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JOVENS À LUZ DA NOVA SOCIOLOGIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: O CASO DAS PASTORAIS DA JUVENTUDE

Por:   •  10/1/2019  •  Artigo  •  4.009 Palavras (17 Páginas)  •  238 Visualizações

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JOVENS À LUZ DA NOVA SOCIOLOGIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS:

O CASO DAS PASTORAIS DA JUVENTUDE

Denny Junior Cabral Ferreira[1]

As Pastorais da Juventude (PJ’s), ora vista em algumas dioceses católicas como uma experiência ainda potencial e vitalizante para a juventude, a quem ainda lhes é dado o mínimo apoio estrutural, financeiro, de acompanhamento e sobretudo legitimando suas práticas e organização. Em alguns locais, foi ou está sendo suplantada, pois não corresponde ao tipo de evangelização moldado na diocese e/ou paróquia que igreja local requeria, ou fora ressignificada, mas sob outra sigla (tais como: Pastoral Juvenil, Setor Juventude, etc).

Procuro neste breve artigo suscitar questões no que diz respeito de como a nova sociologia dos Movimentos Sociais, em especial a avaliação feita por Maria da Glória Gohn[2] se relaciona com o conceito de protagonismo das Pastorais da Juventude como uma rede de grupos juvenis de caráter progressista articulados no seio da Igreja Católica no Brasil.

As PJ’s COMO ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

As Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL), que também são identificas como organizações do terceiro setor tem como traço fundamental a mescla de trabalho voluntário e atividade profissional remunerada. Com caráter filantrópico-caritativo, é permeado de “projetos sociais” diversos. O genérico termo organizações não-governamentais, ONGs[3], diz respeito a um amplo e heterogêneo conjunto de entidades que atuam em várias frentes, como educação, meio ambiente, saúde, defesa de direitos civis, assistência social etc. Com nominações diversas - fundações, associações, centros etc. - elas recebem suporte direto de instâncias governamentais, empresas públicas e privadas, bem como de agências de cooperação internacional (LANDIM, 1993)

Hoje, o organismo, designado por excelência pela CNBB ao trabalho de assistência social, é a Cáritas Brasileira[4]. Com sua estrutura capilar, essa entidade dispõe de recursos arrecadados nas missas para realizar programas de atendimento a famílias carentes, sobretudo aquelas residentes nas áreas mais pobres do país e também atingidas por calamidades e desastres naturais. Para isso, a Cáritas também costuma realizar campanhas humanitárias.

Por último, em termos de práticas assistenciais associadas à igreja católica, estão as comunidades de vida ou confrarias católicas identificadas com Renovação Carismática Católica (RCC). Nessas comunidades, pessoas consagradas ao serviço religioso convivem e promovem ações de assistência social juntas. Entre elas, dado o significativo trabalho com crianças carentes e moradores de rua, se destaca a Comunidade Shalom, sediada na capital cearense de Fortaleza. Uma comunidade desse tipo, com trabalho assistencial, viria recentemente a se tornar congregação religiosa: a Fraternidade Toca de Assis, de Campinas/SP (MARIZ, 2005 e 2007; CAMURÇA et al, 2009).

Simaens (2012, p. 202),  pondera que é cada vez mais relevante o papel que as OSFL, ou organizações do terceiro setor, possuem no mundo moderno e, baseado no preceito da administração estratégica que, “uma vez que as organizações não podem sobreviver em ambientes turbulentos sem uma visão de longo prazo” definir uma estratégia se faz necessária para o cumprimento da missão, na manutenção de uma sustentabilidade e até mesmo sua sobrevivência sendo normal muitas OSFL desenvolveram uma estratégia não formal, expressas documentalmente, mas passíveis de serem observadas pelo comportamento das suas ações e pelo padrão como tomam decisões.

Em sua defesa do processo da gestão estratégica nas OSFL, Simaens argumenta que a necessidade se dá, por dois motivos: o acesso à informação mais correta possível para que esta gere conhecimento eficaz e a capacidade da organização ser flexível e responder às mudanças ambientais, quando necessário, “informação e flexibilidade são questões cruciais num processo de gestão estratégica” (SIMAENS, 2012, p, 205).

