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A Geografia Econômica Internacional

Por:   •  19/11/2018  •  Resenha  •  2.058 Palavras (9 Páginas)  •  250 Visualizações

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Prova 2 – Geografia Econômica Internacional

Aluno: Gabriel Shinji Kumm Kuriyama                                   Matrícula:17101541

Questão 1

O processo de reprodução do capital, naturalmente, está inserido em um contexto geográfico. No capítulo A geografia disso tudo do livro Enigma do Capital, David Harvey demonstra as evidências de um desenvolvimento geográfico desigual como regra da complexa dinâmica de acumulação do capital mundial. Assim, as transformações nos espaços já existentes, bem como a criação de novos, refletem a lógica segundo a qual se reproduz o sistema capitalista conduzido pelo Estado e pelo Capital.

A transcendência à barreiras geográficas e a concorrência pela localização privilegiada, para Harvey, continuam a ser um aspecto relevante para a compreensão da lógica capitalista de poder. O autor atenta sobre a necessária e, portanto, constante dinâmica de “descobrir novos caminhos” para a absorção do excedente de capital. Assim, a competição e a busca pelos superlucros, segundo Harvey, forçam indústrias a se deslocarem para lugares onde a produção é possível com menores custos, seja de mão-de-obra, insumos ou tecnologia, ou ainda onde há alto potencial consumidor. A função do Estado nesse cenário, entretanto, é seguir a lógica territorialista de poder, garantindo abertura ao investimento e à acumulação de capital dentro de suas fronteiras nacionais e, logo, gerando a heterogeneidade dos espaços. Apesar de divergir do caráter internacionalista do Capital - já antecipado por Marx -, a diferenciação promovida pelo ente estatal é parte integrante essencial do funcionamento do sistema.

O caso dos EUA, a partir da segunda metade do século XX, exemplifica as possíveis mudanças do espaço e das relações sociais após o deslocamento de inúmeras indústrias para a China, em que cidades americanas inteiras perdem o motor da economia local e começam a enfrentar inúmeros problemas socioeconômicos. Por outro lado, milhões de cidadãos chineses saem do campo para serem empregados a baixíssimos salários na área urbana. Evidencia-se, assim, a dominação capitalista que, ao longo da história, corroborou a formação de uma rede global interconectada onde não há movimentação do trabalho, apenas do capital, criando novas geografias para o lugar a que se destina como também transformações para o local de onde partiu, carecendo da diversidade espacial.

        Infere-se que a visão da geografia econômica sobre a ocupação dos espaços, o aluguel e valor da terra, assim, devem receber proeminência analítica. Em suma, a paisagem geográfica, para Harvey, é moldada por uma tensão perpétua entre as economias de centralização e os lucros potencialmente elevados decorrentes da descentralização e da dispersão das crises cíclicas. A exemplo disso, estão os ganhos especulativos crescentes com investimento em rendas sobre terra e valores de propriedade, responsáveis por organizar espaços propícios à absorção do capital que, consequentemente, intensificam a diversidade geográfica.

Por fim, cabe ressaltar a compreensão de Harvey acerca da produção do espaço e da geografia como reveladoras da natureza do sistema capitalista. A ação do capital, em colaboração com o Estado, é imprescindível para a análise da circulação e acumulação de capital que corrobora a equalização geográfica prevalecente a partir diferenciação espacial constante entre regiões produtivas e não-produtivas, definidas conforme o interesse de acumulação de capitalistas e a autopromoção de governos.

Questão 2

No capítulo A destruição criativa da terra, David Harvey explana o resultado da geografia da expansão do capital ao redor do mundo, bem como as consequências ambientais e as transformações da natureza, fruto da busca incessante por mais lucros especulativos, as quais produziram a chamada “segunda natureza” - natureza remodelada pelo homem- e a paisagem geográfica da acumulação do capital.

O processo de destruição criativa da terra, segundo David Harvey, é um artifício para o capital conseguir se desfazer da absorção do excedente encontrada nas formas rugosas do espaço e reproduzir o capitalismo. Para o autor, esse processo de reconstituição espacial implica na construção de novas geografias ou em uma correção geográfica. Desse modo, a paisagem geográfica da acumulação do capital está em perpétua evolução, em grande parte sob o impulso das necessidades especulativas de acumulação adicional (incluindo a especulação sobre terra) e, só secundariamente, tomando em conta as necessidades das pessoas.

Nesse sentido, Harvey aponta os dois principais agentes sistêmicos do nosso tempo: o Estado e o Capital. Ao longo da história, Harvey relembra que os imperialismos, as conquistas coloniais, as guerras internacionais e as discriminações sociais sempre foram marcas expressivas da geografia capitalista. Sendo assim, o ente estatal, quando não colabora ativamente, é conivente com as demandas expansivas do capital, pois se utiliza da abertura a investimentos externos e captação de capitais para fomentar a economia nacional e, para tanto, age segundo a “lógica imperial” de controle e gerenciamento de áreas.

Para o geógrafo econômico, o comando sobre o espaço, assim, é sempre uma forma fundamental de poder social. Impulsionadas pela produção, distribuição e consumo, as constantes demandas à reprodução do capital exigem a adequação de um espaço fixo à fluidez do capital móvel. Para Harvey, variadas reorganizações drásticas e prejudiciais ao espaço são concomitantes a redistribuição da riqueza e o redirecionamento do fluxo de capital para o benefício das potências hegemônicas. A aliança entre poderosas corporações visa criar a denominada “coerência estruturada” informal, que em última instância, desempenha um papel crucial na organização territorial para acumulação ilimitada de capitalistas.

A destruição criativa na terra, desenvolvida pelo autor no capítulo sete, portanto, passa pela criação e recriação constante das relações espaciais para as interações humanas, que é uma das façanhas mais notórias no sistema capitalista. A criação das formas territoriais de organização social, de construções locais, foi fundamental para a transformação da natureza pela humanidade. Enfim, tendo em vista à ação coletiva, pessoas e organizações juntam-se a fim de formarem associações territoriais que procurem gerir espaços sobre sua égide ao longo da história.  

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