Antiofídico

J.P.S, 25 anos, trabalhador rural na região do triângulo mineiro, foi encaminhado ao centro de saúde referindo ter sido picado na perna por uma cobra enquanto cortava cana. O acidente correu há 12 horas. Ele relata intensa dor local, cefaléia e dois episódios de vômito. O membro encontra-se significativamente edemaciado, com presença de equimoses, hematomas e bolhas. Baseando-se na descrição do caso e os links sugeridos para pesquisa, identifique o gênero da serpente que causou o acidente e elabore um plano de atendimento à vítima, com orientações do que deve e não deve ser feito.

Resposta:

O gênero da serpente que ocasionou esse acidente é Bothrops ( Jararaca, Urutu, Jararacuçu, Caiçara, Cotiara e Urutu-Cruzeiro).

O plano de atendimento terá que ser imediato e rápido pela equipe de saúde local, verificando com a vitima se possível ou com o acompanhante da mesma detalhes específicos da serpente que o acidentou, essa informação devera ser coletada de forma que não se perca muito tempo, muitas vezes o paciente ou acompanhante não conseguem fornecer informações conclusivas, neste caso deve-se orientar pelo quadro clinico e pelas provas de tempo de coagulação (TC), após coletadas provas deve-se aplicar soro imediatamente, o tratamento especifico consiste a administração por via endovenosa do soro antibotrópico (SAB) e, na falta deste, das associações antibotrópico-crotalico (SABC) ou antibotrópico-laquetico (SABL) em ambiente hospitalar, se o TC permanecer alterado 24horas após a soroterapia, indicado dose adicional de antiveneno.

Deve-se estar sempre preparado para um eventual início de relação anafilática ou anafilactóide: ter a mão uma ampola de solução milesimal de adrenalina aquosa e uma seringa graduada de 1ml. Aos primeiros sinais de reação aplicar 0,3ml da solução, via subcutânea, repetindo, se necessário, em 10 a 15 minutos. Se o paciente for hipertenso ou cardíaco, não usar adrenalina, a não ser em casos muito graves; aplicar uma ampola de decadron EV ou similar endovenosa. Ter à mão também anti-histamínico e oxigênio.

Seguir o atendimento monitorizando alterações dos SSVV e principalmente respiração, para regressão do edema local da picada manter o membro em repouso com elevação do mesmo, realizar antissepsia no local acidentado prevenindo infecções secundarias, administrando antibioticoterapia se sinais de infecções e corrigir distúrbios eletrolíticos quando necessário, observando e quantificando o volume da diurese, mantendo um suporte de hidratação com volume entre 30 e 40ml/h, avaliar necessidade de profilaxia antitetânica.

Podendo ocorrer insuficiência renal, o paciente devera ficar internado de 3 a cinco dias. É contra indicado realizar incisões no local picado, garrotear o local, administrar soro via intramuscular usando sempre vias endovenosas. Manter cuidados especiais com grávidas.