O Novo Citroen

Este ensaio de Barthes (1915-1980) é dedicado ao Citroen DS, amplamente reconhecido como um dos melhores e mais belos carros de todos os tempos. Sem mencionar a performance do carro, o autor explora o que torna o DS (um jogo na palavra francesa "Déesse", para a deusa) um veículo tão incomum, chamando-o "primeiro e acima de tudo um novo Nautilus".

Na primeira linha do texto, Roland compara o automóvel às grandes catedrais góticas, poderemos então considerar a melhor explicação que já vimos do que torna os carros tão notáveis ​​e importantes. Como grandes catedrais em grandes cidades (mais na Europa do que nos EUA), elas são omnipresentes estando em segundo plano.

Os carros servem um objetivo prático, mas a maioria das pessoas aprecia-os do lado de fora. Raramente sabemos quem os concebeu e, talvez, também não interesse. (O DS, para registo, foi projetado por Flaminio Bertoni.)

Desde os anos 50, e especialmente nos últimos anos, os carros tornaram-se mais homogéneos e menos interessantes (embora também mais poderosos, confortáveis, seguros e confiáveis).

Mas a verdade que Barthes explorou em "Mitologias" é válida. Os carros são mais do que máquinas. São grandes criações culturais.

O autor descreve como o “tangível” está feito para se cruzar com o “etéreo”, o “material” com o “espiritual” através de uma convenção anual, onde a indústria apresenta, miraculosamente, o seu produto perante o público. Roland refere a mística do objecto: o mistério ambíguo da sua aparência – a suas linhas mágicas, o seu corpo “clássico” e o seu incontestável enigma.

Roland considera o design do Novo Citroen é suave e silencioso, o automóvel moderno revela a natureza de um mito que é milagrosa e benigna. A superfície e forma desafiam o toque, já com a sensação de movimento, implicando uma base ordenada e coerente. É como uma deusa (Déesse) que traz a ordem do céu para a terra - e prostitui-se a todos os pequenos-burgueses que podem pagar as prestações.