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A avaliação da importância letrando de alfabetização

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Por:   •  10/9/2013  •  Trabalho acadêmico  •  2.204 Palavras (9 Páginas)  •  390 Visualizações

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A educadora avalia a importância de alfabetizar letrando e por que os professores necessitam de “um compromisso político” com seus alunos.

Sandra Bozza aborda a aprendizagem da leitura e da escrita com a experiência adquirida em 35 anos de salas de aula. Licenciada em Letras, com especialização em Literatura Infantil e mestrado em Ciências Sociais da Educação, decidiu ser professora inicialmente por necessidade. “Costumo dizer que não escolhi ser professora, mas que a profissão me escolheu”, afirma. Em Curitiba, onde nasceu, fez o curso Normal porque seria a forma mais rápida de ajudar a família no sustento da casa. Já no segundo ano do Normal se percebeu professora. “Me sentia absolutamente à vontade em uma sala de aula e me emocionava na relação com os alunos”, lembra.

Na Regência de final de curso (período de 10 dias dando aula, sob a supervisão da professora de Didática de Ensino) saiuse excepcionalmente bem e, imediatamente, fez um teste seletivo para lecionar, provisoriamente, até abrir concurso público, na rede municipal de ensino de Curitiba. Nessa rede, já como professora efetiva, lembra que teve acesso a muitos profissionais, entre eles Demerval Saviani, Sonia Kramer, José Carlos Libâneo, Fanny Abramovich, Cipriano Luckesi, Celso Vasconcellos, Guiomar Namo de Melo, Danilo Gandin, Laura Monte Serrat e muitos outros. “Fui desvelando a função da escola e me sensibilizei para o papel do professor na sociedade. Me percebi como agente de mudança”, conta.

Estudou Linguística, Psicologia, Sociologia e Filosofia, em busca de respostas para o fracasso escolar, principalmente das crianças pobres. Descobriu, através da Psicologia do Desenvolvimento Humano, que todos são capazes de aprender: de modo mais rápido ou mais lento, só depende da intencionalidade e da clareza de quem ensina. Preocupada com o analfabetismo na escola, em seus caminhos como educadora Sandra vem se ocupando em divulgar a possibilidade de uma forma mais exitosa para ensinar a ler e a escrever. “Penso que não se pode educar sem refletir sobre o consumo excessivo, a perda de valores eminentemente humanos ou a manutenção de preconceitos e discriminações”, aponta.

Suas preocupações renderam frutos: em 1988, fez parte de uma equipe da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba que produziu a Proposta Curricular de Ensino da Língua Portuguesa, e em 1991, com outro grupo, produziu a Proposta de Alfabetização para o Currículo Básico de Curitiba, que foi considerada pelo MEC como uma das cinco propostas mais avançadas do País, e que, anos mais tarde serviu de base referencial para os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa e para a Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) na questão de avaliação de Língua Portuguesa. “Minha lida mais árdua se refere ao dever e direito de letramento de todo cidadão”, resume.

Sandra é palestrante das mais atuantes nos eventos de educação, assessora de escolas e redes e autora de inúmeros livros, entre eles Professor – Vida, morte e ressurreição (com Júlio Furtado, WAK Editora). Nesta entrevista à Direcional Educador, abordou alfabetização, letramento e a função social do educador.

DIRECIONAL EDUCADOR - Por que a senhora defende o processo de alfabetização pelo texto, e não pelo método fônico?

SANDRA BOZZA - Porque para se obter êxito no processo de aquisição da linguagem escrita há um conceito fundamental a ser consolidado pela criança: o que é a língua escrita. Sem compreender isso, dificilmente o ser humano se apropriará desse bem cultural de uma forma inteira e eficaz. E a única forma de demonstrar para os alunos, desde a Educação Infantil, que a escrita é um sistema complexo de representação da fala é partindo de reflexões sobre os discursos escritos, ou seja, a partir do texto. Na verdade, defendo há mais de 20 anos que muito antes de se ensinar a traçar letras e saber de cor o nome delas é necessário ensinar para as crianças o que significam aqueles risquinhos pretos nas páginas em branco, como já escrevia em 1988 Luiz Carlos Cagliari. Existem muitas noções sobre a escrita que precisam ser refletidas em bons textos antes mesmo de se aprender as vogais. Entretanto, é interessante que se clarifique que não se aprende a escrever sem se desenvolver a consciência fonológica. São aspectos que fazem parte do mesmo processo e que não são excludentes.

A senhora fala no texto significativo, com função social. Pode explicar um pouco melhor essa ideia?

Durante muitas décadas, para ensinar a linguagem escrita, principalmente no Brasil, a escola trabalhou (para ser otimista utilizo o verbo no passado) com simulacros de textos. Em outras palavras, os textos que eram utilizados em aulas e nos livros didáticos serviam apenas de pretexto para a sistematização de conteúdos lineares estabelecidos nos planejamentos bimestrais. Assim, selecionavam-se (ou o que era pior, produziam-se) textos onde aparecessem palavras como bonito, feio, altíssimo, grande, horrorosa e outras para que se trabalhasse o conceito de adjetivo, por exemplo. Ou ainda, o mais comum, é que se levasse para a classe textos com grande número de palavras com determinada dificuldade ortográfica, como os que circulam em cartilhas até hoje: Horácio é um hipopótamo que vive na horta de tio Hélio. Havia sempre um helicóptero que passava há poucos metros de onde Horácio habitava ... (texto hipotético, apenas para exemplificar). Esse critério de seleção textual é coerente com um ensino que sempre priorizou a memorização de regras ortográficas e da classificação gramatical. Também, vale a pena ressaltar, que esse é o conceito de aprendizagem que subjaz o ensino tradicional de Língua Portuguesa: a priorização do código escrito. No oposto desse polo se encontra o ensino da língua escrita. Uma forma de linguagem criada para que os sujeitos interajam, se comuniquem, se coloquem e apreendam a realidade da qual fazem parte. Aprender a ler e a escrever pressupõe pensar sobre a escrita e, sobretudo, pensar como a escrita se organiza. Para isso, é imprescindível que o texto selecionado para reflexão dentro da sala de aula seja o texto que circula socialmente, aquele que os adultos utilizam em suas relações societárias. Assim, trabalhar com textos com função social, implica trabalhar (seja para leitura ou com produção textual do aluno) com textos significativos, onde seja possível desvelar facilmente o tripé que caracteriza um bom texto escrito: autor, ideia e interlocutor. Esse trabalho não se caracteriza como matéria fácil, pois sempre dependerá da experiência do/a professor/a como leitor/a competente.

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