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A AÇÃO COMUNICATIVA DE HABERMAS: UM INSTRUMENTO DE DINAMIZAÇÃO PEDAGÓGICA

Por:   •  24/4/2020  •  Artigo  •  2.995 Palavras (12 Páginas)  •  247 Visualizações

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A AÇÃO COMUNICATIVA DE HABERMAS:

UM INSTRUMENTO DE DINAMIZAÇÃO PEDAGÓGICA

Aderlan de Siqueira Campos

RESUMO

Este trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica que explora a teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas, indicando-a como instrumento de dinamização pedagógica. Reflete-se sobre a razão no contexto da Modernidade, apontando para um possível esgotamento de um tipo de razão que reduz o sujeito da ação a uma relação monológica com o mundo. Diante dessa constatação, a teoria de Habermas apresenta um tipo de racionalidade decorrente da interação entre sujeitos, ou seja, da intersubjetividade de sujeitos capazes de fala e ação. Torna-se possível pensar na promoção da interação linguísitica nos espaços educativos. Atividade esta que potencializa a formação de competências comunicativas e a dinamização dos processos pedagógicos, pela efetivação de uma racionalidade, aberta, processual e crítica, voltada para o desenvolvimento de aprendizagens sócio-culturais que podem promover a emancipação dos sujeitos sociais.

Palavras-chave: Linguagem. Razão Monológica. Razão Dialógica. Interação. Emancipação.

Introdução

A partir dos pressupostos básicos da teoria da ação comunicativa de Habermas, que se insere num paradigma filosófico da linguagem, e reivindica uma nova relação do sujeito nos processos de entendimento, o presente trabalho procura produzir uma reflexão sobre as competências comunicativas e suas inserções nos espaços educativos, visando colaborar com os processos de dinamização das práticas pedagógicas.

A princípio faz-se uma leitura do paradigma da modernidade, que protagonizou a crença na centralidade do sujeito, caracterizado por uma razão voltada para a consciência, capaz de conhecer e dominar o mundo. Como uma forma de superação da crise desse modelo, propõe-se seguir a filosofia da razão comunicativa de Habermas, que concebe o sujeito e o mundo a partir das relações intersubjetivas voltadas para o entendimento. Nesta perspectiva, a racionalidade muda o seu eixo, deixando de ser monológica e passando a se constituir num horizonte da possibilidade dialógica.

Em seguida, a ênfase volta-se para os pressupostos pragmáticos da linguagem como eixo da teoria da ação comunicativa de Habermas, que estabelece as bases filosóficas para uma relação do sujeito com o mundo, que não esteja mais na dependência do sujeito ou do objeto, mas na intersubjetividade do sujeito que se entende com o outro sobre algo no mundo. A ação passa a ser entendida pelo potencial de racionalidade presente na linguagem. Desse modo, além do uso cognitivo da linguagem, há o uso comunicativo que possibilita aos sujeitos da relação interativa uma ação voltada ao entendimento.

Por fim, faz-se as aproximações possíveis entre a teoria filosófica da ação comunicativa de Habermas e as interações que ocorrem no espaço educativo. O que se faz nesta pesquisa é argumentar em torno da fecundidade da teoria da ação comunicativa de Habermas, que permite pensar uma nova racionalidade da ação nos espaços educativos e suas consequências para a formação da competência comunicativa.

O agir pedagógico, fundamentado nas aprendizagens sociais que a idéia de racionalidade comunicativa oportuniza, poderá viabilizar uma cultura dialógica, solidária e radicalmente aberta aos processos de emancipação social.

Desenvolvimento

A modernidade tem como característica marcante no seu tempo, o antropocentrismo. Do mundo pré-moderno, cuja vida cultural e social giravam em torno de um eixo religioso, em que verdade e certeza dependiam de uma metafísica revelada e aceita, e não da vontade ou da participação do sujeito, o universo moderno trouxe para seu centro o próprio homem, que passa a encarar o mundo a partir da sua subjetividade, da sua capacidade racional e do saber com garantias de universalidade. O sujeito ganha autonomia diante do objeto, e passa a dominar o mundo por meio do método científico. Ahlert (1999, p. 84) falando sobre o método científico criado por Bacon (1561 - 1626) assevera: “O novo fundamento da vida intelectual passou a ser a natureza. A teologia e a metafísica, que eram as bases filosóficas até então, foram substituídas pelas ciências físicas”.

Assim, floresce o domínio da razão instrumental, cuja finalidade é a dominação do mundo. Dessa maneira, a ciência, impulsionadora do saber pela investigação dos processos naturais ou humanos, voltada para uma necessária compreensão dos fenômenos é um avanço significativo para a humanidade, não se constitui apenas em uma forma de acesso e explicação do conhecimento sobre a realidade, mas se torna um instrumento de dominação e exploração e, como tal, de poder.

O professor moderno cumpre o papel que lhe cabe, efetivando pela sua autoridade a tarefa monológica de ensinar as futuras gerações a desempenharem uma função social inspirada nos valores da democracia burguesa; e, esta, por sua vez, define a ordem e os direitos universais dos cidadãos, que assim se conformam com um jeito de ser e de viver no mundo.

Há uma imposição sobre a vontade, e a educação se torna mera reprodução. A ação pedagógica, sem o poder da crítica, apresenta-se como intervenção tecnológica que cumpre a tarefa de formar indivíduos habilitados para a vida produtiva e regulados para uma ordem social que os fazem viverem de um mesmo modo. A consequência mais desumana desse processo é a alienação da vida humana em sociedade, que impõe a cada sujeito adequar-se aos padrões definidos pelos sistemas racionalizados da modernidade.

Nesse sentido, o conhecimento reproduzido na escola se fecha na capacidade cognitiva produtora de especialidades e de habilidades para um uso correto do saber no contexto da realidade. Percebendo que esse tipo de racionalidade não leva em consideração o sentido e o significado em função dos sujeitos envolvidos nesse processo, Habermas propõe uma mudança de paradigma.

O parâmetro de racionalidade e de crítica deixa de ser o sujeito cognoscente que se relaciona com os objetos a fim de conhecê-los e manipulá-los, passando a ser a relação intersubjetiva que os sujeitos entre si estabelecem a fim de se entenderem sobre algo. (HABERMAS, 1992, I, p.499 apud BOUFLEUER, 2001, p. 14)

Não se trata de negar a utilidade da competência cognitiva, mas de ampliar o potencial da racionalidade que lhe é subjacente para um contexto repleto

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