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Crônicas De Luis Fernando Veríssimo

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Por:   •  25/7/2013  •  1.378 Palavras (6 Páginas)  •  641 Visualizações

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"O Luiz Fernando Veríssimo escreveu uma crônica hilariante

sobre a Páscoa. Foi um diálogo absurdo entre um menino, seu

pai e sua mãe, sobre o sentido dessa festa. A crônica termina

com uma observação justíssima do menino. Disse ele: "Eu acho

que ao invés de "coelho da Páscoa" deveria ser "galinha da

Páscoa..." Pois é claro. Todo mundo sabe que coelhos não

botam ovos. E todos sabem que galinhas botam ovos...

Confesso minha ignorância: não sei como é que o coelho entrou

nessa estória. Para início de conversa é preciso lembrar que

os textos sagrados não fazem referência alguma a esse

animalzinho fofo. Quem foi que teve a idéia de torná-lo o

personagem mais importante dessa celebração cristã?

Certamente um gozador. E para tornar a estória mais absurda,

fizeram com que os coelhos, que não botam ovos, botassem ovos

de chocolate... Nos tempos de Jesus Cristo havia chocolate?

Acho que não. Galinhas não são seres poéticos. Na poesia elas

sempre aparecem como bichos engraçados, cacarejantes, de

inteligência curta, cuja única função é botar ovos e serem

transformadas em canja. Assim é compreensível que vocês não

gostem da idéia de galinhas de Páscoa. Eu também não gosto.

Mas poderia ser "pombas de Páscoa". Pombas são seres

teológicos. Começando com a Arca de Noé. A se acreditar no

relato do Antigo Testamento Noé, para se certificar de que o

dilúvio acabara, soltou um corvo. Confesso que se eu fosse

Noé teria adotado um método mais simples. Teria aberto a

janela da arca e esticado o pescoço para fora. Eu veria,

então, que a chuva havia terminado e que as plantas já

estavam soltando os seus brotos. Será que Noé acreditava que

o corvo, depois de voar, voltaria para dar um relatório? Como

é que o corvo comunicaria os seus achados? O corvo ingrato

não voltou. Desde então eles ficaram aves de má fama,

injustamente. Vendo que o corvo não voltava e sem se dar

conta do método mais fácil que sugeri, ele soltou uma pomba.

Ah! Ave maravilhosa! Voou, viu, apanhou um ramo verde de

oliveira, e o trouxe para Noé! É preciso notar que as

oliveiras daqueles tempos extraordinários deveriam ser

diferentes das oliveiras de agora. As oliveiras de agora

certamente estariam mortas, depois de passar tanto tempo

debaixo d'água. Oliveiras não são plantas sub-aquáticas. Foi

então que, pelo galho de oliveira que a pomba lhe trouxera,

Noé ficou sabendo que o dilúvio havia chegado ao fim. Desde

então as pombas passaram a ser símbolos teológicos: símbolos

de pureza, símbolos de paz. Uma das telas mais comoventes de

Picasso é uma menina com uma pombinha nas mãos. De fato as

pombas têm um jeitinho de mansidão. O que não acontece com os

corvos negros de bico torto. Bom para os corvos, mau para as

pombas. As pombas passaram a serem usadas como aves a serem

sacrificadas no templo pelas razões mais incríveis. Se não me

falha a memória as mulheres, terminado seu período menstrual

de impureza, deveriam sacrificar pombas no templo para se

purificarem. Pobres pombas! O templo era uma sangüeira. Quem

quiser saber mais sobre a sangüeira do templo que leia o

livro de Saramago, "O evangelho segundo Jesus Cristo". Os

corvos, pela esperteza do primeiro corvo que não voltou,

ficaram livres desse triste destino. Vem então o Novo

Testamento que sacraliza definitivamente as pombas, ao

relatar que o Espírito Santo é uma pomba. Sobre isso leia-se

o poema de Alberto Caeiro em que ele conta como Jesus voltou

à terra, tornado outra vez menino. É lindo.

Brincadeira de lado, o embaraço dos pais e a pergunta do

menino revelam a confusão que marca essa festa. Ninguém sabe

direito o que é que está sendo celebrado. E, para dizer a

verdade, acho que são bem poucos aqueles que fazem alguma

celebração. Antigamente semana santa era coisa séria. Lembro-

me da procissão do enterro, os panos roxos, a banda de música

tocando a marcha fúnebre de Chopin, as matracas, as mulheres

mais piedosas carregando pedras na cabeça, como penitência...

Isso mesmo: as mulheres carregavam pedras na cabeça. Como é

bem sabido, Deus gosta de ver os seus filhos e filhas sofrer.

Isso para não dizer da quaresma que a antecede, tempo em que

as hostes do mal, demônios de todos os tipos, assombrações,

...

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