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Trabalho De Portugues Modernismo

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Por:   •  21/3/2014  •  1.769 Palavras (8 Páginas)  •  995 Visualizações

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Modernismo (Terceira Geração)

Contexto

O ano de 1945, que assinala o início da terceira fase do Modernismo, é dos mais marcantes da história da humanidade. Nessa data, com as explosões atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasáki, terminava a Segunda Guerra Mundial e começava um período de reestruturação geográfica, política e econômica que dividiu o mundo em blocos capitalistas, sob a liderança dos Estados Unidos, e comunistas, guiados pela ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Essa divisão, da qual o muro de Berlim foi o maior símbolo, conduziu os rumos das políticas e economias mundiais até o final dos anos de 1980. O medo de novos ataques nucleares alimentou a chamada "guerra fria", que opôs países capitalistas e comunistas ao longo das décadas seguintes.

No Brasil, 1945 é o ano da queda de Getúlio Vargas - que voltaria ao poder, pelo voto popular, em 1950, onde permaneceu até suicidar-se, em 1954. No plano literário, 1945 é o ano da morte de Mário de Andrade (1893-1945), principal figura do Modernismo, e da publicação de O Engenheiro, livro de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) que apresenta características inovadoras do fazer poético. Cabral fez parte da chamada "geração de 45", grupo de poetas que propôs, entre outros princípios, a retomada do rigor formal. É também a data do I Congresso Brasileiro de Escritores, que ocorre em São Paulo e atesta a maturidade do sistema literário brasileiro. Surgem novas revistas literárias em todo o país, dentre as quais se destacam a paulista Clima, para a qual escrevem os críticos Antonio Candido e Décio de Almeida Prado, a cearense Clã, a carioca Orfeu, a curitibana Joaquim, a mineira Edifício. Nas revistas e jornais, a crônica vive fase brilhante. Rubem Braga (1913-1990) e novos escritores mineiros, como Paulo Mendes Campos (1922-1991) e Fernando Sabino (1923-2004) renovam o gênero, exercitado pelos grandes prosadores e poetas do período.

O país vivia uma época de democratização política e de desenvolvimento econômico, que se tornou intenso durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), cuja propaganda oficial prometia um avanço histórico de "cinqüenta anos em cinco". Os Planos de Metas de Juscelino para a modernização do país resultaram em impressionante crescimento industrial, que aumentou os empregos e a renda dos brasileiros. O desenvolvimento, as grandes realizações, como a construção de Brasília, e a estabilidade política contribuíram para criar a atmosfera de otimismo dos chamados "anos dourados".

A indústria editorial foi bastante beneficiada pelo desenvolvimentismo de JK. Uma série de medidas, entre elas a isenção de impostos sobre o livro e a criação de subsídios para a indústria de papel nacional, levou a um expressivo crescimento do setor editorial, que em 1962 chegou a produzir 66 milhões de livros. Os principais editores do período, José Olympio (1902-1990) e José de Barros Martins, continuaram a editar autores nacionais, alguns dos quais, como Jorge Amado, tiveram obras vendidas em larga escala.

Nas cidades, que cresciam em ritmo acelerado, os telefones se tornavam mais comuns e os televisores começavam a se fazer presentes. Os automóveis, símbolos do governo JK, tomavam as ruas e competiam com os ônibus. Os produtos norte-americanos, importados ou produzidos pelas multinacionais que chegavam ao país, modificavam o cotidiano: Coca-Cola, eletrodomésticos e chicletes passaram a fazer parte da vida das pessoas, assim como o rockn?roll e outros elementos culturais que caracterizavam o "american way of life", cada vez mais admirado pelos brasileiros.

Para muitos setores da sociedade, essa "invasão americana" não era nada positiva, e as críticas ao modelo econômico de Juscelino, que procurara atrair capitais estrangeiros, foram se intensificando. Em 1960 Jânio Quadros foi eleito presidente da República, o primeiro a tomar posse em Brasília, recém-inaugurada. Mas seu governo durou menos de sete meses: em agosto de 1961 ele pediu a renúncia, lançando o país em uma grave crise política, que terminaria por levar ao golpe militar de 1964. Durante esses primeiros anos da década de 1960, a insatisfação popular com o modelo econômico aumentou, e intensificaram-se os movimentos reinvidicatórios. As Ligas Camponesas, no Nordeste, as organizações operárias e sindicais, no Sudeste, e até mesmo alas da Igreja Católica se mobilizaram por mudanças sociais.

Os estudantes, principalmente os universitários, se tornaram cada vez mais participantes do jogo político. O ensino superior crescera, com a criação das Universidades Federais, e nas faculdades o ambiente era de questionamento do regime e da ideologia dirigente, de criação de novos projetos econômicos e políticos, de crença num ideal revolucionário que transformasse a realidade nacional. Essa efervescência intelectual e contestadora, aliada à enorme valorização da cultura brasileira, resultou, no campo artístico, na criação do Teatro de Arena e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes - UNE, entre outros movimentos.

O CPC da UNE organizou e publicou, em 1962, a antologia Violão de Rua, que traz novas propostas poéticas e encerra, para a historiografia literária, a terceira fase do Modernismo. Mas apenas para a historiografia, já que poetas da Geração de 45 continuaram produzindo, assim como os concretistas, ambos os grupos convivendo com os novos autores que surgem nos anos de 1960. Para a crítica Luciana Stegagno Picchio, apesar das diferentes correntes literárias a que se filiavam seus integrantes, "a nova geração saída da guerra sente o compromisso para com a sociedade e a sua atitude é mais crítica do que inventiva. O intelectual abre-se para a interdisciplinaridade enquanto conjuga em si, como amiúde ocorre, o poeta e o crítico literário, o ficcionista e o sociólogo; vira-se para o diálogo e o exige. E não só isso; recupera do passado remoto e recente ou ainda seleciona da contemporaneidade aquilo que lhe é realmente contemporâneo. (...) Da justaposição de experiências literárias distintas e contraditórias, emerge o significado que tem, para as novas gerações, o termo "moderno", ou melhor, "contemporâneo". Que não está nos conteúdos, mas no modo pelos quais esses conteúdos se enfrentam. Nesse plano, não há mais fratura ideológica entre o poeta concretista que trabalha, aparentemente por puro hedonismo, o seu material lingüístico, o artista pós informal, o poeta folk, o cineasta psicólogo de indivíduos e da sociedade, o crítico estruturalista e o escritor comprometido. Porque todos exercem uma atividade crítica, de

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