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A VERSATILIDADE DA FRUTA PÃO

Por:   •  23/8/2018  •  Artigo  •  5.482 Palavras (22 Páginas)  •  237 Visualizações

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A VERSATILIDADE DA FRUTA-PÃO

ROLDI, Norma de Toledo[1]; YUNG, Heloiza Cordeiro[2]; SILVA, Janaina Cardoso[3]; BASTOS, Gabriel Gomes[4].

RESUMO

No Brasil, a fruta-pão é uma fruta pouco conhecida. O consumo deste fruto ocorre nas regiões Norte e Nordeste, regiões em que a renda familiar é baixa e, muitas vezes, inexistente. Industrialmente, a polpa é aproveitada como fruta seca e farinha panificável, sendo usada também como fonte de extração de amido e de farinha granulada. Em uso caseiro, a polpa quase madura pode ser cozida, assada, transformada em purê ou cortada em fatias, consumida frita (como se fosse batatinha), com manteiga, com mel ou com melaço. No intuito de demonstrar a versatilidade da utilização da fruta-pão na gastronomia brasileira, o objetivo desta análise foi mostrar que esta pode ser utilizada em diversos tipos de pratos culinários. Assim, foi apresentado um menu degustação que contou com uma entrada, um prato principal e uma sobremesa. Em um primeiro momento, a metodologia de pesquisa empregada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica com base em estudos científicos publicados e, depois, foi utilizada a pesquisa experimental. Foram realizadas três preparações com a utilização da fruta-pão, fazendo uso de diferentes técnicas. Como resultado, surgiu um menu degustação: o empadão de camarão como entrada; o Fettuccine com ragu de cordeiro como prato principal; e o brigadeiro de chocolate, como sobremesa. A partir disto, foi mostrada a versatilidade da fruta-pão para uso na gastronomia. Desta forma, a fruta-pão foi utilizada com o fim de demonstrar a utilização deste insumo em diversos pratos da gastronomia, incentivando o cultivo da fruta-pão em todo o país.

Palavras-chave: Aproveitamento. Fitoterapia. Brasil. Gastronomia. PANC.

1 INTRODUÇÃO

A fruta-pão é originária da região da Indomalásia, principalmente das ilhas de Java e Sumatra. É cultivada em todas as ilhas do continente asiático e em regiões de todo mundo. Apesar de ser, segundo Calzavara (1987), uma das mais importantes frutas alimentares do mundo, sendo considerada base alimentar de inúmeras Ilhas do Oceano Pacífico, a fruta-pão foi introduzida no Brasil no século XIX, e o seu cultivo é comum em toda região tropical úmida, norte do estado do Espírito Santo e norte da Bahia.

A fruta-pão pertence à família Moreácea, gênero Artocarpus. É uma árvore de crescimento rápido atingindo em média 25 a 30 metros de altura. Existem duas variedades: uma contém sementes e a outra não contém. Esta última que não contém sementes é conhecida como   fruta-pão sem sementes ou fruta-pão de massa. Trata-se de uma fruta de 15 a 20 cm de diâmetro, com peso que pode atingir de um a três quilos, sendo um fruto de massa muito apreciado. O fruto seco é aproveitado para fabricação de raspas e farinhas. Uma fruta-pão alimenta até cinco pessoas em uma família. No Nordeste brasileiro, a fruta-pão de massa é a mais apreciada: a polpa, quando cozida ou assada, apresenta um paladar bastante semelhante ao da batata doce e da macaxeira[5], sendo consumida em forma de purê ou em fatias fritas, como a batata (CALZAVARA,1987).

Importante mencionar que a fruta-pão é uma Planta Alimentícia Não Convencional (PANC), o que a difere no trato por alguns autores, como Kinupp e Lorenzi (2014). Diante deste contexto, de que maneira a fruta-pão muito produzida na região Nordeste e ainda pouco consumida em outras regiões do país, pode fazer parte de cardápios da gastronomia brasileira integrando pratos que sejam atrativos para os comensais?

O objetivo deste trabalho é contribuir para a utilização da fruta-pão na gastronomia, de modo que se torne convidativa para os comensais[6], integrando receitas, seja por seu alto valor nutritivo ou por seu aproveitamento total.

Para tal finalidade, este texto encontra-se dividido em seis tópicos. O primeiro versa sobre a fruta-pão e a aplicação total do alimento, relatando um pouco da história, relevância de seu estudo e aproveitamento, por intermédio da pesquisa bibliográfica. O segundo tópico relata o seu aproveitamento e o uso da mesma na gastronomia e na fitoterapia. O terceiro, aborda os conceitos de PANC e, com isso, ressalta a importância de colocá-la na preparação de um prato gastronômico, do uso dessa PANC e propõe que a mesma seja consumida aplicando técnicas gastronômicas, resgatando sua importância na cultura popular. O quarto, apresenta material e métodos. No quinto tópico, apresenta-se os resultados e as discussão dos testes feitos para o alcance do objetivo, e, por último, no sexto tópico, a conclusão.

2 A FRUTA-PÃO

Morton apud Sacramento (1987) alega que a fruta-pão possa ser nativa de uma vasta área que se estenderia da Nova Guiné, por meio do Arquipélago Indo-Malaio, até o Oeste da Micronésia, e, a partir daí, teria sido migrada pelas áreas do Oceano Pacífico (MORTON, 1987 apud SACRAMENTO et al., p.188, 2009).

De acordo com Corrêa apud Sacramento (1926), a fruta-pão foi introduzida no Brasil no século XIX, sendo encomendada pelo governador do Pará, Dom Francisco de Souza Coutinho, que foi quem a teria encomendado de Caiena, em 1801. O mesmo teria enviado, por duas vezes, para o governador do Maranhão, Dom Diogo de Souza, sementes e mudas de fruta-pão, estas últimas, provavelmente da variedade sem sementes. A fruta-pão chegou ao Rio de Janeiro somente em 1809, graças ao interesse do Rei Dom João VI por ela, que a recebeu, junto a outras plantas, enviadas de Caiena pelo governador interino, Brigadeiro Manoel Marques. Essa árvore frutífera adaptou-se muito bem às condições do Rio de Janeiro, sendo citada pelo botânico alemão Karl Friedrich Phillip Von Martius, na sua visita ã capital em 1819.

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