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Reflexões

Por:   •  30/9/2015  •  Artigo  •  23.385 Palavras (94 Páginas)  •  112 Visualizações

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Técnicas de medição da produção da pastagem e planejamento alimentar em sistemas de produção a pasto

Adilson de Paula Almeida Aguiar

Prof. de pastagens e plantas forrageiras I e Zootecnia III (Bovinocultura de corte e leite), da FAZU, e de Agrostologia da Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba consultor de fazendas de leite e corte e de diretor da CONSUPEC.

I - Introdução

        A produtividade animal a pasto depende do valor alimentício da forragem que está sendo pastejada e da capacidade de suporte da pastagem. Neste trabalho iremos tratar apenas do fator capacidade de suporte, como calculá-la e como usar esta informação no planejamento da alimentação do rebanho ao longo do ano. A capacidade de suporte de uma pastagem pode ser definida como sendo, “a máxima taxa de lotação que proporciona que um determinado nível de desempenho animal, dentro de um método de pastejo, e que pode ser aplicada por determinado período de tempo sem causar a deterioração do ecossistema” (RODRIGUES e REIS (1997); PEDREIRA, (2002)). A taxa de lotação é dada em Unidade Animal (UA), que corresponde a 450 kg de peso vivo. A taxa de lotação pode estar acima ou abaixo da capacidade de suporte da pastagem, resultando em problemas de super-pastejo, ou de sub-pastejo. Nestas duas situações de manejo, a produtividade da pastagem é menor se comparadas com uma pastagem manejada na pressão de pastejo ótima. A pressão de pastejo é um termo que, quando colocado em pratica constitui em uma ferramenta poderosa na definição da produtividade da pastagem. A pressão de pastejo é dada em kg peso vivo por kg de matéria seca (MS) e é uma relação entre o numero de unidades animais ou unidades de consumo de forragem e o peso (MS) de forragem por unidade de área, em um ponto qualquer no tempo (PEDREIRA, 2002).

Na realidade das pastagens brasileiras, a taxa de lotação quase sempre está acima ou abaixo da capacidade de suporte, e as produtividades são baixas com ganho animal variando entre 100 a 150 kg de peso vivo/ano e produtividade de 60 a 180 kg de peso vivo/ha/ano. Só o manejo adequado destas pastagens já possibilita estabelecer metas de ganho animal de 150 a 210 kg e produtividade de 150 a 360 kg/ha/ano. Isto significa que o ganho por animal pode aumentar de 50 a 100% e o ganho/ha pode aumentar em mais de 100% apenas com praticas de manejo da pastagem. Uma das praticas para estabelecer bases para o manejo correto da pastagem é a estimativa da sua capacidade de suporte através de metodologias de mensuração da forragem disponível. Esta pratica não é adotada nas fazendas brasileiras e até poucos anos atrás também era um assunto pouco tratado nos trabalhos de pesquisa.  Segundo BARIONI et al., (1998), os métodos para planejamento e controle da medição de alimentos como, o orçamento forrageiro, são raramente utilizados no Brasil, porém permitem maior eficiência na administração produtiva e integração desta com o planejamento financeiro e comercialização.

        A essência do manejo da pastagem é atingir um balanço harmônico entre os três principais estádios de produção, quais sejam: o crescimento da pastagem, o consumo da forragem pelos animais e a produção animal resultante.  O planejamento alimentar de uma fazenda tem como principal objetivo determinar o balanço entre sobras e déficits de forragem produzida para o consumo dos animais (AMARAL, 2001). De posse da informação de qual é a produção da pastagem podemos calcular a sua capacidade de suporte, ou seja, quantas UA podem ser bem alimentadas em 1 hectare e daí tomar decisões e medidas para ajustar a pressão de pastejo.

        No Quadro 1 estão algumas medidas que podem ser tomadas pelo técnico e pelo produtor em situações de excesso ou falta de forragem para atender a demanda do rebanho.

QUADRO 1 - Exemplos de medidas para correção dos níveis de cobertura da pastagem

Cobertura acima da meta

Cobertura abaixo da meta

Comprar animais

Vender animais

Retardar a época de venda dos animais

Antecipar venda de animais

Fazer silagem ou feno

Suplementar

Roçar pastos passados e reduzir a adubação nitrogenada

Aumentar a adubação nitrogenada

Aumentar a pressão de pastejo (aumentar a velocidade de rotação/diminuir o período de descanso da pastagem)

Diminuir a pressão de pastejo (diminuir a velocidade de rotação/aumentar o período de descanso da pastagem)

Fonte:BARIONI et al., (1998)

O objetivo deste trabalho é fornecer algumas bases cientificas e de campo de metodologias para avaliar a produção e a produtividade da pastagem e dar subsídios para o planejamento alimentar das propriedades.

1. Medição da produção da pastagem

A medição da produção da pastagem é feita tanto no método de pastejo com lotação rotacionada como no com lotação continua. No método rotacionado as amostras são obtidas antes dos animais entrarem no piquete. O crescimento da pastagem é medido durante o período de descanso. Se o período de pastejo for de até 10 dias, o crescimento durante o mesmo poderá ser estimado pela simples extrapolação do crescimento durante o período de descanso. Quanto menor for o período de pastejo melhor será a estimativa (GARDNER, 1986).

 No método de pastejo com lotação continua a estimativa pode ser melhorada, mas não é perfeita. É comum o uso de gaiolas de isolamento para evitar o pastejo.  O mais simples é cortar a área coberta pela gaiola, descartar a forragem cortada, colocar a gaiola, permitir o crescimento da pastagem e cortar novamente para determinar a produção no final do período de pastejo ou de um determinado espaço de tempo, geralmente de 2 a 3 semanas. PEDREIRA (2002) concordou com outros autores que dentro da gaiola, o acumulo de forragem e os processos dos quais ele é resultante não é o mesmo que fora da gaiola, onde as plantas não estão excluídas do pastejo, mas argumentou que em situações onde não é possível cortar grandes proporções de área da unidade experimental durante a amostragem, o uso da técnica é de grande utilidade. Outro método requer duas áreas idênticas, uma das quais terá a forragem cortada e pesada. O crescimento é obtido pela diferença entre as produções das duas áreas. As gaiolas deverão ser removidas para uma nova área após a amostragem (GARDNER, 1986).

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