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A ERA DAS REVOLUÇÕES

Por:   •  16/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.400 Palavras (6 Páginas)  •  351 Visualizações

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A Era das Revoluções – 1789-1848: Revolução Francesa

“Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a influência da revolução Industrial Britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revolução Francesa”, afirma Eric Hobsbawm dando início ao terceiro capítulo de sua obra “A Era das Revoluções”.

A Revolução Francesa, um movimento de caráter essencialmente burguês e conjuntural, foi sediada por um país de politica absolutista, na qual, era então dirigido pelo rei Luís XV que governava com plenos poderes, possuindo ainda resquícios de regalias feudais.

Como já sabido, a sociedade francesa do século XVIII dividia-se por classes sociais, tendo como critérios para sua segregação poder econômico e privilégios junto ao Estado. Nessa pirâmide social, compunham o topo rei, clero e nobreza, sendo estes, exceto o rei, os Primeiro e Segundo Estados, respectivamente, seguidos do Terceiro Estado, a base da pirâmide, onde se encontravam a burguesia e o povo, Estado este que sustentava toda a sociedade – inclusive regalias da nobreza – com seu trabalho e pagamento de altos impostos.

Dito isso, deve ser lembrado que: a vida dos trabalhadores e camponeses se tornava cada vez mais miserável, por tal, desejavam melhores condições tanto socioeconômicas quanto de trabalho; a burguesia, por sua vez, detinha poder econômico, no entanto, era excluída da política e, por esta razão, reivindicava participação no governo. Somam-se a isto problemas com a colheita da época e uma forte crise econômica agravada pelos problemas financeiros da monarquia, que não conseguiu ser remediada com a tentativa fracassada de reforma entre 1774 e 1776, dada a estrutura fiscal e administrativa real extremamente obsoleta. Embora a extravagância de Versailles tenha sido amplamente apontada como culpada pela crise, segundo Hobsbawm (2009, p. 105), “os gastos da corte só significavam 6% dos gastos totais em 1778”. Não sendo o bastante, a França ainda envolveu-se no financiamento da guerra pela independência das Treze Colônias, atual Estados Unidos, o que foi o provável estopim para eclodir a revolução.

A crise instalada deu espaço para a aristocracia e aos parlements mostrarem seu poder, já que se recusavam a pagar pela crise caso suas exigências não fossem atendidas. Sendo assim, houve a primeira seção no absolutismo: foi convocada uma “assembleia dos notáveis” que, mesmo composta por rebeldes, tinha por objetivo discutir e satisfazer as exigências do governo. Num segundo momento, a segunda e decisiva brecha, como é referida por Hobsbawm, é convocado os Estados Gerais. Esta, uma tentativa da aristocracia de recapturar o Estado. No entanto, foi um ato falho e mal calculado, uma vez que se subestimou as intenções de independência do Terceiro Estado e a grave crise socioeconômica.

Mesmo com a atuação de outros grupos sociais da grande massa popular, são justamente os burgueses que possuem presença política e intelectual dentro do Terceiro Estado, e, foi com tal apoio popular, sendo estes a maioria, que a burguesia ganhou sua força na convocação dos Estados Gerais.

Assim como afirma Hobsbawm:

A Revolução Francesa não foi feita ou liderada por um partido ou movimento organizado, no sentido moderno, nem por homens que estivessem tentando levar a cabo um programa estruturado. Nem mesmo chegou a ter “líderes” como nas revoluções do século XX, até o surgimento da figura pós-revolucionária de Napoleão. Não obstante, um surpreendente consenso de ideias gerais entre um grupo social bastante coerente deu ao movimento revolucionário uma unidade efetiva. O grupo era a “burguesia”; suas ideias eram as do liberalismo clássico, conforme formuladas pelos “filósofos” e “economistas” e difundidas pela maçonaria e associações informais. (HOBSBAWM, 2009, p. 105).

Essa burguesia essencialmente comercial, liberal e emergente foi a precursora da revolução, tendo publicado suas exigências na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, que Eric Hobsbawm (2009, p. 106) se refere como “um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária”.

Com as tensões crescendo a cada dia na França, não demorou muito para que símbolos de poder fossem colocados abaixo pela população, pois, segundo o autor, “em tempos de revolução nada é mais poderoso do que a queda de símbolos” (HOBSBAWM, 2009, p. 110). Segue-se então a queda da Bastilha, símbolo maior do poder e autoridade real. O local foi destruído, colocado em ruínas, logo após ser saqueado. Este momento é resultado de uma contrarrevolução que transformou um movimento de massa em potencial para um movimento de fato.

Os reflexos da queda da Bastilha se alastraram pelo país, resultando no que se conhece por Grande Medo. O Grande Medo foi o período compreendido pós-queda da Bastilha a aproximadamente 1794.

Dando sequência à queda da Bastilha, finalmente a estrutura social feudal rural e a máquina de poder real estatal da França, ruíram. O que restou do Estado foi uma Assembleia Nacional sem poder de coerção, um regimento pouco confiável e diversas administrações municipais ou provincianas da classe média que se organizaram em “Guardas Nacionais” burguesas. Com o apaziguamento da situação política, a classe média e a aristocracia aceitaram oficialmente a abolição de todos os privilégios feudais. Apenas em 1793 é que chegou ao fim, de fato, o feudalismo. Ainda neste mesmo ano, a revolução tomou como manifesto formal a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. No entanto, como era de se esperar, a resistência do rei – a qual Hobsbawm refere-se como estupidez costumeira (p. 111) – e setores revolucionários da classe média, temendo pelas consequências do movimento popular, encontraram um momento oportuno para o conservadorismo.

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