Atualmente as organizações do terceiro setor no Brasil apontam para um aumento das necessidades de serviços e resultados almejados. A diminuição da ajuda externa, a situação econômica do país, também a honestidade de algumas instituições, no que se refere à aplicação dos recursos, colocam estas organizações em serias dificuldades de cumprirem suas atribuições institucionais. Estas instituições precisam desenvolver competências éticas e morais para negociar, planejar em conjunto e operar em parceria com outras entidades congêneres e até mesmo organizações do primeiro e segundo setores. Competências que envolvem a capacidade de práticas de gestão para que estas organizações atinjam os seus objetivos.

Faço este breve balanço junto ao catolicismo para demonstrar que o Terceiro Setor não somente está presente, mas como tem bons exemplos tanto da ala progressista, a exemplo da FASE e Cáritas Brasileira, como do Shalom e Toca de Assis, de tendência carismática e podem ser caracterizadas como OSFL, dentro de uma visão gerencial e de Terceiro Setor. Naturalmente, não é o carisma das PJ’s e nem faz parte de seus objetivos a naturalização de práticas do Terceiro Setor, mas quando lida que como rede de grupos de base, apoiado por sua militância e parceiros potenciais, é uma forte candidata, em virtude de sua aproximação e sensibilidades social, herdada de uma leitura crítica social, sendo esta por sua vez herança da Teologia da Libertação (TdL), em justificar parte de sua ação na defesa sistêmica as situações de morte junto à juventude brasileira. A concepção atual da Pastoral da Criança é de um ente típico do Terceiro Setor e o exemplo mais próximo que as PJ’s tem para copiar as boas práticas e, estrategicamente, se reposicionar no cenário desfavorável que vive atualmente.

PJ’s E O MOVIMENTO SOCIAL

A pós-modernidade impôs desafios em todas as esferas do cotidiano, e em especial, no que tange à religião e o exercício de uma espiritualidade militante, onde jovens das PJ’s conjuntamente com outras expressões juvenis, cristãs ou não, religiosas ou não reivindicam Políticas Públicas para a Juventude (PPJ’s) tendo o jovem como sujeito de direitos (NOVAES, 2012, p. 198). O potencial juvenil reside no fato que as juventudes são, ao mesmo tempo, uma construção social (GROPPO, 2000, p. 7-8) e um segmento que contribui para a construção da sociedade.

No século XXI, a pauta dos Movimentos Sociais retomou um lugar central no plano internacional como objeto de investigação, segundo Gohn, (2012), haveria três eixos de articulação do que ela chama de novos movimentos sociais:

  • a emergência do movimento antiglobalização, seja global ou transnacional, como resposta ao avanço do neoliberalismo dos anos de 90 do século XX;
  • lutas locais, comunitárias, e identitárias, a exemplo dos povos indígenas; e o ressurgimento de inúmeras ações cidadãs impulsionadas pelas novas políticas sociais públicas e a manutenção da pauta ambiental (Mudanças Climáticas, desmatamento, perda de biodiversidade, reciclagem do lixo, economia verde, direitos do animais, etc).
  •  A terceira forma é a mais carente de pesquisas formada ainda que organizações terroristas e movimentos de fanatismo religioso que também passam a ocupar a atenção dos pesquisadores, como o Boko Karan e o Estado Islâmico.

Por movimento social, a autora entende que:

[…] é sempre expressão de uma ação coletiva e decorrente de uma luta sociopolítica, econômica ou cultural. Usualmente ele tem os seguintes elementos constituintes: demandas que configuram sua identidade; adversários e aliados; bases, lideranças e assessorias – que ao se organizam em articuladores e articulações e formam redes de mobilizações; práticas comunicativas diversas que vão da oralidade direta aos modernos recursos tecnológicos; projetos ou visões de mundo que dão suporte a suas demandas; e culturas próprias nas formas como sustentam e encaminham suas reivindicações (GOHN, 2012, p. 14).

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