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O QUE É O TRABALHO E SUA RELEVÂNCIA SUZANA ALBERNOZ

Por:   •  13/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.404 Palavras (6 Páginas)  •  199 Visualizações

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Estou me guardando para quando o carnaval chegar

Lançado em 2019, o longa é um documentário de Marcelo Gomes, com 85 minutos de narrativa, a qual retrata a vida dos moradores de Toritama que fica no interior de Pernambuco. Uma cidade de 40mil habitantes, a qual corresponde a vinte por cento da fabricação de todo o Jeans nacional. O jeans é conhecido como o ouro de Toritama. E neste filme, Marcelo revela uma parte do país a qual é desconhecida por muitos e ele nos mostra a intensidade do labor de todos daquela comunidade.

O documentário nos coloca naquele espaço, onde as pessoas acreditam serem empreendedores donos de seu tempo e de seus ganhos. Elas acreditam ali não haver alienação, acreditam que conseguem usar sua criatividade e valoriza sua produção. E é pelos olhos de Marcelo, que somos convidados a refletir sobre o capitalismo e a ilusão do ter.

Quando fazemos um link entre o documentário e o livro de Suzana Albornoz, O que é o Trabalho, identificamos trechos que nos conduz a reflexão. Ela traz na página 8. “O trabalho humano é uma atividade determinada e transformadora, mas, muitas vezes, penosa e, contudo, necessária. “Às vezes carregada de emoção, lembra dor, tortura, suor no rosto, fadiga. Noutras mais que aflição e fardo, designa a operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura”.

Em várias cenas do filme quando Marcelo perguntava se as pessoas  estavam felizes, sempre o que se ouvia era que sim, que o trabalho daquela forma dava sentido a elas e que a partir daquele trabalho as famílias estavam unidas no mesmo ambiente e proposito. E quando se perguntava se queriam mudar de vida, diziam que não, que aquilo ali era a vida de todos.

Acordar às 6h, iniciar os trabalhos na confecção às 7h, parada obrigatória para o almoço, retorno ao trabalho e depois outra parada obrigatória para janta, retorna ao trabalho e finaliza o dia por volta das 22h, e nesta sequência o cansaço tomou conta do corpo e o sono vem.

E se dizem livres, por não ter uma carteira assinada e ponto para bater. E este é o retrato de quase todas as confecções “facções como eles mesmo chamam”, onde existe trabalho para todos. Todos mesmo e estamos falando de crianças, adultos e velhos, todos tem uma atividade a cumprir. Suzana vai trazer nas páginas 35/36 “A alienação objetiva do homem do produto e do processo de seu trabalho é uma consequência da organização legal do capitalismo moderno e desta divisão social do trabalho”.

O longa retrata um diálogo que Marcelo conduz com a pessoa de “Leo”, que é um dos entrevistados e que com o desenrolar do filme vai demonstrando sua subjetividade, criatividade e assim conduz quase todo o documentário. Leo é a pessoa que quer vender uma moto 50 cilindradas para brincar o carnaval, mesmo tendo trabalhado muito, em muitas confecções, numa atividade digamos que insalubre,  e mesmo em outras tantas atividades, como por exemplo: ajudante de pedreiro na construção de um novo prédio, para uma nova confecção, a qual ele receberá como salário a oportunidade de gerir a confecção quando estiver pronta. Na página 40 Suzana vai trazer - “A força de trabalho é dada como uma mercadoria. Do esforço do operário é extraído um valor que deixa uma sobra aos interesses do capital, pois o salário do operário fica muito aquém do valor que ele cria para o mercado”. Na página 42 “é uma relação peculiar entre os homens e os objetos, na qual se unem o subjetivo e o objetivo, o particular e o geral, através do instrumento, a ferramenta”. Na página 43 “A produção do objeto pelo homem é ao mesmo tempo um processo de autoprodução do homem. No que produz, o homem se reconhece e é reconhecido; e reconhece a relação social, de dominação”.

Durante todo o documentário tivemos apenas um entrevistado que falou sobre a vontade e a preocupação dele de ter uma CTPS e direitos trabalhistas nela reconhecido, para os outros, no entanto é  até mesmo libertador não ter o controle do ponto. Mas existe um outro controle que é o controle da “produção”. Suzana vai falar na página 25 “O capitalismo monopolista da segunda metade do século vinte invadiu as regiões aparentemente marginais do terceiro mundo”.

Um entrevistado, revelou que teve um pesadelo, onde muitas calças jeans caiam sobre ele, descreveu o pesadelo como no momento do tombamento das calças, durante a lavagem delas no processo da máquina de lavar. Ele contou que este pesadelo se deu em um momento de exaustão, depois de um dia de trabalho repetitivo e condicionante podendo chegar à loucura.

Marcelo no documentário faz um paralelo no tempo de sua infância onde conheceu Toritama como cidade calma, simples e pacata, em viagens que realizava com seu pai  e ao retornar ali encontrou uma cidade num ritmo frenético e muito movimentada. Vamos perceber que o  som do ambiente, ou seja o som da cidade é sempre um som de máquinas. Suzana na página 27 “O homem do campo se dirige para a cidade em busca de emprego nesta produção moderna, que lhe acena com promessas de um serviço menos arriscado e dependente da natureza do que o labor do campo, e com possibilidades de usufruir do bem-estar que as cidades se vangloriam de possuir, embora não o ofereçam a todos”.

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