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Edulcorantes

Por:   •  4/4/2015  •  Resenha  •  2.287 Palavras (10 Páginas)  •  570 Visualizações

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Principais edulcorantes utilizados no Brasil

De acordo com a legislação atual os edulcorantes permitidos para uso como adoçantes de mesa ou em alimentos e bebidas dietéticas são acessulfame de potássio, aspartame, ciclamato, sacarina, sucralose, esteviosídeo, eritritol, xilitol, lactitol, maltitol, neotame, taumatina, isomaltitol, manitol e sorbitol.

Ciclamato

O ciclamato é um edulcorante artificial largamente utilizado em produtos industrializados, como adoçantes de mesa, bebidas dietéticas, geléias, gelatinas, entre outros, sendo cerca de 30 vezes mais doce que a sacarose. Dentre suas características físico-químicas cita-se a solubilidade em água, sendo resistente à cocção prolongada e estável em ampla faixa de pH. Porém, apresenta sabor residual, sendo vantajoso, nesse sentido, sua associação com outros edulcorantes, como sacarina, aspartame e acessulfame-K (ARAÚJO, 2007).

O ciclamato pode aparecer em produtos em diferentes formas, como o ciclamato de sódio, ciclamato de potássio e ácido ciclâmico (BRASIL, 2008). Independente da forma apresentada, seu limite máximo de ingestão diária, segundo o Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA) é igual a 11 mg/kg de peso corporal.

Em relação ao seu metabolismo, foi descrito em 1966 a presença do metabólito ciclohexilamina na urina de cães e humanos após ingestão de ciclamato (KOJIMA, 1966). Tal metabólito foi relacionado com possível efeito tóxico, como aumento da incidência de câncer em bexiga de ratos, além de atrofia testicular, o que provocou maior atenção quanto ao seu uso como edulcorante em alguns países (ARRUDA, 2003).

Em 1970, a Food and Drug Administration (FDA), órgão governamental dos Estados Unidos responsável pela regulamentação dos produtos em questão, proibiu o uso do ciclamato em alimentos e bebidas dietéticas nos Estados Unidos. No Canadá, o ciclamato está disponível somente como adoçante de mesa, sendo proibido o uso em alimentos e bebidas (GOUGEON, 2004).Em alguns países, seu uso é permitido por legislação, como é o caso do Brasil (ANVISA, 2009).

Um estudo realizado por Takayama et. al. (2000), analisou o efeito da toxicidade em longo prazo com o ciclamato em primatas não humanos, demonstrou espermatogênese irregular e casos esporádicos de diferentes malignidades, concluindo não existir evidência de carcinogenicidade do edulcorante. Porém, algumas críticas foram feitas ao estudo em questão, pois o número de animais utilizados foi pequeno para alcançar um resultado significativo, além de não ter sido relatado, dentre os animais que apresentaram câncer, a presença de câncer de bexiga, já evidenciado em outros artigos (WEIHRAUCH, 2004).

Outro estudo sobre o efeito tóxico do ciclamato foi realizado por Andreatta et. al. (2008), que analisaram o consumo de adoçantes artificiais e tumores do trato urinário em 197 pacientes em um hospital na Argentina. O autor concluiu que o uso regular de adoçantes dietéticos em longo prazo (tempo igual ou maior que 10 anos) está associado positivamente com o desenvolvimento de tumores no trato urinário. Porém, um fator que deve ser levado em consideração em estudos com edulcorantes em humanos é o fato de existir no mercado uma associação entre substâncias, como ciclamato e sacarina. Tal fato se torna um viés no estudo quando se quer avaliar a toxicidade de um determinado edulcorante (WEIHRAUCH, 2004).

Sacarina

A sacarina foi o primeiro edulcorante artificial a ser sintetizado. Apresenta sabor cerca de 200 a 300 vezes mais doce que a sacarose. Dentre suas características inclui-se a estabilidade em temperaturas elevadas e em uma ampla faixa de pH, sendo solúvel em água. Em altas concentrações apresenta sabor residual amargo, sendo por isso associado ao ciclamato, elevando o poder de doçura (ARAÚJO, 2007).Sua ingestão máxima diária é de 5 mg/kg de peso corporal.

A sacarina é comercializada como edulcorante desde 1900 e pode ser encontrada sob a forma de sais de sódio ou cálcio, sendo a primeira a mais encontrada. Em relação ao seu metabolismo, cerca de 80% da substância é absorvida, sendo excretada inalterada (CÂNDIDO, 1996).

No Brasil, ela é permitida para uso em alimentos e bebidas dietéticas, sendo seu limite máximo estabelecido de 0,015 g/100 ml ou g de produto (BRASIL, 2008). No Canadá, a sacarina é somente permitida como adoçante de mesa, sendo seu comércio permitido apenas em farmácias. Nos Estados Unidos, a sacarina é permitida pela Food and Drug Administration (FDA).

Em 1970, alguns estudos apresentaram resultados que evidenciaram o aumento na incidência de câncer de bexiga em ratos decorrente de altas doses do edulcorante sacarina (BRYAN, 1970). Takayama et. al. (1998) ao estudarem o efeito do consumo de sacarina sódica em macacos, concluíram que não existir evidências substanciais do aumento na proliferação de células do trato urinário, excluindo, portanto, seu possível potencial carcinogênico. Porém, a dose utilizada na dieta dos animais (25 mg) foi menor do que o permitido por humanos o que representa um importante viés na pesquisa.

Whysner (1996) conclui com base na literatura que a sacarina sódica não é biotransformada, sendo negativa na maioria dos testes referente à genotoxicidade. O autor expõe a teoria de que existe uma série de fatores presentes no organismo de ratos, como a formação de um precipitado de fosfato de cálcio na urina, decorrente da presença de mucopolissacarídeos, os quais propiciam o potencial carcinogênico do edulcorante, sendo que o mesmo não ocorre em humanos.

Gallus et. al. (2007) realizaram um estudo caso-controle em indivíduos na Itália para averiguar a relação entre câncer e consumo de edulcorantes, incluindo a sacarina. Concluíram falta de associação entre o uso de sacarina e neoplasias.

Stevia

O esteviosídeo é um edulcorante natural, sendo um dos principais glicosídeos diterpênicos extraídos das folhas de Stevia rebaudiana (Bertoni), o qual é nativa do Estado do Paraná e algumas regiões do Paraguai. Esse glicosídeo encontra-se em maior quantidade nas folhas, apresentando um poder de doçura de 150 a 300 vezes maior que o da sacarose, com forte sabor amargo residual (GOTO, 1998).Quanto às suas características, apresenta-se com boa estabilidade ao calor e pH e possui baixa solubilidade em água (ARAÚJO, 2007). Outro glicosídeo também extraído da Stevia rebaudiana é o rebaudiosídeo A, sendo o segundo maior composto encontrado nas folhas, também com poder edulcorante.

Em relação ao seu metabolismo, a stevia é metabolizada pela microbiota intestinal transformada em steviol, excretada totalmente pelo organismo humano em até 24 horas (GARDANA, 2003). Um estudo de Geuns et. al. (2007) ao analisar o metabolismo da stevia em homens saudáveis, encontrou que não houve absorção pelo organismo da substância e que todo esteviosídeo atingido pelo cólon foi degradado por microorganismos em steviol, sendo esse metabólito encontrado nas fezes. Além disso, o autor não detectou a presença de outros derivados do steviol.

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