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Por:   •  26/4/2013  •  8.447 Palavras (34 Páginas)  •  292 Visualizações

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PSICOTERAPIA E CORPO. I – BIOPSICOTIPOLOGIAS **

Ricardo Amaral Rego **

INTRODUÇÃO

Mente, espírito, psiquismo, alma. Várias palavras, vários conceitos, todos girando em torno da busca de compreensão do que é esta capacidade humana de ter consciência de si e do mundo, de sentir e pensar, de imaginar, planejar e criar. Um dos temas recorrentes nas várias tentativas de entendimento desse assunto é o da relação entre o corpo e essa dimensão tão sutil e etérea, e ao mesmo tempo tão presente e importante. Muitas opiniões, velhas e novas polêmicas, e muito do mistério permanece, como se pode ver em recente artigo de Horgan sobre as possíveis explicações para o fenômeno da consciência. Não vou aqui retomar esta discussão em suas bases científicas, filosóficas e religiosas mais gerais. O que me interessa neste momento é examinar mais de perto a questão do corpo na psicoterapia, focalizando a atenção nos aspectos práticos de como é que se pode compreender e influenciar o impalpável a partir do palpável, o invisível a partir do visível.

. Esta preocupação tem duas origens. Uma é a dificuldade de se ter uma visão ampla da relação entre psicoterapia e corpo a partir dos diversos autores reichianos e neo-reichianos, dado que no aspecto técnico cada um privilegia questões diferentes, e no aspecto teórico eles divergem tanto que fica muito difícil juntá-los numa abordagem mais abrangente. Neste sentido, busco continuar um caminho iniciado em trabalhos anteriores (Rego, 1992a, 1992b, 1993; Gama e Rego, 1994), e avançar aqui mais alguns passos na direção de uma forma original e abrangente de conceber a relação entre psicoterapia e corpo, que permita uma base conceitual e operacional para uma integração das diversas abordagens existentes num todo coerente e articulado. Dada a vastidão do tema, a apresentação dar-se-á ao longo de diversos artigos, sendo este o primeiro.

Outra questão é o fato de este campo de trabalho ao qual me dedico ser chamado muitas vezes de psicoterapia de abordagem corporal, psicoterapia somática, ou mesmo simplesmente de psicoterapia corporal. E desde há um bom tempo eu venho me perguntando: Será que existe algum tipo de psicoterapia que não seja também somática, que não "aborde o corpo" de maneira alguma? Será que é possível dissociar tanto a mente e o corpo a ponto de se poder trabalhar apenas o mental? Ao fim destes artigos, acredito ser possível responder a tais questões, e desde já posso adiantar que no meu entender a resposta é NÃO.

Para fins de análise, podemos dividir o assunto em três itens básicos : a percepção do outro, a auto-percepção, e a intervenção sobre o corpo.

2. A PERCEPÇÃO DO OUTRO

A interação entre as pessoas vai muito além do mero intercâmbio verbal de idéias. Nossos órgãos sensoriais nos abastecem abundantemente de informações relativas ao corpo do Outro (forma, gestos, expressões, ruídos, tom de voz, cheiros) às quais atribuímos grande importância quanto à avaliação do que está ocorrendo nesse encontro.

* Publicado na Revista Reichiana 3. Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo, 1994, p. 24-43.

** fone (011) 283 3055 - fax (011) 289 8394

R. Alm. Marques Leão 785, S. Paulo, SP CEP 01330 – 010

E-mail: ric.rego@uol.com.br

Em psicoterapia reichiana existe um campo de estudos que tem sido chamado de Leitura Corporal, e que busca incorporar esses conhecimentos à prática clínica. Isso se dá basicamente de dois modos: a)correlacionando estruturas corporais crônicas, de longa duração, com características psíquicas estáveis (caráter, personalidade, temperamento), um campo denominado de Biopsicotipologia ou Fisiognomonia; e b)aprendendo a ler as expressões voláteis e continuamente mutáveis, o significado das posturas e gestos, o modo de ocupação do espaço e a distância, enfim tudo que surge na interação humana e que vai além da comunicação de idéias através de palavras, conhecendo o que tem sido estudado no campo da Comunicação Não-Verbal.

2.1.BIOPSICOTIPOLOGIA

Segundo Fernandez (p. 184), tipo é "todo modelo humano que se repete com muita freqüência. Segundo estejamos nos referindo às características morfológicas ou psicológicas, falamos de biotipos e psicotipos respectivamente. Há, além disso, tipologias sistemáticas de perspectiva mais ampla que, por abarcar ao mesmo tempo a morfologia e a psicologia, se denominam biopsicotipologias". Este campo de estudos tem sido chamado de Fisiognomonia por outros autores. Por exemplo, Darwin (p. 1) define Fisiognomonia como "a identificação do caráter através do estudo da forma permanente das feições".

Ou seja, através da biopsicotipologia ou fisiognomonia podemos deduzir características psíquicas a partir de traços anatômicos, e vice-versa, o que pode ser de grande utilidade na clínica psicoterápica e psiquiátrica.

2.1.1. HISTÓRICO

Desde há milênios a Leitura Corporal vem sendo utilizada na tentativa de decifrar pensamentos, sentimentos e intenções das pessoas. Segundo a Bíblia, até Deus a utilizava, como se pode ver na seguinte passagem, onde Ele se dirige a Caim: "Então o Eterno disse: - Porque você está com raiva? Porque anda carrancudo? Se você tivesse feito o que é certo, estaria sorrindo" (Gênesis, 4).

Eco (p. 45-53) nos apresenta um interessantíssimo ensaio sobre tentativas humanas de correlação entre Anatomia e Psicologia. Segundo ele, já Aristóteles se preocupava com o tema, e acreditava possível julgar a natureza dos homens e animais com base na forma do corpo. Como exemplo, Aristóteles citava o leão, que é corajoso e tem grandes extremidades, deduzindo daí que um homem com pés grandes e fortes seria igualmente corajoso.

Este tema seria mais tarde retomado por Della Porta, que em 1586 publica seu De humana phisiognomonia, onde faz correlações entre as faces de animais e rostos humanos, deduzindo daí semelhanças de temperamento e comportamento. O princípio no qual ele se baseava era a hipótese da existência de uma sabedoria divina organizadora que se revelaria nas formas dos homens, dos animais, das plantas e até dos corpos celestes.

Como bem aponta Muller-Freienfels (p. 71), esta prática é bastante disseminada hoje em dia, sendo freqüente dizer-se que alguém está se pavoneando, ou que tem um jeito bovino, ou que parece uma galinha ou perua. Ressalta ele que

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