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O CÂNONE, A LITERATURA JUVENIL E A FORMAÇÃO DO LEITOR

Por:   •  14/9/2018  •  Artigo  •  4.303 Palavras (18 Páginas)  •  331 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO[pic 1]

PEPG EM LITERATURA E CRÍTICA LITERÁRIA

Disciplina: Literatura Infantil e Juvenil e suas relações com cânone: tradição, inovação e formação de leitor.

Prof.ª Dr.ª Elisabeth Cardoso

2º Semestre 2015

O CÂNONE, A LITERATURA JUVENIL E A FORMAÇÃO DO LEITOR: Um diálogo entre Dom Casmurro de Machado de Assis e Ciumento de Carteirinha de Moacyr Sciliar.

Janick de Lisieux Diniz serejo – Mestranda PUC/SP

OUTUBRO-2015

O CÂNONE, A LITERATURA JUVENIL E A FORMAÇÃO DO LEITOR: Um diálogo entre Dom Casmurro de Machado de Assis e Ciumento de Carteirinha de Moacyr Sciliar.

Janick de Lisieux Diniz serejo – Mestranda PUC/SP

"Literatura não é luxo. É a base para a construção de si mesmo"

Teresa Colomer

O CÂNONE, A LITERATURA JUVENIL E A FORMAÇÃO DO LEITOR: Um diálogo entre Dom Casmurro de Machado de Assis e Ciumento de Carteirinha de Moacyr Sciliar.

Janick de Lisieux Diniz serejo – Mestranda PUC/SP

RESUMO

O gosto pela leitura deve ser incentivado dentro das instituições de ensino, assim como também, deve ser iniciado e incentivado dentro do seio familiar. Muitos alunos leem os títulos indicados pela escola, os clássicos,  apenas por mera exigência do professor. Entretanto, fora dessa esfera, muitos fazem leituras literárias de forma mais livre e por indicação de amigos, familiares e até mesmo por influência da mídia, embora não se possa negar a função do professor como mediador na formação do leitor.

Este trabalho visa demonstrar a possibilidade de um diálogo entre os cânones e as novas tendências literárias com vistas à formação de leitores. No primeiro momento falaremos da literatura infantil e juvenil e suas características. Na segunda parte discorreremos sobre o cânone literário, a nova literatura e a formação do leitor e por último verificaremos o diálogo entre o clássico “Dom Casmurro” e a literatura de massa “O ciumento de carteirinha” e as estratégias utilizadas por Moacyr Scliar para despertar o leitor e conduzi-lo ao universo dos clássicos.

Palavras-chave: Literatura Infantil e Juvenil, Cânone, Literatura de Massa, Formação do Leitor.

 Introdução

Durante boa parte do tempo, a literatura foi privilégio de poucos. Somente aquelas pessoas de famílias mais abastardas eram as que podiam se dar ao luxo da leitura de uma boa literatura. A mudança foi acontecendo aos poucos, e hoje todos podem ter acesso à literatura, e principalmente no ambiente escolar.

Mas afinal essa entrada da literatura na escola tem alguma finalidade? Podemos dizer que é para a busca de um conhecimento mais profundo sobre as obras e seus autores ou uma espécie de dinâmica para a fuga do cotidiano ou para mostrar aos nossos alunos a importância da leitura e da literatura que nos permite conhecer o presente e o passado, o nosso mundo e outros mundos sem, contudo nos afastarmos fisicamente do nosso lugar. Este trabalho, que tem como objetivo identificar a contribuição da obra de Sciliar para a formação do leitor, tendo como metodologia a pesquisa bibliográfica de alguns teóricos e as obras citadas no título deste trabalho para traçar um paralelo entre o cânone e a literatura infantil contemporânea, perpassando pela importância do ensino da literatura.

 I- LITERATURA, CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

Etimologicamente falando, literatura é uma palavra com origem no termo  latim littera, que significa letra, o que remete para um conjunto de habilidade de ler e escrever de forma correta. Desta forma podemos dizer que literatura é a arte de criar bons textos dentro da literariedade.

Compagnon, no primeiro capítulo do seu livro O demônio da teoria, fala que a questão "O que é literatura?" é insolúvel e que a literatura deve ser descrita do ponto de vista da extensão, e da compreensão, seguido da função e da forma e depois da forma do conteúdo e da forma da expressão.

No sentido mais amplo, literatura é tudo o que é impresso (ou mesmo manuscrito), são todos os livros que a biblioteca contém (incluindo-se aí o que se chama literatura oral, doravante consignada). Essa acepção corresponde à noção clássica de'belas-letras" as quais compreendiam tudo o que a retórica e a poética podiam produzir, não somente a ficção, mas também a história, a filosofia e a ciência, e, ainda, toda a eloquência. [...]No sentido restrito, a literatura (fronteira entre o literário e o não literário) varia consideravelmente segundo as épocas e culturas.  (COMPAGNON, 2010, p. 31)

Ainda sobre a literatura, Compagnon diz que a tradição literária é um sistema que está sempre em movimento e se recompõe a medida que surge novas obras. Dessa forma podemos dizer que a obra de Scliar é um rearranjo do clássico machadiano, ou seja, é a obra de Machado de Assis movimentando-se e se modificando para atender a um publico juvem.

 Teresa Colomer, em seu livro A formação do leitor, fala que a definição e as características da narrativa infantil e juvenil é dada de acordo com seu destinatário e deve responder aos propósitos sociais a elas atribuídos naquele momento histórico. Há que se delimitar as mudanças e adaptações sofrida por esta literatura para atingir seu destinatário para determinar seus instrumentos de análise.

“A literatura infantil e Juvenil depende de um receptor muito mutável e isto condiciona o estudo do passado, já que se precisa dedicar muita atenção às condições de literatura nas quais se foi produzido a recepção.” COLOMER, 2003, p.35).

"para caracterizar estas narrativas é preciso, em primeiro lugar, delimitar o processo de mudança, através do qual a literatura se adapta a seus destinatários e às variações das funções que se lhe atribuem em cada período histórico. (COLOMER, 2003, p.160).

A literatura juvenil tem como destinatário dois públicos. O primeiro que atinge uma faixa etária que vai dos onze aos dezesseis anos, que é a pré-adolescência, onde revela-se maior grau de pensamento reflexivo, resultando em maior autoconfiança e aprofundamento do abstrato (sobretudo em relação ao tempo e ao espaço). Nessa faixa etária o interesse volta-se, quase que naturalmente, para os livros que contenham textos mais longos, com histórias de heróis, temas emotivos e sentimentais, motivos cotidianos e uma diversidade de assuntos, própria da curiosidade do pré-adolescente e do adolescente.  O segundo público, atinge a faixa a partir dos dezessete anos, que correspondente à adolescência propriamente dita, onde o jovem manifesta maior espírito aventureiro, muitas vezes buscando explicação para a essência e fenômenos da realidade, correspondendo, via de regra, ao desenvolvimento da maturidade física e psíquica. Uma variedade enorme de tipos de livros são colocados à disposição dessa faixa etária, destacando-se os que contêm narrativas de aventuras e ficção científica, histórias humorísticas e até narrativas existencialistas.

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