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Luto

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Por:   •  24/3/2015  •  636 Palavras (3 Páginas)  •  417 Visualizações

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Ponette – A espera de um anjo foi o ponto de partida para as reflexões do último encontro. Um filme com um roteiro aparentemente simples e um argumento já desde o início bastante complexo: Ponette é uma criança de 4 anos que perde a mãe num acidente de carro, do qual ela sobrevive e tem que lidar com esta perda. É com esta história que o francês Alain Sarde nos convoca a pensar como uma criança é capaz de entender o que mesmo para nós, adultos, é impossível? Como se processa o trabalho de luto numa criança? Como a criança lida com o vazio instaurado pela perda da pessoa amada?

E para este grupo, Sarde desafia... Desafia-nos a refletir sobre o inefável, o que não se pode exprimir pelas palavras...

Morte? Leva-se a vida sem falar sobre a morte, sem nem mesmo se dar ao trabalho de pensar sobre ela. Aprende-se e acostuma-se a viver o dia a dia quando tudo e todos ao redor percorrem os caminhos esperados. Costuma ser bem raro quem perceba que, talvez no meio desse percurso, o destino possa surpreender.

Diversos estudos mostram a dificuldade e o despreparo que a sociedade atual, ocidental capitalista, em que o que importa é o ter e não o ser, enfrenta ao lidar com a morte. Desde sempre a morte ameaça a ruptura do ser. É uma ameaça ao “mim mesmo”, daí, talvez, venha a dificuldade em lidar com ela, que irrevogavelmente um dia chegará.

Freud, em muitos de seus trabalhos, afirma que não existe noção de morte no inconsciente. Em seu artigo “Reflexões para os Tempos de Guerra e Morte”, ele ressalta que falamos da morte como se nunca fossemos acometidos por tal fato, isto é, como se a morte só ocorresse ao outro e ainda assim como obra do acaso: “no inconsciente cada um de nós está convencido de sua própria imortalidade”. Mas, segundo Stela Cardoso de Carvalho, a morte existe como um fato e se não nos agrada pensar nisso, a morte do outro assim nos obriga.

Enfim, a morte é um momento geralmente difícil de ser enfrentado. Dependendo do nível de aceitação da morte, do relacionamento existente entre a pessoa que morreu e sua família, do seu papel na mesma, das crenças sobre a morte e do tipo de morte, se é súbita ou prolongada, o seu enfrentamento pode se dar de maneiras diferentes.

É um momento em que, normalmente, a vida clama por sentido. Quando se é abalado por uma perda, por uma tragédia, há um momento muito doloroso em que tudo parece ter perdido o sentido, a razão de ser. O inesperado, o que não devia acontecer, abala e aponta um longo caminho para lugar nenhum. É um período de luto, como já dizia Freud (1917) em Luto e Melancolia, um período de afastamentos daquilo que constitui a atitude normal para com a vida. Freud descreve o luto como uma reação diante da perda de um ente querido, ou de algo muito importante para o sujeito. Para ele, o luto pressupõe um trabalho a ser realizado pelo ego para adaptar-se à nova realidade imposta pela ausência daquilo que era amado. Somente após a compreensão do que foi perdido, da ressignificação e transformação desta relação, o trabalho de luto pode ser finalizado e outros amores investidos.

Dramaticamente, através da delicadeza de uma criança, Sarde nos intima a percorrer o árduo caminho de Ponette, que num movimento intenso de busca pela mãe, se transforma. De acordo com a teoria de Freud, a menina desempenha a tarefa psíquica bem precisa

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