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ENTREVISTA ENTRE UM JOVEM MESTRE E UM PRÍNCIPE JUDEU: UMA ANÁLISE DO DISCURSO RELIGIOSO

Por:   •  26/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.526 Palavras (7 Páginas)  •  182 Visualizações

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ENTREVISTA ENTRE UM JOVEM MESTRE E UM PRÍNCIPE JUDEU: UMA ANÁLISE DO DISCURSO RELIGIOSO*

Leda Miranda dos Santos Silva

Wânia Mendes de Souza**

RESUMO: Neste trabalho, faremos uma reflexão sobre a linguagem, focando a tensão nas relações interpessoais, nas relações de força, e nos lugares-sociais ocupados pelos sujeitos. Procuraremos explicitar a tensão entre os interlocutores presente na entrevista entre Jesus e Nicodemos – a qual encontra-se na Bíblia, no livro de João, capítulo 3, versículos 1 a 17 – com relação aos sentidos atribuídos por cada um deles à expressão “nascer de novo” .

PALAVRAS-CHAVES: discurso religioso; análise de discurso; nascer de novo; temporal e espiritual. 

       

        A interlocução que analisaremos, se dá entre Jesus (J) e Nicodemos (N). Configura-se, aí, inicialmente, uma relação de hierarquia, marcada pela posição social que cada sujeito ocupa. (N) “ocupava posição de alta confiança na nação judaica. Possuía esmerada educação, e era dotado de talentos acima do comum, sendo igualmente membro honrado do conselho nacional.” (White, 1990). (J) era um humilde nazareno, um mestre espiritual ainda pouco conhecido.

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*Trabalho apresentado à professora Dra. Juscéia Aparecida Veiga Garbelini, como conclusão da disciplina Enunciação e Discurso, do curso de Letras da UFT. Porto Nacional, 28-06-2011.

**Graduandas em Letras pela Universidade Federal do Tocantins.

E-mail: ledamiranda71@hotmail.com; waniam@gmail.com

A ENTREVISTA

N – “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

J – Na verdade, na verdade te digo que aquele que  não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

N – Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

J – Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

N – Como pode ser isso?

J – Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.”

No encontro entre (J) e (N), (N) inicia o diálogo: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.” (N) se dirige a (J), chamando-o “Rabi”, e citando seus raros dons, não como forma de reconhecer sua autoridade, mas para despertar confiança em seu interlocutor, e esconder sua incredulidade, não reconhece (J) como o Messias, mas como um mestre enviado por Deus.

(J) assume sua posição no discurso, o que pode ser observado no fragmento “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” (J) não discute sua autoridade em relação a (N), mas deixa claro sua sua superioridade, quando declara ser o “dono da verdade”.

(N) responde ironicamente: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?”.

“A figura do novo nascimento, empregada por Jesus, não deixava de ser familiar a Nicodemos. Os conversos do paganismo à fé de Israel eram muitas vezes comparados a crianças recém-nascidas. Portanto, devia ter percebido que as palavras de Cristo não se destinavam a ser tomadas em sentido literal. Em virtude de seu nascimento como israelita, entretanto, considerava-se seguro de um lugar no reino de Deus. Achava não precisar de nenhuma mudança. Daí sua surpresa ante as palavras do Salvador.” (White,1990)

A partir desse momento, (J) assume o domínio como o Sujeito do discurso, a fim de levar (N) a compreender que o “nascer de novo” não se refere a voltar ao ventre da mãe, e sim ao “nascer da água e do Espírito” para poder entrar no reino de Deus. O “nascer da água” seria o batismo por imersão, e o “nascer do Espírito” seria a renovação da alma pela influência do Espírito de Deus. (J) chama a atenção de (N) para que não se admire quando ele diz “importa-vos nascer de novo”. Então, (J) compara o Espírito ao vento: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”

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