A Prevenção de Perdas e Gestão de Riscos

Até o início dos anos 90 o segmento do varejo tinha, em sua gestão financeira, a principal fonte para obtenção de lucros. Essa ope- ração se baseava na negociação com fornecedores de prazos elásticos para pagamento das compras. Como o mercado de crédito ainda era promissor, as mercadorias eram, em sua maioria, adquiridas à vista pelos clientes, podendo o varejista disponibilizar o volume de dinheiro dos caixas diretamente para o banco e, obtendo dessa forma, a remune- ração do seu capital investido.

Com o fim dessa ciranda financeira, em razão da implantação do Plano Real, ocorreu a estabilização da moeda. Dessa forma, os vare- jistas passaram a se preocupar com as operações que pudessem gerar eficiência na redução de despesas e recuperação dos lucros.

Aliada a questões econômicas, a competitividade de mercado também é um fator preponderante para essa nova visão de negócio, no qual as margens de lucro passaram a ficar cada vez menores.

A soma desses fatores fez com que as empresas fossem obri- gadas a “olhar para dentro”, isto é, a gestão de processos, pessoas e pro- dutos tornou-se prioridade na pauta de decisões das empresas.

Esse novo modelo de gestão permitiu a identificação das causas que influenciam diretamente na redução dos lucros; surgiu-se, então, a preocupação com as PERDAS.

“PERDAS” é o resultado da diferença entre estoques contábil e físico, apurados na ocasião do inventário físico de mercadorias e, tendo como principais causas, furtos interno e externo, fraudes interna e de terceiros, erros administrativos, quebras, deficiências etc. Essas perdas são conhecidas como “perdas de estoque”, que serão analisadas nos próximos capítulos.

Além das perdas de estoque, há outros tipos de perdas que impactam diretamente no resultado da empresa, como as perdas finan-

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MANUAL DE PLANEJAMENTO

ceiras, comerciais, administrativas e de produtividade, as quais também serão tratadas nos próximos capítulos.

Hoje a prevenção de perdas é tratada como metodologia e área de trabalho vital para o resultado da empresa. Grandes varejistas esta- beleceram, em seu organograma, a prevenção de perdas com status de diretoria e vice-presidência. Outra mudança no cenário diz respeito à leitura do resultado que é proporcionado à empresa, passou de uma área de despesa para uma área geradora de LUCRO.

Várias são as metodologias aplicadas na prevenção de perdas. Dentre elas, a principal é a modelagem de processos internos com obje- tivo de identificação de vulnerabilidades, análise de melhores práticas e implantação de planos de ação em razão dos riscos identificados.

Alinhando esses conceitos, o gerenciamento de riscos corpora- tivos, como posicionamento estratégico, possui bastante similaridade com a prevenção de perdas, aliás, a própria perda é uma conseqüência da concretização de um risco. Esse livro se baseia na apresentação dessas metodologias para implantação no varejo e demais segmentos de mercado.

O assunto prevenção de perdas, apesar de relativamente novo, já possui suas raízes implementadas nos processos executados, princi- palmente no grande varejista.

Em contrapartida,