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Conhecendo a Dislexia através de casos clínicos

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Por:   •  29/9/2013  •  Seminário  •  1.350 Palavras (6 Páginas)  •  870 Visualizações

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Conhecendo a Dislexia através de casos clínicos

O contato com Bruno confirmou o relato de seus pais, ele chega ressentido, sofrido e resistente a qualquer intervenção. Fala muito, muda de um assunto para outro, talvez se refugiando da exposição, do medo de novamente ser visto como incompetente e como um problema.

Durante a avaliação psicopedagógica, Bruno foi se sentindo acolhido e respeitado e vai contando sua história através dos resultados dos testes aplicados, de seus desenhos, de suas produções de textos, além de suas vivências e queixas que relata. Conta ter muita raiva por não ser o filho desejado, por criar problemas para os pais e que gostaria de agradá-los. Que não consegue mesmo prestar atenção às aulas, que sente muita dificuldade para copiar a matéria dada (seja da lousa ou a fala do professor), que até tenta estudar, mas se cansa e acaba desistindo. Diz detestar ler e escrever, os livros que a escola solicita, ele até tenta, mas não entende direito e deixa de lado e que não consegue mesmo entender nada de matemática.

Bruno quando arguido sobre seu sono se lembra de pesadelos recorrentes, onde é perseguido e encurralado por bandidos, acorda assustado e angustiado, o mesmo é apresentado nas temáticas de suas produções de texto: vivências de impotência e fracassos.

Após a testagem psicopedagógica e neuropsicológica, os exames complementares necessários, além da anamnese fornecida pelos pais e por ele mesmo, Bruno foi diagnosticado como portador de dislexia e pôde se beneficiar de um tratamento objetivando a superação de suas dificuldades, desenvolvendo as habilidades básicas num programa de reabilitação, além da orientação à família e escola.

Através da vivência de Bruno podemos ter consciência da importância de se tornar um bom leitor. Os problemas de leitura trarão consequências importantes na vida de um estudante, prejudicando grande parte de seu desenvolvimento e causando-lhe transtornos afetivo-sociais, podendo ocasionar desinteresse pelo saber, tornando a escola eterna fonte de conflitos. Ler é compartilhar histórias, emoções e conhecimentos, é interação, é autoconhecimento, e a educação formal se utiliza, sobretudo desta habilidade para ir sendo constituída.

Normalmente a criança adquire a habilidade de leitura/escrita sem maiores dificuldades e nos dois primeiros anos acadêmicos se apresentam aptas a utilizarem esses códigos como instrumento de comunicação e fonte de aprendizagem. Há outras, entretanto, que a alfabetização parece estar além de suas possibilidades, mesmo que não apresentem nenhuma causa que poderia justificar estas dificuldades, como baixo nível intelectual, ou problemas decorrentes de aspectos familiares, de escolas e/ou métodos inadequados.

Hoje compreendemos como e porque há crianças, jovens e adultos que se mostram ineficientes no ato de ler e escrever, o porquê de serem mais lentas na aquisição destas habilidades Hoje as neurociências, fortemente embasadas por anos de estudos e pesquisas e contando ainda com as neuroimagens, estabelecem o modelo da dislexia, compondo os sinais e sintomas de forma clara e segura, favorecendo desta feita o diagnóstico e tratamento eficiente e eficaz. Tânia Maria de Campos Freitas Maio/2013

A DISLEXIA NO ADULTO, SUA EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS

O adulto disléxico, do ensino médio até os bancos universitários, continuará desempenhando uma leitura mais lenta como sintoma principal, denotando uma automatização sim, mas não suficiente para a demanda da sua faixa etária e acadêmica. Apresentará real dificuldade para compreender o conteúdo lido, necessitando de várias leituras do mesmo texto ou que leiam para ele para entendê-lo.

A leitura oral tende a adquirir mais fluência, embora com entonação deficitária, sobretudo na prosódia e nas modulações. Apresenta pausas pela decodificação de palavras menos usuais, muito embora, exceto casos mais graves, já não se evidenciem as trocas severas da infância e adolescência. Hoje se sabe que o adulto disléxico não adquire a estratégia do “bom leitor”: a leitura interativa, que se apóia no significado do conteúdo expresso que o possibilitaria ler fazendo antecipações e verificações de hipóteses, dispondo de autorregulação mediada.

A lentidão decorre do fato de não ter o processo automatizado e por utilizar rotas neurais diferentes do leitor comum, que demandam tempo e esforço maior para atingir o mesmo objetivo. A compreensão normalmente ocorre pela ineficiência da leitura oral ou pelos problemas secundários adquiridos pela própria falta do hábito de leitura: a pobreza de vocabulário, pouco arquivo pessoal e pela ineficiente evolução do raciocínio crítico e interpretativo.

Na escrita, o disléxico adulto demonstra aquisição do código, mas possui dificuldades para se expressar adequadamente através desse código. Redigir é uma tarefa árdua, em que se sobressaem deficiência na utilização da linguagem formal que a vida adulta exige, tais como textos exíguos e muitas vezes pueris. O manejo formal é insatisfatório, não há alinhamento de margens, paragrafação e pontuação adequada. A ortografia é deficiente ao grafar palavras menos frequentes e que requerem múltiplas associações, apresentando trocas pedagógicas como s/c/ ss; c/ç; s/sc; ch/x; j/g etc.

Este é o panorama do quadro do disléxico adulto. Ele contará sobre um histórico de leitura e escrita sempre árduo e deficiente, sobre dificuldades escolares que vão se acumulando ao longo de sua vida, sobre aulas particulares que não supriram suas deficiências. Contará sobre resultados

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