” os seus diversos usos.

        A visão dinâmica da língua, do texto e do diálogo torna o modo como se é dito o verbo, como um uso social de uma população, que irá apresentar mudanças e variações de acordo com cada uma, tal como um mineiro, que utiliza de construções como “nós vai” e “os menino falou”. É investigado também os diferentes significados que um verbo pode adquirir em uma frase, muitas vezes não comunais ao que diz a gramática normativa.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (9.8 Kb)   pdf (106.4 Kb)   docx (14.5 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com