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É Possível Capitalismo Sustentável?

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Por:   •  11/8/2014  •  Projeto de pesquisa  •  4.864 Palavras (20 Páginas)  •  215 Visualizações

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Capítulo 14

o RENASCIM ENTO NA ITÁLIA

O Stato

ORenascimento é importante na história da Europa e do . mundo, tanto do ponto de vista geral e cultural quanto, especialmente, pela evolução do conceito de Estado e

das relações entre Estados. O Renascimento foi essencial- mente um fenômeno italiano.

A contribuição básica do Renascimento italiano ao sistema de Estados foi feita durante o século de 1420 a 1527. Evidentemente, porém, suas origens remontam à Idade Média e à Antiguidade Clássica, e fora da Itália ele continuou durante muito tempo. No ano de 1420, o papa Martinho V, ele próprio um nobre romano, marchou sobre Roma e pôs fim ao cisma do papado e dos papas alternativos em Avinhão. Em 1453, os turcos otomanos capturaram Constantinopla, fazendo que um grande número de estudiosos gre- gos fugisse, sobretudo para a Itália, e assim vieram a ajudar a revi- ver os ensinarneutos gregos clássicos, o que constituiu um dos aspectos mais importantes do Renascimento. Em 1492, Colombo, um italiano de Gênova a serviço do Reino de Castela, "navegou pelo azul do oceano" e descobriu o Novo Mundo e, em 1498, o português Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, eliminando o Mar Mediterrâneo dessa rota. Essas descober- tas tiveram imensas conseqüências para a Europa e para as relações entre suas comunidades. Um resultado foi deslocar a Itália de sua

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posição de foco da cristandade latina, mas o Renascimcnto italiano terminou antes que os homens disso se dessem conta. O saque de Roma pelo imperador Hahshurgn, em I527, finalmente estabeleceu

a longa dominação da Itália pela Casa de Habsburgo e pelos fran- ceses, que durou até o século XIX.

Aconteceu que, durante um século após 1420, os outros pode- rosos governantes da Europa Ocidental permaneceram absorvidos em seus próprios assuntos. Houve uma diminuição de intensidade, que durou cem anos, nas intervenções francesas e imperiais na Itália, as quais haviam sido a marca dos séculos anteriores e que recomeçavam após esse período de cem anos. Durante aquele sé- culo, também os turcos otornanos estavam aumentando, de forma pressagiosas suas forças no Oriente, mas ainda não estavam fortes o suficiente para ameaçar a Itália. A península foi deixada em grande medida por conta de si mesma.

A essência do Renascimento foi o humanismo. O significado da palavra modificou-se com o tempo, como o de tantas outras. No Renascimento, humanismo significava não mais ver Deus como a medida de todas as coisas, mas concentrar a atenção no homem e em suas realizações potenciais. Há dois aspectos do Renascimento que nos dizem respeito. Um deles foi o acesso direto à experiência clássica, especialmente a grega, que havia estado acessível somente

a poucos europeus ocidentais, e somente com roupagens cristãs. O outro foi a difusão de um espírito liberal de investigação e de um sentimento de quc o homem podia e devia pensar as coisas nova- meu te.

Repentinamente, na Itália daquele século, um grande número de homens e aJgumas mulheres usaram sua imaginação, tanto no conhecimento quanto nas artes. Havia tremendas especulações sobre a verdadeira natureza do mundo e sobre a finalidade do ho- mem neste, absolutamente livre dos eusinamentos da cristandade, que até então haviam inspirado e limitado tais especulações. De modo semelhante, havia uma busca irrcírcada da beleza, das novas formas que haviam sido recuperadas por meio de escavações do que sobrara elas civilizações grega e romana, vestígios que na épo- ca abundavam em toda a Itália. Como o homem era então a medida das coisas, a beleza e a verdade estavam especialmente ligadas às proporções do corpo e da mente humanos, tal como ocorrera lia

Grécia Clássica. Os hurnanistas não se importavam se a forma do corpo e as idéias da mente fossem antiéticas ou indecentes segundo os padrões cristãos. Na Idade Média, a pergunta fora se uma coisa era certa ou errada; agora era se Lima coisa era verdadeira ou falsa, bela ou feia, eficaz ou inútil. Um novo espírito de realismo telúrico e novas fórmulas científicas eram aplicados à pintura e à política, à guerra e à arte do Estado.

Os humanistas do Renascimento, todavia, ao descartar a cris- tandade medieval, apaixonaram-se pela Grécia e pela Roma anti- gas. Os homens nem sempre vêem com realismo objetivo aquilo por que se apaixonam. Assim, os hurnanistas, que eram realistas em outros assuntos, não o eram quanto à sabedoria dos antigos. Parecia-lhes algo tão novo, tão belo, tão profundo, que alguns dela se embriagaram. Politicamente, os humanistas italianos eram mais atraídos pelo modelo ela cidade-Estado da Roma republicana que pela memória ela autoridade e da segurança universais do Império, que haviam sido altamente valorizadas na Idade Média. Da Grécia, amavam os ideais, os ensinamentos e as artes do período das cida- des-Estados, porque eles próprios viviam em cidades-Estados.

A Itália naquele século era, na verdade, notavelmente semelhante à antiga Hélade.

O caráter excitante, a animação e o entusiasmo da descoberta do Renascimento italiano pagaram um preço. O sentido ele libera- ção, a busca elo realismo, da beleza, do mundo clássico, eram a ocupação e o interesse de uma pequena elite culta. Na Idade Mé- dia, todas as pessoas, ele príncipes a camponeses, por mais dife- rentes que fossem seus modos de vida, tinham em comum um conjunto de crenças. Numa catedral medieval, como a de Chartres, o fogo das cores, a noção de irnponência, as histórias da Bíblia contadas em quadros, impressionavam todas as pessoas da mesma maneira, e pareciam uma antecipação do paraíso. O Renascirnento criou uma nova classe culta, com valores diferentes cios das demais pessoas. No entanto, o movimento produziu, dentro dessa classe de elite, uma nova unidade de cultura, de finalidade e de técnicas; e à medida que se espalhou para além dos Alpes, na França e na In- glaterra, na Alemanha e na Espanha, levou junto essa unidade da elite. O pintor, o filósofo, o poeta, o aventureiro, não estavam em estado de rebelião contra a sociedade, não eram deixados à morte

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