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Freaknomics

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Por:   •  3/11/2013  •  Resenha  •  2.280 Palavras (10 Páginas)  •  355 Visualizações

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Resumo do Livro

Freakonomics, o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta

Em um tempo em que estudantes e profissionais queixam-se do elevado grau técnico das discussões acadêmicas em Economia, surge um livro que busca, de maneira simples e irreverente, revelar as diversas possibilidades de aplicação da teoria econômica. É principalmente por esta razão que o lançamento do livro Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta, de autoria de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner deve ser saudado.

Recentemente, ocorreram esforços semelhantes ao dos autores. Por exemplo, o livro Sexo, drogas e Economia, de Diane Coyle (São Paulo: Futura, 2003), equivale a uma tentativa de apresentar uma introdução didática a temas pouco convencionais vistos sob o prisma da Ciência Econômica. Apesar desse texto possuir um certo apelo em certos trechos, pelas sugestões de aplicações criativas que fornece, não equivale a uma obra com o mesmo grau de articulação que Freakonomics.

À primeira vista, pode parecer que as situações abordadas por Levitt e Dubner beirem o trivial e tenham pouca importância em termos práticos. Entretanto, esta visão revela-se como enganosa a partir da leitura das primeiras páginas do livro. Além de seguirem uma linha agora tradicional em Economia – a de aplicar princípios econômicos às mais variadas situações da vida cotidiana, tradição esta iniciada por economistas como Gary Becker – os autores preocupam-se em confrontar explicações baseadas na chamada "sabedoria convencional". Este último termo é usado ao longo do texto para denotar idéias simples, convenientes e confortadoras, geralmente aceitas pela maior parte da sociedade, mas que não são necessariamente verdadeiras. Na verdade, essa definição do termo já fora empregada décadas antes por John Kenneth Galbraith, no seu conhecido livro A sociedade afluente (São Paulo: Pioneira, 1987 [edição original de 1958]. De certa forma, o fato dos autores basearem-se nos ensinamentos de autores com visões de mundo tão distintas como Becker e Galbraith apenas demonstra seu forte ecletismo intelectual.

Mas também se engana quem achar que a variedade inerente aos autores fica limitada a suas fontes. Tanto os tópicos abordados ao longo do livro quanto as formas de abordagem empregadas variam enormemente. Freakonomics é, por si só, uma exposição didática de algumas das mais interessantes contribuições em termos de Economia aplicada feitas nos últimos anos. O foco principal do livro são as contribuições do próprio Levitt, recipiente da Medalha Clark em 2003, um prestigioso prêmio acadêmico dado a economistas norte-americanos abaixo dos quarenta anos de idade. Assim como outros economistas laureados com essa premiação, Levitt tem como uma de suas principais características a criatividade, enxergando aplicações surpreendentemente simples de princípios econômicos aos mais variados fenômenos cotidianos (Dubner, Stephen J. The economist of odd questions: inside the astoningshingly curious mind of Steven D. Levitt. Documento disponível na Interntet: http://www.stephenjdubner.com/journalism/economist.html. e Magalhães, Matheus A. de. Criatividade em Economia: um guia idiossincrático, mimeo, fev. 2004). Ao longo da exposição relacionando algumas de suas contribuições, o leitor vai tendo contato gradual com contribuições adicionais de outros autores, que vão desde a análise econômica da criminalidade até explicações relacionadas ao baixo rendimento de crianças negras na escola, por exemplo.

Os autores iniciam o primeiro capítulo do livro tratando de um tema bastante atual: as origens da corrupção. Para tanto, exploram o papel fundamental dos incentivos e como esses podem, muitas vezes, acabar induzindo à trapaça nas mais diversas ocasiões. Os autores expõem distintas situações onde a corrupção pode estar presente. Por exemplo, devido a políticas educacionais mais exigentes, um professor do ensino fundamental pode decidir modificar as notas de seus alunos em testes padronizados, de modo a ter um bom desempenho perante seus superiores. Em um trabalho em co-autoria, Levitt criou um programa de computador capaz de detectar professores "trapaceiros". No caso, a partir das notas de turmas com desempenhos variados, os autores conseguem detectar os trapaceiros a partir de notas significativamente mais altas do que aquelas reportadas para turmas onde os alunos apresentavam um desempenho escolar abaixo da média. Na prática, o resultado desse empreendimento foi a demissão de alguns professores identificados como trapaceiros. Do mesmo modo, também foi possível identificar os melhores professores a partir do desempenho de seus alunos em testes padronizados. Em outra ocasião, os autores demonstram a existência de corrupção no sumô japonês a partir da análise de lutas "em impasse" (em que a derrota de um dos lutadores levaria a sua desclassificação no torneio). Os resultados obtidos demonstram que lutadores nessa situação tendem a sair vitoriosos em um número significativamente superior de lutas àquele que seria previsível em média, o que pode representar um sinal de conluio entre lutadores. Embora ainda recente, esse tipo de abordagem representa um esforço pioneiro de fornecer alguma evidência empírica referente ao fenômeno da corrupção, uma vez que a maior parte da literatura econômica relacionada ao tema nos últimos anos possui um caráter eminentemente teórico.

Problemas decorrentes de assimetria de informação são o tema do segundo capítulo. Nele, os autores demonstram a importância da informação, tanto na economia como na sociedade como um todo. O capítulo inicia com um relato breve e parcial da história da Klu Klux Klan, uma antiga instituição racista norte-americana. O relato é baseado na visão de Stetson Kennedy, inimigo declarado da Klan, com os autores ressaltando como a divulgação de informações relacionadas a essa instituição acabou sendo o fator responsável, em certo grau, por sua derrocada. Em seguida, é ressaltado o papel fundamental da Internet para diminuir a assimetria de informação existente em diversos mercados, como o mercado de seguros de vida e o de caixões, por exemplo. As explicações mais interessantes relacionadas a esses fenômenos estão no final do capítulo, no entanto. Nesse trecho, os autores atentam para a possibilidade de diversos especialistas aproveitarem-se do conhecimento privilegiado que possuem sobre os mercados onde atuam. Um exemplo nesse sentido seriam os corretores de imóveis. Sendo um grupo de profissionais que detêm informações privilegiadas em relação aos bens que ofertam, os corretores podem recomendar a seus clientes que vendam suas casas na primeira oportunidade que

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